Vem, doce morte. Quando queiras. Ao crepúsculo, no instante em que as nuvens desfilam pálidos casulos e o suspiro das árvores — secreto — não é senão prenúncio de um delicado acontecimento.Quanto queiras. Ao meio-dia, súbito espetáculo deslumbrante e inédito de rubros panoramas abertos ao sol, ao mar, aos montes, às planícies com celeiros refertos e intocados.
Quando queiras. Presentes as estrelas
ou já esquivas, na madrugada com pássaros despertos, à hora em que os campos recolhem as sementes e os cristais endurecem de frio.
Tenho o corpo tão leve (quando queiras)
que a teu primeiro sopro cederei distraída como um pensamento cortado pela visão da lua em que acaso — mais alto — refloresça. |
Henriqueta Lisboa
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