O professô dos menino
Fala, fala chega estronda!
Querendo qui eu acredite
Qui a terra seja redonda.
Não, senhor, num acredito
Nunca pude acreditá
Qui viva assim todo mundo
Andando em cima duma bola
Sem nunca iscorregá!
Vós mincê preste atenção,
Um monstro cuma é o trem!...
Se a terra fosse redonda,
Iscorregava tombém.
Ele só diz qui a terra
Veve solta no espaço
Rodando num canto só
Sem tê nada de embaraço.
Muvimenta... muvimenta
E nunca descansa um pedaço,
E qui é as volta qui ela dá
Qui serve pra controlá
A frieza e o mormaço.
Num acredito!... não! não!
Qué sabê cuma é a terra
Na minha maginação?
É um prato feito de barro
Mal feito mais bem grandão!
Emborcado em riba d’água
N’uma firme pusição,
Cum a gente morando in riba
Cum toda satisfação.
Vou prová cuma é mermo
Vou dá toda a insplicação:
Quando Deus fez este mundo
Mandou a terra secá,
Mandou se juntá as água
E foi assim qui fez os má.
E se a terra fosse doida
Rodando pra se acabá,
Tinha derramado as água
E era até pirigoso
O próprio Deus se afogá.
Tá certo ou num tá?!
Os home religioso
Gostun de dizê a gente
Qui tem um tal de inferno
De fogo qui é munto quente
Qui vai pra dentro desse fogo
As alma dessas pessoa
Qui num vão munto decente
Desses home priguiçoso
Qui num quere trabaiá;
Dessas muié vaidosa
Qui usun as roupa curta
Qui é do juêio pra lá;
Qui usun outras safadage
Fazendo a gente pecá
Dispois tudo morre
Vai morá nesse lugá
Debaixo desse arguidá.
Agora eu aviso os home
Qui pras muié são ingrato
Tombém aviso as muié
Qui andun de ponta-de-pé
Mode os sarto do sapato;
Dão zunhada e esconde as unha
Fazendo a moda de gato
Se morrê nesses pecado
Vão pra debaixo do prato!...
Alberto Porfírio
Extraído do Livro: "Poetas Populares e Cantadores do Ceará", de Alberto Porfírio
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