No Vaticano, cada ação, e até mesmo cada gesto, por banal que possa parecer, inclui também uma mensagem, um aviso para navegantes mais ou menos subliminar. E a decisão sem precedentes do papa Francisco de ordenar a detenção – à luz do dia e expondo as graves acusações – do ex-arcebispo polonês Josef Wesolowsky, acusado de abusar sexualmente de menores enquanto foi núncio na República Dominicana, inclui duas sérias advertências aos setores mais retrógrados da Cúria, os mesmos que agora se entrincheiram para impedir qualquer abertura – a volta aos sacramentos dos divorciados casados de novo –, mas permaneceram cegos, surdos e mudos durante décadas de abusos.
A primeira advertência de Jorge Mario Bergoglio é que, agora sim, acabou a frouxidão – para não dizer a cumplicidade – com os crimes de pedófilos. A segunda é a garantia de que, ainda que se removam os alicerces de São Pedro, ninguém, por mais importante que seja, vai se salvar de ser julgado por fatos tão graves.
Pablo Ordaz, El País
Nenhum comentário:
Postar um comentário