Você me acorda no meio da noite
e eu que navegava tão distante
cravada a
proa em espumas
desfraldados os sonhos
afloro de repente entre as paradas
ondas dos lençóis
a boca ainda salgada mas já amarga
molhada a
crina
encharcados os pêlos
na maresia que do meu corpo
escorre.
Cravam-se ao fundo os dedos do desejo.
A correnteza
arrasta.
Só quando o primeiro sopro escapar
entre os lábios da
manhã
levantarei âncora.
Mas será tarde demais.
O sol nascente terá
trancado o porto
e estarei prisioneira da vigília.
Marina Colasanti
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