sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A ilusão do fim da nossa história

Dois estudos que se debruçam sobre quem somos e como nos comportamos passaram despercebidos em meio a festas, fogos e folguedos da virada de ano.
O primeiro foi publicado na última edição de dezembro da revista americana “Science” e se debruça sobre a percepção que temos de nós mesmos. Uma equipe chefiada por Daniel T. Gilbert e Jordi Quoidbach, da Universidade de Harvard, e Timothy D. Wilson, da Universidade da Virginia, submeteu mais de 19 mil pessoas entre 18 e 68 anos de idade a um questionário que gira em torno de uma mesma pergunta: o quanto cada pessoa avalia ter mudado no decorrer dos últimos dez anos, e o quanto ela acha que mudará ao longo da década seguinte.
O resultado foi além do esperado. Independentemente da faixa etária dos respondentes, todos garantiram ter tido outros valores, preferências e personalidade no passado. Todos também declararam poder afirmar que mudarão pouco no futuro.
A essa autopercepção do estágio presente os autores do estudo deram o nome de “ilusão do fim da história”, alicerçada na tendência humana em superestimar quem somos no presente.
Segundo um dos psicólogos de Harvard envolvidos no projeto, a surrada frase “Gostaria de ter sabido na época o que sei hoje”, pensada ou pronunciada com variações mundo afora, é o espelho dessa visão que temos de nós mesmos e que nos proporciona satisfação e sensação de propósito. Inversamente, a noção de que nossos valores e preferências atuais são apenas transitórios gera forte ansiedade, e por isso tratamos de nos convencer de que já alcançamos nosso potencial de evolução pessoal.
A pesquisa visou a avaliar o quanto nossa satisfação com o presente depende de nossa capacidade de viajar mentalmente no tempo — para trás e para a frente.
Leia a íntegra clicando aqui
 
Dorrit Harazim, O Globo

Nenhum comentário: