Dois estudos que se debruçam sobre quem somos e como nos comportamos passaram
despercebidos em meio a festas, fogos e folguedos da virada de ano.
O primeiro foi publicado na última edição de dezembro da revista americana
“Science” e se debruça sobre a percepção que temos de nós mesmos. Uma equipe
chefiada por Daniel T. Gilbert e Jordi Quoidbach, da Universidade de Harvard, e
Timothy D. Wilson, da Universidade da Virginia, submeteu mais de 19 mil pessoas
entre 18 e 68 anos de idade a um questionário que gira em torno de uma mesma
pergunta: o quanto cada pessoa avalia ter mudado no decorrer dos últimos dez
anos, e o quanto ela acha que mudará ao longo da década seguinte.
O resultado foi além do esperado. Independentemente da faixa etária dos
respondentes, todos garantiram ter tido outros valores, preferências e
personalidade no passado. Todos também declararam poder afirmar que mudarão
pouco no futuro.
A essa autopercepção do estágio presente os autores do estudo deram o nome de
“ilusão do fim da história”, alicerçada na tendência humana em superestimar quem
somos no presente.
Segundo um dos psicólogos de Harvard envolvidos no projeto, a surrada frase
“Gostaria de ter sabido na época o que sei hoje”, pensada ou pronunciada com
variações mundo afora, é o espelho dessa visão que temos de nós mesmos e que nos
proporciona satisfação e sensação de propósito. Inversamente, a noção de que
nossos valores e preferências atuais são apenas transitórios gera forte
ansiedade, e por isso tratamos de nos convencer de que já alcançamos nosso
potencial de evolução pessoal.
A pesquisa visou a avaliar o quanto nossa satisfação com o presente depende
de nossa capacidade de viajar mentalmente no tempo — para trás e para a
frente.
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Dorrit Harazim, O Globo
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