Quando meus pais eram milionários, morei alguns anos no Rio de
Janeiro onde estudei economia na PUC. Frequentava o Fiorentina só para
ver os artistas e músicos que jantavam ali. Semana passada voltei lá e
relembrei com antigos amigos cariocas algumas histórias maravilhosas.
Como por exemplo o caso de Ary Barroso, que uma noite chegou lá mais
cedo e jactou-se de ter acabado de convencer uma freira a se encontrar
com ele. Explicou que ela acabara de sair do convento depois de 5 anos
para visitar a família pela primeira vez, e a encontrara pouco antes na
av. Copacabana vendo vitrines. Mas estava preocupado com sua performance
futura: “- Olha só, antigamente quando eu mijava as bolinhas de
naftalina do banheiro pulavam de alegria. Hoje em dia elas nem se
mexem”. Daniel Filho resolveu a parada. Deu a Ary uma pomada japonesa
que comprara de um camelô que era tiro e queda. E lá se foi Ary para sua
aventura...até a noite seguinte, quando voltou decepcionado. “- Ah,
meus amigos, tanto a freira como a pomada eram falsificadas”.
Os amigos da mesa contaram que Norma Benguell (frequentadora
assídua), no momento de filmar aquela antológica cena do filme “Os
cafajestes”, onde produziu o primeiro nu no cinema nacional, menstruou e
foi necessário entupi-la de algodão. Confessado por ela na mesa ao
lado.
Mas o que mais me tocou foi a história de Rita Hayworth (lembram de
“Gilda”?), uma das maiores atrizes americanas da época. Ela veio passar o
carnaval no Rio de Janeiro e foi ficando, ficando, a ponto de já não
ser mais uma sensação. Aliás, aqui no Brasil até o Papa, se demorar além
da conta passa a ser um qualquer.
Pois bem, Rita começou a frequentar as noites do Fiorentina com
assiduidade, e depois de algum tempo foi vista sozinha, numa noite
chuvosa, esperando pacientemente na calçada por um taxi. Toda molhada.
Nunca houve uma mulher tão solitária como ela naquela noite.
O Fiorentina continua o mesmo desde os anos 60. Mudaram-se os
artistas e morreram os garçons do meu tempo. Pensando bem acho que os
artistas que o frequentavam já devem ter morrido também.
Mas não esqueço de um favorito nosso, que morava no prédio ao lado, muito simpático e atencioso; Ted Boy Marino. Lembram dele?
Marcos Pires
Do blog do Tião
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