Não é fácil
entender alguém que recusa um presente de um amigo. Às vezes, um amigo-da-onça
de cor rosa. Mas agi assim.
È preferível
dizer, sempre, a verdade. Para Frei Betto, deve-se ser como Jesus Cristo: “Não
era de seu feitio ficar aparando arestas para maquiar a própria imagem.”
O amigo
comprara para mim uma prancheta que tinha, na parte superior, uma máquina de
calcular. Vi logo a grande utilidade que teria o presente no meu consultório
pediátrico: estou sempre às voltas com cálculos de doses de medicamento.
Passados
alguns instantes, o amigo disse-me:
— Só há um problema: é
rosa!
Naquele momento cai na
real. Olhei de um lado, do outro — e já tendo agradecido o presente (de cor
rosa) —, coloquei a prancheta debaixo do braço e fui embora.
O fato de não querer
utilizar a prancheta gerou em mim uma grande vontade de achar uma de outra cor.
Qual não foi a minha
surpresa quando, numa papelaria de João Pessoa, minha noiva encontrou uma de
cor azul. Dei pulos de alegria!
Quando falei pro amigo
do ocorrido, ele disse-me sem pestanejar:
— É bom e é azul!
Adauto Ferreira de Almeida Neto
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