domingo, 12 de novembro de 2017

É bom, mas é rosa



Não é fácil entender alguém que recusa um presente de um amigo. Às vezes, um amigo-da-onça de cor rosa. Mas agi assim.
È preferível dizer, sempre, a verdade. Para Frei Betto, deve-se ser como Jesus Cristo: “Não era de seu feitio ficar aparando arestas para maquiar a própria imagem.”
O amigo comprara para mim uma prancheta que tinha, na parte superior, uma máquina de calcular. Vi logo a grande utilidade que teria o presente no meu consultório pediátrico: estou sempre às voltas com cálculos de doses de medicamento.
Passados alguns instantes, o amigo disse-me:
                        — Só há um problema: é rosa!  
                        Naquele momento cai na real. Olhei de um lado, do outro — e já tendo agradecido o presente (de cor rosa) —, coloquei a prancheta debaixo do braço e fui embora.
                        O fato de não querer utilizar a prancheta gerou em mim uma grande vontade de achar uma de outra cor.
                        Qual não foi a minha surpresa quando, numa papelaria de João Pessoa, minha noiva encontrou uma de cor azul. Dei pulos de alegria!
                        Quando falei pro amigo do ocorrido, ele disse-me sem pestanejar:
                        — É bom e é azul!

 Adauto Ferreira de Almeida Neto





                                                                                            

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