Se meu desejo mais antigo é o de
pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações?
Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não
posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu
pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são
solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É
como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de
presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não
querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção,
evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os
meus sentimentos.
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