domingo, 5 de abril de 2015

Idealismo

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo! 
O amor da Humanidade é uma mentira. 
É. E é por isto que na minha lira 
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor!Quando virei por fim a amá-lo?! 
Quando, se o amor que a Humanidade inspira 
É o amor do sibarita e da hetaira, 
De Messalina e de Sardanapalo?! 
Pois é mister que, para o amor sagrado, 
O mundo fique imaterializado 
— Alavanca desviada do seu fulcro — 
E haja só amizade verdadeira 
Duma caveira para outra caveira, 
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Augusto dos Anjos

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