Discoteca

“A discoteca tomou o mundo em 1977, na esteira do filme Os embalos de sábado à noite. Mas o gênero já existia desde o início dos anos 1970 — o primeiro artigo a citar a palavra disco foi publicado em 1973, na revista Rolling Stone. Muito anos de o mundo conhecer John Travolta e seu paletó branco, artistas como Isaac Hayes, Barry White, George McCrae, The Hues Corporation e vários nomes do mítico selo Philadelphia Internacional, como MFSB, Harold Melvin & the Blue Notes e The O’Jays, já haviam gravado faixas com as características da discoteca: uma música feita para dançar, com vocais cheios de reverb e em falsete, arranjos orquestrais, uso freqüente de ritmos latinos na percussão e um clima de celebração coletiva. A discoteca era filha do funk de James Brown, Sly and the Family Stone, George Clinton e Stevie Wonder, da soul music de Aretha Franklin, Marvin Gaye, Otis Redding, Curtis Mayfield e de tantos outros gênios dos sons negros.

        “Em seu livro sobre a história da música negra nos Estados Unidos, A Change is Gonna Come, Craig Werner escreve: ‘A discoteca nasceu de dois movimentos revolucionários e distintos do fim dos anos 1960. Musicalmente, se desenvolveu a partir de vários estilos de música black dançante: o funk polirrítmico inspirado em James Brown e George Clinton e a soul music acelerada da gravadora Philadelphia Internacional. Socialmente, suas raízes estão nas lutas pelos direitos dos gays, que ganharam força depois do conflito de Stonewall, em 1969'. Stonewall era um bar gay em Nova York, onde, pela primeira vez, os homossexuais decidiram resistir à repressão policial que ocorria frequentemente no local. O embate violento durou vários dias e foi considerado um marco histórico do movimento gay nos Estados Unidos, A discoteca foi o primeiro gênero musical a celebrar o lifestyle gay, tanto em letras sexualmente explícitas quanto na democracia sexual que reinava nas pistas, onde gays e héteros se misturavam.”

(BARCINSKI, André. 1977: Na nossa festa vale tudo — A discoteca sacode o Brasil. In: ____. Pavões misteriosos: 1974-1983: a explosão da música pop no Brasil. São Paulo: Três Estrelas, 2014, pp. 87-88.)

Sugestão de postagem do amigo Adauto Neto