Na manhã de hoje soube de seu falecimento. O velho amigo
partira antes do combinado deixando em todos os seus amigos uma enorme lacuna e
um remanso de saudades.
Betinho é uma dessas pessoas que não morrem, se encantam. Um
homem culto por natureza. Tive com ele momentos memoráveis de admiração,
brincadeira e respeito. A sua inteligência o fazia um homem do povo. Era comum encontrá-lo
no centro da cidade em longas conversas com populares de todas as classes
sociais e de todos os credos.
No auge de nossa juventude, participamos com ele e outros
amigos de intermináveis saraus poéticos e até musicais nas madrugadas da velha
praça centenária de Pombal-PB. Ao seu lado, realizamos inúmeros eventos
culturais durante a XX Semana Universitária de Pombal e a ele sempre recorríamos
quando o assunto era literatura, cinema, música e tudo mais que envolvesse o
mundo artístico e cultural.
O titulo de Doutor pela Universidade Federal da Paraíba não
foi suficiente para fazer-lhe alterar o sua rota de simplicidade. De short,
camiseta e chinelo de dedos ele estava sempre ali ao nosso alcance. Mas, agora
ele resolveu partir.
Acredito que a nossa existência apenas coincide com a vida
até quando a matéria pára de funcionar. A vida, entretanto, pode continuar
depois da existência. Ela se mantém na forma das memórias represadas no coração
e nas mentes daqueles que ficam.
A morte verdadeira, definitiva, inevitável, somente vem muito
depois do fim da existência. Ela somente aparece quando a última pessoa que se
lembra, esquece-se daquele que se foi. Nesse ponto, finalmente a morte encontra
o fim da vida. De certo, estamos condenados a viver somente uma vida, mas
certamente continuaremos em pé, pulsante, presente e eternizado na existência
que construímos na lembrança de cada um de nós.
Caro amigo, avante! Vamos enfrentar o vento desse moinho do
tempo alimentando a sua história.
Teófilo Júnior
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