Indivíduos com propensão genética a engordar
acumulam mais gordura do que os outros ao consumir alimentos fritos com
frequência
Os resultados de um estudo publicado nesta
terça-feira (18) mostram que a ingestão frequente de fritura (mais de quatro
vezes por semana) tem o dobro de impacto no índice de massa corporal (IMC) de
pessoas com propensão genética a engordar do que para pessoas com risco menor.
Em outras palavras, a genética de um indivíduo pode turbinar os efeitos de uma
dieta inadequada.
Sabe- se que tanto o consumo de alimentos fritos
quanto certas variantes genéticas estão associadas à adiposidade (concentração
de gordura no corpo). No entanto, a interação entre esses dois fatores de risco
em relação ao IMC e obesidade não havia sido estudada.
Uma equipe de pesquisadores norte-americanos,
liderados por Lu Qi, professor assistente da Escola de Saúde Pública de Harvard
e do Hospital Brigham and Women's analisou a interação entre o consumo de
fritura e o risco genético ligado à obesidade em mais de 37 miol homens e
mulheres que participam de três grandes testes.
Os pesquisadores usaram questionários de
frequência alimentar para avaliar o consumo de alimentos fritos e um escore de
risco genético com base em 32 variações genéticas conhecidas associadas ao IMC e
à obesidade.
Foram estabelecidas três frequências de consumo
de alimentos fritos: menos de uma vez por semana, de uma a três vezes por
semana, e quatro ou mais vezes por semana. Os escores de risco genético variaram
de 0 a 64 e aqueles com uma pontuação mais elevada tinham um IMC mais
elevado.
A altura e o peso dos participantes foram
avaliados no início dos testes. Informações sobre estilo de vida, como prática
de atividade física e tabagismo, também foram coletadas.
Os pesquisadores descobriram interações
consistentes entre o consumo de alimentos fritos e escores de risco genético
ligados ao IMC.
Entre os participantes com maior risco genético,
as diferenças entre o IMC dos indivíduos que consumiam frituras quatro ou mais
vezes por semana e aqueles que consumiam menos de uma vez por semana foram de
1,0 kg/m2 em mulheres e de 0,7 kg/m2 em homens.
Para os participantes com os escores mais baixos
de risco genético, as diferenças foram de 0,5 kg/m2 em mulheres e de 0,4 kg/m2
em homens.
Os autores ressaltam que os resultados podem ter
sido afetados por outros fatores não medidos ou desconhecidos, apesar de terem
sido ajustados para vários fatores de estilo de vida.
No entanto, eles acreditam a associação entre o
consumo de alimentos fritos e a adiposidade pode variar de acordo com as
diferenças de predisposição genética. E vice-versa: as influências genéticas
sobre a adiposidade podem ser modificadas pelo consumo de frituras.
"Nossos resultados ressaltam a importância de se
reduzir o consumo de alimentos fritos na prevenção da obesidade, particularmente
em indivíduos geneticamente predispostos", diz Lu Qi.
"Este trabalho oferece uma prova da interação
entre risco genético e meio ambiente na obesidade", escreveram as especialistas
Alexandra Blakemore e Jessica Buxton, do Imperial College de Londres, em um
editorial.
Elas acreditam que o resultado não deve
influenciar políticas públicas de saúde, visto que a recomendação de evitar
fritura vale para todo mundo. Por outro lado, elas ressaltam que a
informação
Por outro lado, eles ressaltam que a informação
genética pode ser muito útil para o tratamento de formas "monogênicas" de
obesidade, quando a doença é causada por alterações em um único gene. Para elas,
seria uma vergonha ignorar a genética no tratamento da obesidade, portanto é
importante que mais estudos sejam feitos para ajudar a estratificar os pacientes
para fornecer cuidados e tratamentos adequados.
Fonte: UOL
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