Louco que ainda exista esse fetiche todo acerca da virgindade, não é?
Repare no caso dessa mocinha Catarina (na foto), 20, do estado da santa
homônima. Sim, a que está leiloando a virgindade pela internet.
O lance faz parte de um documentário de um cineasta australiano. Leia
detalhes aqui.
Ela já recebeu ofertas de até US$ 155 mil.
Tem um homem na parada também: Alexander Stepanov, 21, igualmente virgem e
também em leilão na rede. O donzelo é russo e tem sido bem disputado.
No meu tempo não tinha essa moleza toda. A gente é que pagava, nas casas da
luz vermelha, para tirarem nosso selo de virgindade. “Para tirar o queijo”, como
se diz em alguns lugares do Nordeste.
Mas o que interessa aqui é a catarinense. Uma fofa, uma linda. Para
completar, moça sábia e romântica, com a filosofia de Henry Thoreau como
mantra:
“A opinião alheia é um fraco tirano se comparada com a nossa opinião sobre
nós mesmos”, citou.
A transa com o vencedor do leilão será nos ares, durante um voo, como a cena
clássica do filme Emanoelle no avião.
O caso me fez lembrar de Ana Paula, que em 1991 rifou seu corpo, em Juazeiro
do Norte. Objetivo: ir para São Paulo.
O cordelista Abraão Batista, um dos melhores do país, assim narrou o
episódio: “Botou o corpo na rifa,/ pra uma noite no motel;/ com isso a
rapaziada/ ficou como mosca no mel;/ dizem que entrou na rifa/ de menor a
bacharel”.
Um mecânico foi o sorteado. Como não pagou o bilhete antes da corrida,
conforme prometido, não teve direito ao prêmio. Sorte da moça.
O enredo acabou inspirando um curta de ficção, o “Rifa-me”, com roteiro de
Simone Oliveira Lima e direção de Karim Aïnouz.
Em 2006, o mesmo diretor cearense lançou “O céu de Suely”, filmaço que usa um
mote parecido com o da mulher rifada.
Voltemos à virgem Catarina. O leilão moderno, com lances virtuais e ritmo de
Big Brother, não passa de um repeteco dos antigos leilões realizados nos
lupanares Brasil afora. Maluquice sem fim, amigo, o eterno retorno da
história.
Como diz o título do livro do Allan Sieber, assim rasteja a humanidade. Com
todo respeito.
Xico Sá
Um comentário:
Virgindade voga
O que não se voga
é a plena vergonha
Que falta, que troca
Sentimento por perçonha.
O que não se preza
mais, é a seriedade;
vendendo o corpo a presa
que compra a impunidade.
O que não se voga mais
é o amor, a alma, o nome;
Vivem de orgias, do cais
Que importa terem sobrenome?
O amor nunca se nega
E a alma sempre ama;
mas a infidelidade prega
A sua prática inflama.
Mas quem nasce serio,
E a sua casa, considera,
Não entra em adultério
Porque a justiça lidera
O que estamos vendo
é o que abomina a nação;
São as filhas se vendendo
e aos pais, que preço dão?...
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