Poema-orelha
“Este poema foi publicado
na orelha do livro A vida passada a limpo,
1959, e nele o poeta explicita procedimentos da sua poética:
— define sua poesia, expressando o que ela não é: ‘flamante novidade’ ou
‘sopro de Camões’;
— afirma do que é feita sua poesia: ‘notícias humanas’ e ‘brincos de
palavra’, que poderíamos compreender como o universo temático e o trabalho
artesanal com as palavras;
— assume o hermetismo (‘Aquilo que revelo/e o mais que segue oculto’),
para em seguida desconstruir a impressão de poesia fechada, hermética, difícil,
com a imagem ‘vítreos alçapões’. Esta é uma imagem paradoxal: são ‘alçapões’,
então prendem, agarram, fecham, mas são vítreos, isto é, são transparentes, pode-se
ver através;
— assume o aspecto lúdico da poesia (da arte em geral), o jogo entre o
que é ‘vivido’ e o que é ‘inventado’.”
(MARIA, Luzia. Nas dobras das palavras: notas e comentários.
In: ANDRADE, Carlos Drummond. A
palavra mágica; seleção Luzia Maria. Rio de Janeiro: Record, 9. ed., 2002,
p. 135-6, “Coleção Mineiramente Drummond”.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário