O Brasil foi reprovado no vestibular para o futuro. Porque o futuro tem a cara
de sua escola no presente.
Nas últimas séries do nosso Ensino Fundamental, as escolas públicas, onde
estuda a maior parte de nossos alunos, a média do IDEB –Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica - foi de 3,9. As escolas particulares foram
aprovadas, mas com a sofrível nota 6. A média ponderada pelo número de alunos é
de 4,1, envolvendo 1,8 milhões de alunos nas particulares, com a média 6,0, e
12,4 milhões de alunos, nas públicas, com média 3,9.
No Ensino Médio, a média ponderada, incluindo as particulares é de 3,7.
Além da reprovação geral, o IDEB mostra que o Brasil é dividido pela
desigualdade na educação dos filhos dos pobres e dos filhos das classes médias e
altas.
Na mesma semana, o Jornal Nacional da Rede Globo mostrou a situação de nossas
escolas, passando a sensação de que assistíamos a notícias de um terremoto, que
está a devastar nosso futuro.
Outro programa, o “CQC”, da Rede Band, mostrou escolas em uma cidade do
Piauí, certamente piores do que as piores do Mundo. Foi possível ver o futuro. E
não pareceu bonito.
Apesar disso, o MEC comemorou os resultados e ainda divulgou nota à imprensa,
no dia 14 de agosto, dizendo que “O Brasil tem motivos a comemorar”.
O Ministro está no cargo há apenas oito meses e não tem culpa por este
desempenho, mas deveria reconhecer a tragédia, a vergonha e convencer a
presidenta da República a fazer pela educação o esforço que vem fazendo na
economia.
A presidenta precisa entender a gravidade da falta de infraestrutura
educacional, ainda maior do que foi a falta de infraestrutura física, e convocar
todo o País a se empenhar por uma urgente Revolução na Educação de Base.
Cristovam Buarque
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