sábado, 25 de fevereiro de 2012

Alunos da Ásia Oriental superam os do Ocidente

Sediado na Austrália, o Instituto Grattan comparou o desempenhos dos estudantes em diferentes países. Serviu-se de dados coletados pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Concluiu: estão assentadas na Ásia Oriental as melhores escolas do planeta.

Alunos de escolas primárias e secundárias de países como China, Japão e Coreia do Sul revelam-se mais preparados que estudantes de mesmo nível em nações desenvolvidas do Ocidente.

De acordo com o estudo, um estudante médio de 15 anos em Xangai detém conhecimentos de matemática em níveis que o acomodam dois ou três anos à frente de alunos dos EUA, Austrália e Europa.

Num intervalo de cinco anos, Hong Kong saiu da 17a para a 2a colocação nos estudos internacionais que medem o nível dos alunos em leitura. Ostenta a nova posição desde 2006.

No trabalho feito pelo instituto australiano, informa-se que, hoje, a garotada de Hong Kong está pelo menos um ano à frente dos colegas americanos e europeus não só em leitura, mas também em matemática.

Os alunos das escolas primárias da Coreia do Sul custam metade do que gastam os EUA com seus estudantes. A despeito disso, os estudantes sul-coreanos exibem desempenho superior ao dos americanos em leitura, matemática e ciência.

O estudo joga luz sobre um fenômeno que ajuda a explicar o deslocamento do eixo econômico do mundo: as mudanças não são operadas apenas na economia, mas também no cenário acadêmico, eis a conclusão.

Verificou-se que as escolas primárias e secundárias da Ásia Oriental têm sido mais bem sucedidas na identificação e, mais importante, na resolução dos problemas que debilitam o ensino.

Para melhorar a qualidade das escolas adotam-se, por vezes, providências draconianas. Por exemplo: Cingapura simplesmente reduz o número de aulas de professores que não conseguem melhorar o desempenho de seus alunos.

Dito de outro modo: não existe mau aluno, o que há são estudantes mal ensinados. Detectado o problema, o professor incompetente é, por assim dizer, desligado da tomada.

Os efeitos são palpáveis. Os alunos de Cingapura exibem uma das melhores pontuações de ensino médio para matemática e ciências de todo o mundo. Os colegas dos EUA, diz o estudo, encaminham-se para as piores posições nas duas matérias.

No início de fevereiro, como que dando o braço a torcer, os EUA firmaram com Cingapura um memorando de entendimento. Prevê a amplicação de acordo celebrado em 2002 para troca de experiências no ensino de matemática e ciências. Sintomático.

Tomada pelas estatísticas expostas no estudo, a China teria razões para soltar fogos. Pequim prefere, porém, encarar suas deficiências. Especialistas chineses identificam no sistema educacional do país uma debilidade que retarda o desenvolvimento: a incapacidade de produzir inovação.

As escolas chinesas cultivam um modelo de ensino baseado sobretudo na memorização do conteúdo curricular. Para fugir a essa sistemática, cresce o número de alunos chineses que migram para universidades e mesmo para escolas de ensino médio do Ocidente.

A ebulição acadêmica que vem da Ásia dá uma ideia dos desafios que assediam países que, como o Brasil, almejam posições de destaque no mundo. Aqui, as autoridades gostam de se jactar da ascenção do país na escala das maiores economias do mundo.

Menosprezam-se dois detalhes: a subida do Brasil é potencializada pela ruína das economias europeias. O projeto de potência passa pela sala de aula. E a educação, entre nós, sobrevive há décadas como uma prioridade retórica.

 
Josias de Souza

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