Abaixo vemos um texto de Drauzio Varella escrito para a revista Carta Capital em 2011. O título é “Menos hipocrisia para lidar com drogas, vícios e usuários: em busca do Brasil maduro”.
Ali ele defendia a ideia da internação compulsória de viciados. Agora que a gestão Doria aplicou a medida, os sicários do PT, PCdoB e PSOL não param de chiar.
Varella lembrava do potencial ainda mais destrutivo do crack, se comparado à cocaína, e dizia que para quebrar toda a sequência perversa de eventos neuroquímicos o principal seria manter o usuário longe da droga.
Leia este trecho:
Vale a
pena chegar perto de uma cracolândia para entender como é primária a
ideia de que o craqueiro pode decidir em sã consciência o melhor caminho
para a sua vida. Com o crack ao alcance da mão, ele é um farrapo
automatizado que não tem outro desejo senão conseguir a próxima pedra
para o cachimbo.
Veja a hipocrisia: não podemos interná-lo contra a vontade, mas podemos mandá-lo para a cadeia assim que roubar o primeiro celular.
Não seria mais lógico construir clínicas pelo País inteiro com pessoal
treinado para lidar com os dependentes? Não sairia mais em conta do que
arcar com os custos materiais e sociais da epidemia?
É claro que
não sou ingênuo a ponto de imaginar que ao sair desses centros de
recuperação o ex-usuário se transformaria em cidadão exemplar. Mas ao
menos haveria uma chance. Se continuas-se na sarjeta, que oportunidade
teria?
E se, ao ter
alta da clínica, recebesse acompanhamento ambulatorial, apoio
psicológico e oferta de um trabalho decente desde que se mantivesse de
cara limpa documentada por exames periódicos rigorosos, não aumentaria a
probabilidade de ficar curado?
Países
como a Suíça, que permitiam o uso livre de drogas em espaços públicos,
abandonaram a prática ao perceber que a mortalidade aumenta.
Nós
convivemos com as cracolândias sem poder internar seus habitantes para
tratá-los, mas exigimos que a polícia os prenda quando se comportam mal. Existe estratégia mais estúpida?
Na penitenciária feminina, onde eu trabalho hoje, atendo muitas ex-usuárias de crack. Quando lhes pergunto se são a favor da internação compulsória dos dependentes da cracolândia, todas respondem que sim.
Nunca encontrei uma que sugerisse o contrário.
Não digo que Drauzio tenha mudado de opinião, mas a extrema-esquerda
não chiou contra esse texto em 2011. Agora é claro que estão fingindo.
Lá se vai mais uma narrativa.
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