quinta-feira, 19 de março de 2015

A esperança do nordestino no dia de São José

A inclemência da seca que assola o nosso sertão da Paraíba continua tingindo os nossos olhos secos com a aridez da caatinga cercada por um imenso cemitério de ossos insepultos.

Hoje, 19 de março, é dia de São José. O homem sertanejo deposita nesta data as suas crenças ao tempo que lança os olhos para o céu em busca de chuva para o sertão. Não chovendo hoje o nordestino guarda sua enxada e se curva em orações. 

Essa desesperança que pouco a pouco nos domina, é a mesma que, estranhamente, une a todos nós que nascemos no sertão num grito de socorro e de protesto pela falta de decisão política para o nordeste brasileiro e para o enfrentamento da seca. A transposição do velho Chico se arrasta infindo numa atmosfera semelhante ao desengano do céu sem nuvens.

Nesse cenário, tenho desenvolvido algumas viagens por nossas cidades sem chuva. Percorro a imensa desilusão de nossas veredas, feridas abertas, caminhos tristes quase sem vida. Gado morto à beira das estradas e caminhões pipas cortam a poeira da caatinga feito vaga-lumes sem direção.  

Vez por outra, aqui ou acolá, surge na paisagem um juazeiro frondoso, florindo fé e confiança na espera de água que nunca vem. Noutra imagem, um ato de entrega e cansaço de uma velha canoa esquecida no fundo de um torrão rachado reclamando pela chuva.

E o sertanejo parece já conformado. Meu Deus, não chove mais! 

Teófilo Júnior

*A fotografia acima foi feita por mim no Sitio São João, município de Pombal-PB

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