sábado, 31 de maio de 2014

Máscaras

Tenho de confessar que o carnaval me cansa. O desfile das escolas de samba me causa um tédio sem fim. As plumas coloridas, as fantasias caras, o ritmo das baterias, o virtuosismo dos sambistas, o tremor das nádegas e seios nenhuma emoção me provocam a não ser o tédio. O que desfila no sambódromo é de uma mesmice chatíssima, que se repete a cada ano. Quem viu um viu todos.

Isso não se deve a nenhuma implicância minha com o carnaval. Eu até que gostaria de sentir entusiasmo. Pensei, então, que, quem sabe, um carnaval diferente... Quando eu era menino e estudava piano aprendi a tocar uma versão facilitada do Carnaval de Veneza. Fiquei sabendo, então, que em Veneza há um carnaval famoso. Mas nenhuma idéia eu tinha de como ele era, e ainda não tenho. Exceto que se trata de uma imensa orgia de máscaras. Veneza é uma cidade de máscaras que se vendem o ano inteiro, e eu mesmo comprei algumas.

As máscaras fascinaram Bachelard. Sobre elas escreveu um ensaio em que chama a nossa atenção para o fato de que, antes de existirem como objetos usados para esconder o rosto, as máscaras moram dentro de nós como entidades do nosso psiquismo. Todas as vezes que olhamos para um rosto e ele nos parece misterioso, lugar onde um segredo se esconde, estamos pressupondo que ele não é um rosto mas uma máscara, uma dissimulação.

Isso já é sabido de longa data. Está dito na palavra “pessoa”, que vem do latim persona, que quer dizer “máscara de teatro”. O teatro é algo que precisa de um público para existir. Sem um público ele não tem sentido. As personae, as máscaras de teatro, portanto, são usadas para um público. O público vai ao teatro para ver a “máscara”, a “representação” de um papel. Não lhe interessa o rosto verdadeiro por detrás da máscara. Esse rosto desconhecido é ignorado pelo público, não tem nome. São as máscaras que têm nome. O meu nome, Rubem Alves, não é o nome do meu eu verdadeiro. É o nome da máscara pela qual sou reconhecido pelo público. É o nome do papel que esse público pede que eu represente. A aplicação do nome persona, máscara de teatro, a nós mesmos, implica no reconhecimento implícito de que a vida é uma farsa, uma representação, um carnaval de Veneza.

Não somos nós que pintamos as nossas máscaras. Álvaro de Campos dizia que ele era o “intervalo” entre o seu desejo, o seu eu verdadeiro e aquilo que os desejos dos outros haviam feito dele, a máscara. Essa máscara que se chama pessoa e que é representada pelo meu nome é uma evidência de que eu não me pertenço. Pertenço ao público. Pela máscara torno-me um peixe apanhado nas malhas das redes do público. Pela máscara não sou meu. Sou deles. Aí eles me fritam do jeito que desejam.

Há um princípio da medicina homeopática que diz que o semelhante se cura pelo semelhante. Sugiro aos psicodramatistas que o carnaval de Veneza é uma terapia coletiva em que esse princípio homeopático é usado: máscaras se curam com máscaras. Máscaras de papel e tinta para nos libertar da tirania da máscara colada em nosso rosto. Ponho a máscara de papel e tinta sobre a máscara de carne e ninguém fica sabendo quem sou. Fico desconhecido, sem nome. Estou livre do público. Posso deixar que o meu eu verdadeiro saia.

Mas as máscaras de papel e tinta padecem de grave limitação. Chega sempre a hora em que elas têm de ser tiradas. Sobre isso se escreveu um conto, não me recordo o autor. Marido e mulher procuraram conventos onde ficar a salvo das tentações do carnaval. Representavam fielmente o papel que estava escrito nas máscaras coladas sobre os seus rostos. Mas dentro de suas malas os seus eus verdadeiros haviam colocado secretamente máscaras de papel e tinta: escondidos atrás delas eles seriam livres, pelo menos durante os curtos dias de carnaval. As despedidas de marido e mulher nem bem haviam terminado e já as mãos procuravam as máscaras. Adeus conventos! Três dias com máscaras de papel e tinta, três dias livres das imposições das máscaras de carne, três dias sem nome, três dias de liberdade. Marido e mulher, escondidos atrás das máscaras, descobriram parceiros maravilhosos com quem dançaram, brincaram e tiveram prazeres nunca tidos um com o outro. Mas, finalmente, a hora de se tirarem as máscaras. Meia-noite: tiradas as máscaras marido e mulher se descobrem um nos braços do outro...

Carnaval é usar máscara para tirar a máscara. Trata-se de um artifício complicado, que só se usa diante daqueles que é preciso enganar para se ser livre.

Mas não será possível simplesmente tirar a máscara de carne e osso e sermos nós mesmos, sem nenhum disfarce? É essa busca que se encontra descrita num dos poemas de Alberto Caeiro. “Procuro despir-me do que aprendi,/ procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,/ e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, desencaixotar minhas emoções verdadeiras e ser eu, não Alberto Caeiro...” O poeta não quer ser Alberto Caeiro. Alberto Caeiro é máscara, um nome, criatura do público, um impostor que se alojou no lugar do se eu verdadeiro. Também o Amilcar Herrera não queria ser Amilcar Herrera. Queria poder tirar a máscara, esquecer-se do seu nome, ser ele mesmo, um ser que ninguém conhecia...

O que é que se vê quando se tira máscara? Quem responde é Álvaro de Campos. “Depus a máscara e vi-me no espelho./ Era a criança de há quantos anos./ Não tinha mudado nada.../ Essa é a vantagem de saber tirar a máscara./ É-se sempre criança...”

A criança sempre horroriza o público. A criança ainda não aprendeu o papel, não usa máscaras, não participa da farsa, não representa. Seu rosto e o seu eu são a mesma coisa. A qualquer momento a verdade que não devia ser dita pode ser dita pela sua boca.

As máscaras de carnaval podem ser colocadas e tiradas pela própria pessoa. Mas a máscara colada no nosso rosto só pode ser retirada por uma outra pessoa. Ela só se desprega da nossa pele quando tocada pelo toque do amor. E assim sabemos que estamos amando: quando, diante daquela pessoa, a máscara cai e voltamos a ser crianças...
 
 
Rubem Alves
  (Correio Popular, 18/02/1996)

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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Sarah McLachlan - Ice Cream


"Tive a alegria de compor esta Corte no seu momento mais fecundo, mais criativo, de importância no cenário político e institucional do nosso país. Sinto-me deveras honrado de ter feito parte desse colegiado e ter convivido com diversas composições, e evidente com a atual composição e agradeço a todos. Meu muito obrigado.
 
 
Joaquim Barbosa, ao anunciar sua aposentadoria como ministro do STF

MPPB e Município de São Domingos firmam acordos judiciais para implantação de coleta seletiva e logística reversa

Dr. Leonardo Fernandes Furtado - Promotor de Justiça
 
O Ministério Público da Paraíba e o Município de São Domingos (localizado a 394 quilômetros de distância de João Pessoa) firmaram dois acordos judiciais, homologados pela 2ª Vara da Comarca de Pombal, referentes à coleta de resíduos sólidos. De acordo com o promotor de Justiça Leonardo Fernandes Furtado, o primeiro acordo define que seja estabelecido e implantado sistema de coleta seletiva até o dia 28 de setembro deste ano.
 
O segundo acordo estabelece que sejam adotadas todas as medidas necessárias junto aos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores, para a implantação e estruturação de sistemas de logística reversa, conforme determina a Lei nº 12.305/10.
 
A logística reversa é o conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação.
 
Os dois acordos são resultados de ações civis públicas impetradas pela Promotoria de Justiça de Pombal para garantir o cumprimento da Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Em caso de descumprimento, ficou estabelecida a aplicação de multa diária no valor de R$ 500,00.
 
 
Fonte: Ministério Público da Paraíba
 
 
 

Versículos do dia

Atendei-me, povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque de mim sairá a lei, e o meu juízo farei repousar para a luz dos povos. Isaías 51:4
 
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. João 3:17

Jessier Quirino - O matuto e o coroné


Frase

"Os aeroportos não têm padrão Fifa, vocês vão me desculpar, têm padrão Brasil. Não estamos fazendo aeroporto só para a Copa, só para a Fifa. Estamos fazendo para os brasileiros.
 
Dilma

A favor da seleção

Conheço pessoas que, por motivação política, estão entre os 46% contrários à Copa, segundo uma pesquisa (49% a favor). Elas acreditam que assim vão ajudar a derrotar Dilma e o PT nas próximas eleições, mas isso talvez seja um equívoco.
 
Carlos Augusto Montenegro, presidente do Ibope, mostrou aqui neste espaço há tempos que a relação entre futebol e governo obedece a uma lógica mais complexa. Em 1998, o Brasil perdeu, e FH se reelegeu no primeiro turno. Em 2002, a seleção ganhou e o mesmo presidente não fez o sucessor. Em 2006, foi a vez da Itália, e Lula se reelegeu.
 
Em 2010, perdemos para a Espanha e isso não impediu que Lula elegesse Dilma. Com a Copa aqui, pode ser que seja diferente. Mas é possível também que esses eleitores, alguns à direita, estejam cometendo o mesmo engano que parte da esquerda cometeu em 1970, quando recomendava torcer contra a nossa seleção.


Eram os tempos de Médici, de censura e tortura, quando a oposição era submetida a rigoroso controle, e qualquer crítica significava um ato impatriótico: “Ame-o ou deixe-o.”
 
O uso do futebol como propaganda da ditadura chegou ao ponto de levar o general-presidente a interferir na escolha dos craques, exigindo a escalação de Dadá Maravilha e provocando a demissão do técnico João Saldanha ou “João sem medo”, que teria reagido assim: “Eu não escalo o seu Ministério, e o senhor não vai escalar meu time.”
 
Portanto, havia razões de sobra para a má vontade e até hostilidade. Mesmo assim, não era tarefa fácil. Um preso político contava que ele e seus companheiros de cela torciam contra até começar o jogo. “Aí ninguém mais resistia. A cada lance que o radinho de pilha narrava, todos passavam a gritar Brasil!”
 
A desorganização de agora é um prato para os protestos, mas tem gente usando a Copa como pretexto para fazer política. Ronaldo Fenômeno é um deles, ao engrossar o coro dos contestadores. Membro do Comitê Organizador Local, ele acaba de se dizer “envergonhado” pelos atrasos nos trabalhos, cuja execução, porém, é também da responsabilidade de seu comitê.
 
Na verdade, ele está tirando o corpo fora e trocando de camisa porque vai apoiar a candidatura do amigo Aécio Neves à Presidência, “uma ótima opção para mudar o país”, como declarou.
É evidente que o governo de Dilma, pra variar, fez trapalhada, e os gastos foram excessivos num país em que a saúde e a educação estão em situação precária. Mas, depois de feitos, não é cancelando o evento que a conta deixaria de ser paga.
 
Como disse cinicamente Joana Havelange, também do Comitê Organizador, “o que tinha que ser roubado já foi”. Ficar contra é assim um gesto inútil, até porque vão ocorrer manifestações e falhas na segurança, como no teste de anteontem, mas quando a bola rolar é muito provável que todo mundo vá torcer a favor, não da Copa, mas da seleção.
 
Zuenir Ventura é jornalista.
O Globo

STF suspende tentativa de mudança no horário de expediente do TJ-PB

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, acatou pedido do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), a fim de determinar que seja mantido, sem qualquer redução ou alteração, o horário de atendimento ao público em vigor no Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba. No despacho, o ministro determina comunicação urgente da decisão à presidência do TJPB.

Nesta quarta-feira (28), estava previsto, na sessão administrativa do pleno do Tribunal, julgamento de resolução que altera o horário de expediente nos fóruns de João Pessoa, Santa Rita, Cabedelo e Campina Grande. A intenção do TJPB é adotar o regime corrido único das 07h00 às 14h00, como desejam funcionários e setores do Tribunal.

A ação é fruto do trabalho do presidente da OAB-PB, Odon Bezerra; do conselheiro federal da OAB pela Paraíba, Carlos Frederico Nobrega Farias; e toda Diretoria da OAB-PB, que acionaram o presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Coelho Furtado. Carlos Frederico destacou o empenho do presidente Marcus Vinicius na ação.

“No último domingo (25), o presidente Marcus Vinicius pediu para o jurídico do Conselho Federal atuar fortemente no caso. Na segunda, logo cedo, peticionamos em Brasília e a liminar foi deferida ontem a tarde”, explicou o conselheiro federal Carlos Frederico, acrescentando que a decisão do ministro Luiz Fux “atende ao clamor da sociedade e da advocacia paraibana”.

O presidente Odon Bezerra enfatiza também que a liminar do ministro Fux determina que “os tribunais brasileiros devem manter, até decisão definitiva do STF, o horário de atendimento ao público que já está sendo adotado nos seus respectivos âmbitos, sob pena de eventual prejuízo aos usuários do serviço público da Justiça, em particular para a classe dos advogados”.

Além do impedimento legal, devido a ADIN no STF, Odon Bezerra elenca outros problemas para mudança, a exemplo da dificuldade de estabelecer rotina para funcionários, advogados, jurisdicionados, juízes e promotores, já que muitos tem filhos e não terão como deixá-los nas escolas no período da manhã; do fato de em João Pessoa e Campina Grande existir juízes que substituem em comarcas circunvizinhas, viabilizando audiências pela manhã e voltando a tarde para as comarcas de origem; e da coincidência de horário com a Justiça do Trabalho, que já funciona pela manhã e os advogados não terão como atuar nas duas Justiças ao mesmo tempo.“Tem também a dificuldade do horário das 12 às 14 horas, onde as pessoas naturalmente sentem a necessidade fisiológica de fazerem suas refeições. Fatalmente irão parar pelo menos uma hora neste intervalo de tempo. Então, por estes vários motivos não há como o horário das 07h00 às 14 horas dar certo”, acrescentou.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cultura jurídica e cultura política nos trópicos: um estudo sobre o caso brasileiro no contexto da Independência

A Revista de Humanidades Mneme da Universidade Federal do Rio Grande do Norte traz a publicação do trabalho da profª Vanesa Spinosa intitulado "Cultura jurídica e cultura política nos trópicos: um estudo sobre o caso brasileiro no contexto da Independência".
 
O estudo tem como objetivo revisar o tema do Brasil pós-independência e a incorporação das heranças do período colonizador através de sua própria máquina administrativa e educacional. Como uma combinação entre renovação liberal e referentes monárquicos do passado, o Brasil independente teria em seu aparato administrativo uma mescla que se associava diretamente a toda sua trajetória enquanto colônia, reino unido e país independente. Neste trabalho, privilegiar-se-ão os matizes jurídicos brasileiros, conectando seus principais documentos normativos à lógica liberal, associados aos principais acontecimentos políticos a partir das mudanças e adaptações no mundo legal. Igualmente, se destacará a figura do magistrado e da formação jurídica como fio condutor para a construção e organização da administração imperial do Brasil.
 
Muito proficiente e esclarecedora, vale a pena mergulhar na abordagem feita por Spinosa sobre o tema.
 
Leia a íntegra acessando aqui

Charge

Nem às paredes confesso


O papa Francisco abre a porta para que os padres possam casar

Por não ser um dogma da fé, a porta sempre está aberta...” Não há regras nem zonas vermelhas. Os jornalistas perguntam o que consideram oportuno e o papa Francisco responde. Já tinha feito isso no seu regresso do Rio de Janeiro –“quem sou eu para julgar os gays?” – e volta a fazê-lo agora no avião da El Al, a companhia aérea israelense, no trajeto entre Tel-Aviv e Roma. Uma das questões levantadas é a do celibato obrigatório dos sacerdotes, um velho assunto que volta a ficar atual depois de que, há apenas alguns dias, um grupo de 26 mulheres apaixonadas por sacerdotes enviou uma carta a Jorge Mario Bergoglio lhe pedindo que deixe de proibir “um vínculo tão forte e bonito”. O Papa não se esconde na resposta à pergunta sobre se está disposto a levar adiante uma discussão incômoda no seio da Igreja: “A Igreja católica tem padres casados. Católicos gregos, católicos coptas, existem no rito oriental. Por que não é um debate sobre um dogma, mas sobre uma regra de vida que eu aprecio muito e que é um dom para a Igreja. Por não ser um dogma da fé, a porta sempre está aberta”.
 
Uma das novidades de Francisco é precisamente essa: sua disposição de discutir o discutível, sem que por isso deixe de expressar sua opinião. Desse modo, a velha aspiração de um setor da Igreja de que os padres possam casar-se e ter filhos sem se verem obrigados a abandonar o sacerdócio volta ganhar esperança. Como também a de integrar novos modelos de família, como os separados que voltaram a se casar, um grupo muito numeroso sobre o qual o próximo sínodo da família terá de debater e chegar a soluções. Da mesma forma que o Vaticano, embora não com a celeridade que talvez fosse necessária depois de décadas de paralisia, começa a reagir contra os abusos sexuais de menores cometidos por seus membros. É outro dos assuntos sobre os quais Bergoglio responde de forma clara:
 
— O que o senhor fará se houver um bispo que não observar essas normas, o exclui ou pede que se demita ou haverá outras sanções? Como se pode enfrentar no sentido prático?
 
"Na Argentina dizemos dos privilegiados: ‘este é um filho de papai’. Pois bem, nesse problema não haverá ‘filhos de papai’. Neste momento há três bispos que estão sob investigação: um já está condenado e está sendo estudada a pena que lhe será imposta. Não existem privilégios. O sacerdote que faz isso trai o corpo do Senhor porque, em vez de levá-los à santidade, abusa. E isso é gravíssimo. É como... eu lhes farei uma comparação. É como uma missa negra, por exemplo: você tem de levá-lo à santidade e o conduz a um problema que vai durar toda a vida.”
 
O Papa revela que dentro de alguns dias será celebrada uma missa na residência de Santa Marta da qual participará um pequeno grupo de vítimas de abusos. “São seis ou oito pessoas, da Alemanha, da Inglaterra e Irlanda. E depois se reunirão com o cardeal [Sean Patrick] O’Malley, o presidente da comissão contra os abusos. Mas quanto a isso temos de seguir adiante, adiante! Tolerância zero!!
 
Não é a única frente aberta pelo Papa. Nem deixaram de aparecer escândalos econômicos nos quais se incluem altos personagens da Cúria, como o ex-secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone. Bergoglio admite que sempre haverá escândalos, mas diz que sua reforma da Cúria procura precisamente impedi-los. Os jornalistas lhe perguntam sobre a luxuosa festa em um terraço do Vaticano ou o suposto desvio de 15 milhões de euros (45,4 milhões de reais) por parte de Bertone. O Papa não o defende. Somente diz que o assunto não está claro, que está sendo investigado e que sua campanha para fazer do Banco do Vaticano –o IOR– uma entidade decente já provocou o fechamento de 1.600 contas. O problema que persiste, admite o papa argentino, é que há ainda membros da Cúria que resistem, “para os quais não está claro”.
 
Como tampouco não lhes parece claro que o bispo de Roma se meta em assuntos tão delicados como resolver o conflito no Oriente Médio ou opinar sobre o sistema econômico mundial. Mas o Papa não se faz de desentendido e responde às perguntas. “Estamos em um sistema econômico múltiplo que coloca no centro o dinheiro, e não a pessoa humana. Um verdadeiro sistema econômico deve ter no centro o homem e a mulher. Esse sistema econômico que temos coloca no centro o dinheiro e descarta as pessoas. Agora estão descartando os jovens, e isso é gravíssimo. Na Itália, o desemprego juvenil está por volta de 40%. Na Espanha, é de 50% e na Andaluzia, no sul da Espanha, de 60%. Isso significa que há uma geração de nem-nem, que nem estudam nem trabalham, e isso é gravíssimo. Esse sistema econômico é desumano.”
 
 
El país
Fonte aqui

Será?

"Nós somos os favoritos, sim. Nós já estamos com uma mão na taça.

Coordenador técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Carlos Alberto Parreira

terça-feira, 27 de maio de 2014

Apresentação da seleção brasileira

Seleção se apresenta para disputa da Copa do Mundo (Na foto: Felipão abraça Daniel Alves. Neymar, Bernard e Jefferson vêm logo atrás). Foto: Rafael Ribeiro / CBF

A lei da palmada

Sou pai de primeira viagem. Tenho um filho de oito anos, de modo que ainda estou, de certa forma, debutando no exercício de ser pai. De outro norte, se me falta experiência como pai, sobra-me o histórico de ser filho.
 
A prima facie, compreendo que educar não é tarefa das mais fáceis e envolve uma série de fatores convergentes, alguns de cunho subjetivo, emocional e até histórico. Não me filio a corrente de que a educação ou os métodos educacionais se enquadram em receitas prontas, em forma geométrica pré-definida ou em tipificações legais impostas pelo Estado, cujo resultado me sugere duvidoso.
 
Embora me sinta tentado, reservo-me aqui em não adentrar propriamente nas nuances técnicas da “Lei da Palmada”, atualmente também batizada de “Lei menino Bernardo”, e seus aspectos jurídicos mais profundos para ater-me a questões que a circundam. Por exemplo, o projeto de lei já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, na prática, como se dará a sua efetividade normativa? Será que o preciosismo jurídico não resultará tão somente na elaboração de mais uma lei dentro do universo sobejamente já entulhado e empilhado de normas?
A proposta de lei proíbe pais e responsáveis legais por crianças e adolescentes de baterem nos menores de 18 anos. Aprovada em caráter terminativo, seguirá diretamente para análise pelo Senado, sem necessidade de votação no plenário da Câmara.
 
Em seu texto, foi incluída a vedação a qualquer “ação de natureza disciplinar com uso da força física que resulte em sofrimento físico ou lesão à criança ou adolescente”.
 
Custa-me crer que uma criança saia de sua casa em busca de uma delegacia de polícia para denunciar um puxão de orelha ou um tapa na bunda que sofreu de seus próprios pais por ter se recusado a tomar banho ou fazer a tarefa da escola. E mesmo que isso aconteça, vai lá a autoridade policial autuar em flagrante os pais ? O Poder Judiciário vai condená-los e tirar-lhe o poder familiar  para colocar o filho “agredido” numa casa de apoio ? O Estado encaminhará os pais para um curso de orientação ou atendimento psicológico e psiquiátrico? Sinceramente, creio que não.
A lei a ser aprovada prevê o “direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel e degradante.” Ora, tratamento cruel e degradante já é crime considerado e punido por legislação pretérita.  Até aqui estamos chovendo no molhado.  Resta-nos então os “castigos”.
Mas afinal, de que “castigos” estamos falando? historicamente, e fruto de um condicionante educacional, se sabe que os corretivos (palmadas, beliscões...) vêm, ao longo dos anos, diminuindo de geração para geração seja na família e até mesmo na escola, com a aposentadoria da palmatória. E nesse particular, eu mesmo posso dizer que fui muito mais corrigido do que corrigi, sem, no entanto, trazer ou transmitir qualquer trauma do velho cipó de fedegoso de D. Mariinha que me mostrou, com maestria, o caminho do bem.
Contudo, há de se dizer que se os “corretivos” de pai para filho vêm diminuindo, o mesmo não vem acontecendo com a escalada de violência incrustada na nossa sociedade em todas as classes sociais. Diariamente assistimos uma geração de “sem limites” transgredir em casa, no trânsito, na família, na escola, na rua.
Obviamente, que fique claro que não defendo a prática de desmedida violência contra crianças, e, repita-se, isso já é crime punível pelo Código Penal brasileiro. Entretanto, considero extravagante e desproporcional uma lei que tenha por escopo subtrair da família o direito subjetivo de escolher como melhor educar seus filhos.
O que se vê é que na sociedade moderna já há uma clara indefinição dos pais quanto a estabelecer diretrizes, deveres, obrigações e limites aos filhos num mundo cada vez mais midiático e sem freios que entra em nossos lares sem pedir licença pela TV e Internet, dentre outros tantos meios de comunicação. Essa falta de referência familiar vem se refletindo em violência na rua e na escola, no desrespeito aos professores, vitimas imediatas desse aparente descontrole.
Por outro lado, falta ao Estado o aparato necessário para dar suporte às ações pretendidas pela nova lei. Se, até hoje, não tem o Poder Público condições estruturais de promover às medidas necessárias a recuperação e ressocialização de agentes delituosos mais graves, obviamente que, igualmente, não cumprirá efetivamente com a observância das medidas mais simples, sejam educativas, corretivas ou ideológicas abraçadas pela “Lei da Palmada”.   
Educar os filhos é algo que passa pela subjetividade dos pais no estabelecimento do respeito e dos limites e até da cultura das famílias. São aspectos que variam muito, de região para região, de uma família para outra e não há um catálogo ou um ranking a ser seguido ou perseguido pelos pais ou responsáveis.
Cabe à família sopesar de forma respeitosa e proporcional suas ações enquanto célula formadora da sociedade, e não me parece apropriado que o legislador insira a possibilidade de basilamento e de incriminação dos pais, punindo-os com o rigor da lei, em suas tentativas de melhor “aprumar” seus filhos.
A propósito, outro dia, lendo um livro de um renomado pediatra paulista, já falecido, e que infelizmente agora não me surge o nome, chamou-me a atenção a frase por ele utilizada para defender a subjetividade da família em encontrar seus caminhos e sua forma de educar os filhos, dizia ele em tom quase profético – “não é a toa que a mão e côncava e o bumbum é convexo”.
De tudo, o que dessume-se, é que o projeto é fruto da cabeça pensante de nossos representantes legislativos. Deputados e Senadores “traquinos”, que ao meu sentir, a despeito de suas ações com a coisa pública, em sua maioria, não foram muito bem educados quando criança.
A “Lei menino Bernardo”, a meu juízo, é mais uma norma  que nasce morta. Merecedora de urgentes corretivos, nem que seja alguns puxões de orelha.
Teófilo Júnior


Papa Francisco rezando diante do muro que separa Israel da Palestina

Humor: João Cláudio imitando o ex-senador Mão Santa


Foto do dia: Chicotadas para atriz iraniana que beijou em público

A atriz iraniana e membro do júri de Cannes Leila Hatami. Foto: Bertrand Langlois/AFP

Descobertas ‘células escudo’ que protegem os tumores

A imunoterapia contra o câncer –ensinar ao sistema de defesa do organismo a atacar as células tumorais- é apresentada como a nova revolução na oncologia. Mas não é fácil.
 
A revista Nature Medicine publicou um artigo no qual o processo não é centrado diretamente em combater as células tumorais, mas outras que se proliferam ao seu redor e que, de alguma maneira, fazem as vezes de escudo.
 
O trabalho, que foi realizado por um cientista do MD Anderson Cancer Center da Universidade do Texas, consiste, basicamente, em identificar peptídeos (pequenas cadeias de aminoácidos, que são as ligações que formam as proteínas) que têm a capacidade de se unirem especificamente a essas células escudo, as células supressoras de origem mieloide (MDSC na sigla em inglês). Desta maneira, elas são marcadas e identificadas para um ataque dirigido que as elimine
 
 
El país
Esse belo garoto de três anos se chama Nicodemos de Paiva Gadelha Neto. Ele precisa fazer um transplante de medula óssea para se curar de uma leucemia. Ou seja, se não fizer o transplante, Nicodemos vai morrer, porque a quimioterapia já se mostrou inútil no combate à doença. A família dele luta há dois anos contra o mal e até chegou a pensar que o menino estava curado, porém a leucemia voltou com toda a força e diante da inutilidade do tratamento convencional, os médicos concluíram que só o transplante poderá salvá-lo.
 
Caso você tenha a idade entre 18 e 54 anos, dirija-se ao hemocentro de qualquer estado da federação e doe um pouco do seu sangue. Não precisa ser o mesmo sangue dele, a incompatibilidade sanguínea é irrelevante, os testes de incompatibilidade são genéticos. Ao doar o sangue, avise que é para fazer o teste de compatibilidade sanguínea, com vistas a doar a medula óssea para Nicodemos de Paiva Gadelha Neto – João Pessoa-PB.
 
A doação pode ser feita no hemocentro de João Pessoa-PB.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a.olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho... )
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
 

Toada - Boca Livre e MPB4


O rei saúda a censura

Na época, o telegrama de Roberto Carlos ao então presidente José Sarney teve repercussão, mas é oportuna agora sua publicação na íntegra pelo blog do jornalista Mário Magalhães. Lá está com todas as letras:
 
“Cumprimento Vossa Excelência por impedir a exibição do filme ‘Je vous salue, Marie’, que não é obra de arte ou expressão cultural que mereça a liberdade de atingir a tradição religiosa de nosso povo e o sentimento cristão da Humanidade. Deus abençoe Vossa Excelência. Roberto Carlos Braga.”
 
O diretor do filme, o franco-suíço Jean-Luc Godard, era ninguém menos do que um dos principais representantes da Nouvelle Vague e autor de uma obra, de fato, polêmica, mas respeitável.
Era o começo da Nova República, que vinha substituir a ditadura. Menos de um ano antes, no dia 29 de junho de 1985, um ato público no Teatro Casa Grande, no Rio, reuniu cerca de 700 intelectuais e artistas para ouvir o ministro da Justiça de Sarney, Fernando Lyra, anunciar: “Está extinta a censura no Brasil.”
 
E declarar que o documento que ele recebera, elaborado por Chico Buarque, Antônio Houaiss, Ziraldo, Dias Gomes, entre outros, era a “Lei Áurea da Inteligência Brasileira”. Foi uma festa da cultura, um momento de regozijo como não acontecia havia 21 anos. Portanto, pode-se imaginar a reação, meses depois, à interdição do filme. O novo presidente tinha como álibi o fato de que fora pressionado pela ala mais conservadora da Igreja. Mas, e o rei?
 
Em artigo na “Folha de S.Paulo’’ de 2 de março de 1986, Caetano Veloso falou da “burrice de Roberto Carlos” e acrescentou que o telegrama saudando a censura a “Je vous salue, Marie’’ (em português, “Eu vos saúdo, Maria”, ou “Ave Maria”) “envergonha nossa classe”. Daí a conclamação: “Vamos manter uma atitude de repúdio ao veto e de desprezo aos hipócritas e pusilânimes que o apoiam.”
 
O episódio ajuda a desmontar alguns mitos régios, como o de que o rei só foi favorável à proibição das biografias não autorizadas para preservar sua privacidade. Há 28 anos, ele estava preocupado também com a privacidade da Virgem Maria, mesmo sabendo que o filme de Godard era uma obra de ficção.
Paulo Cesar de Araújo

O outro mito é o da imagem de um artista afastado do poder, trancado numa torre de marfim, sem sujar as mãos com a impureza da política. O novo livro de Paulo César de Araújo (*), autor da biografia proibida, mostra que ele vai aonde lhe convém, ou seja, aonde pode defender a censura: Senado, Câmara, Judiciário e até ao Planalto, como fez recentemente ao ser recebido pela presidente Dilma, que, segundo a imprensa, ficou “visivelmente emocionada” por abraçá-lo.
 
(*) “O réu e o rei — minha história com Roberto Carlos, em detalhes.”
 
Zuenir Ventura é jornalista.
O Globo

Frase

Tenho certeza da nossa capacidade, do que fizemos, das nossas realizações. Não temos por que nos envergonhar.

 
Dilma, em resposta ao ex-jogador Ronaldo que criticou os preparativos do Brasil para realizar a Copa do Mundo

domingo, 25 de maio de 2014

Mulher fica amiga de mendigo em São Paulo. Ninguém poderia imaginar o que aconteceria depois…

Raimundo Arruda Sobrinho era mais um mendigo na cidade de São Paulo. Ele era conhecido localmente por sentar e escrever todos os dias no mesmo lugar. Foi assim por 35 anos… até que em abril de 2011 uma mulher chamada Shalla Monteiro ficou amiga de Raimundo.
 
Impressionada com o trabalho poético de Raimundo e querendo ajudar em seu sonho de publicar um livro, Shalla criou uma página no Facebook para mostrar o que o morador de rua vinha escrevendo por tantos anos.
 
Nenhum dos dois poderia esperar o que aconteceu em seguida.
 
O próprio Facebook fez questão de participar da história e produziu o vídeo de 4m30s que você vê abaixo. Clique no play, assista até o final e se surpreenda com o desfecho dessa história.

Versículos do dia

E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém.
Romanos 16:20

Tua mão em mim

Você me acorda no meio da noite
e eu que navegava tão distante
cravada a proa em espumas
desfraldados os sonhos
afloro de repente entre as paradas ondas dos lençóis
a boca ainda salgada mas já amarga
molhada a crina
encharcados os pêlos
na maresia que do meu corpo escorre.
Cravam-se ao fundo os dedos do desejo.
A correnteza arrasta.
Só quando o primeiro sopro escapar
entre os lábios da manhã
levantarei âncora.
Mas será tarde demais.
O sol nascente terá trancado o porto
e estarei prisioneira da vigília.

Marina Colasanti

sábado, 24 de maio de 2014

Foto do dia: homem nu tenta entrar na Casa Branca

Agentes do serviço secreto americano o cobriram com um cobertor e o levaram.
Foto: Reprodução do Twitter
Eu me sinto envergonhado, porque é o meu país, o país que eu amo, e a gente não podia estar passando essa imagem para fora.
 
Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo

Instantes

"Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.

 
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.

 
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.

 
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia
a parte alguma sem um termômetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas e,
se voltasse a viver, viajaria mais leve.

 
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da primavera
e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo"



Autor desconhecido
 

Versículos do dia

No meio dela está o Senhor,
que é justo e jamais comete injustiça.
A cada manhã ele ministra a sua justiça,
e a cada novo dia ele não falha,
mas o injusto não se envergonha
da sua injustiça.


Sofonias 3:5

Diversidade à prova

É de se esperar que uma cidade liberal em que se pode casar com quem quiser, independentemente do gênero, não tenha lá problemas com diversidade. Pois quando se analisam dados das cinco principais raças ou etnias (branco, negro, asiático, hispânico, “todas as outras”), Seattle fica num pífio 39º lugar entre as 50 cidades mais populosas dos Estados Unidos, de acordo com um novo índice de diversidade.
 
O índice mede a chance de duas pessoas escolhidas aleatoriamente em um lugar qualquer serem de uma mesma raça ou etnia. Em Seattle, essa chance é de 54%, abaixo da média nacional de 56% – em Nova Iorque, a chance sobe para 74%; em Chicago, para 71%.
 
Qual a importância disso? O que importa que a influência escandinava de Seattle tenha deixado a população mais “branca” que outras cidades de médio e grande porte do país? O que importa que o rápido crescimento de Seattle – 18 mil novos residentes em um ano – não esteja alterando significativamente a diversidade da cidade?
 
Diversidade é assunto complexo por estas bandas. Os Estados Unidos são uma mistura de raças e imigrantes, como é o Brasil, e isso é levado em conta nas políticas públicas e corporativas. Há uma preocupação em prover oportunidades semelhantes a todas as raças e etnias; estimular o senso de responsabilidade sobre a participação de cada uma delas; fazer com que todos se sintam “incluídos”. Todos talvez com exceção dos brancos – duvido que uma iniciativa de ampliação da participação branca no que quer que seja tivesse aceitação da opinião pública. A culpa histórica é muito palpável.
 
Como uma típica brasileira, de ascendência tão diversa que se diluiu ao longo das gerações, é difícil marcar um “x” num formulário com segurança quando o tópico é raça. Não sou asiática, não me considero branca, mas “hispânico” me parece impreciso porque sei que estão se referindo à América Latina espanhola, não necessariamente ao Brasil. Minha hesitação sempre rende conversas prolongadas sobre a formação do estado brasileiro.
 
O debate é importante porque a diversidade significa, no mínimo, refletir localmente (em uma cidade, em um escritório, em uma associação) o que a sociedade é nacionalmente, com todos os seus conflitos e desafios. Seattle, pelo visto, ainda está longe neste quesito em relação à maioria das outras cidades americanas.
 
Melissa de Andrade é jornalista com mestrado em Negócios Digitais no Reino Unido. Ama teatro, gérberas cor de laranja e seus três gatinhos. Atua como estrategista de Conteúdo e de Mídias Sociais em Seattle, de onde mantém o blog Preview.

Lugar de mulher ´bonitinha´ é na Playboy

Bandeirinha Fernanda Colombo, alvo de ofensas, em foto do UOL/Esporte
 
Interrogação, como diria o bravo Roberto Avallone!
 
Errare humanum est. Como canta Jorge Benjor ou como teria dito Santo Agostinho.
 
Pois é, amigo, errar é humano, mas vai errar sendo mulher, bonita e gostosa em um impedimento de um jogo de futebol!
 
O mundo vem abaixo. O pior dos castigos.
 
A macharada pira, não perdoa, quer banir a criatura dos gramados.
 
Como acontece no momento com a bandeirinha (e gata sim!) Fernanda Colombo. Errou, como qualquer macho feio ou bonito poderia errar, no clássico Atlético 2×1 Cruzeiro.
 
A galega catarinense foi moralmente linchada. Por ser mulher, por ser bonita, por ser gostosa.
 
Ao ponto do diretor de futebol da Raposa, Alexandre Mattos, soltar a seguinte sentença condenatória:
 
“Estão tentando promover ela porque ela é bonitinha e não é por ai. Ela tem que ser boa de serviço, profissional e competente. O erro dela foi muito, muito, muito anormal, coisa de quem está começando uma carreira. Se é bonitinha, que vá posar para a Playboy, não trabalhar com futebol”.
 
E repare que o Mattos é tido como um cara até moderno no meio arcaico do futebol –um mundo tão assombrado que tem na presidência da CBF um representante ainda dos tempos da Ditadura, José Maria Marin, que deveria estar depondo na Comissão da Verdade e não à frente da seleção brasileira em ano de Copa.
 
Mas que pisada na bola, seu cartola.
 
A garota, de 23 anos, tem todo direito de posar para qualquer publicação, ora, o corpo é dela. Nas suas declarações, no entanto, não se mostra deslumbrada com essa possibilidade.
 
Muito pelo contrário. Faz de tudo para fugir do estigma “eu sei que eu sou bonita e gostosa, eu sei que você, me olha e me quer”, como cantavam as Frenéticas.
 
“Creio que a beleza é subjetiva. Uma pessoa pode achar a outra bonita, a outra feia. Fico feliz pela lembrança, mas não gostaria de ser lembrada apenas por isso”, disse em entrevista a Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.
 
Essa garota é papo firme, seu Erasmo.
 
Pra cima com a viga, moçada. Não desanimes, Fernanda.
 
Te mandaram para a “Playboy”, então que esses cartolas, treinadores ou torcedores nervosinhos posem para a “G Magazine”, não achas?
 
Beijo e boa sorte.
 
 
Xico Sá

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Poema

Agora és anjo intangível.
Não chegaste a conhecer,
criança que não nasceu,
este mundo incompreensível.
Menina ou menino,
queria ter a esperança
de te encontrar no céu. Mas sei
que não é este o meu destino.
 
Luciano Trigo é jornalista e escritor. Autor dos ensaios literários "O viajante imóvel", sobre Machado de Assis, "Engenho e memória", sobre José Lins do Rego, escreveu também romances e contos, além de quatro livros infantis e um ensaio sobre arte contemporânea, “A grande feira”. Estreou na poesia com o livro “Motivo”. Como jornalista, foi editor dos suplementos "Idéias", no Jornal do Brasil, e "Prosa & Verso", no Globo, e das revistas "Leia Livros" e "Poesia Sempre". Desde 2008 assina um blog sobre literatura no portal G1, “Máquina de Escrever”.

Zimbo Trio e Milton Nascimento


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Os derrotados

Somente os vencedores têm a sua história contada. Não existe tempo nem espaço na memória dos homens para a história dos que perderam, dos que ficaram pelo meio do caminho, dos que tentaram e não conseguiram. São a cara da humanidade; mas a própria humanidade os despreza. São a parte submersa do iceberg da história, do qual forçamo-nos a ver somente o que se eleva e se destaca, e fingimos que por baixo nada mais existe. Cadê a biografia dos que nunca subiram ao pódio, dos que perderam todas as eleições, dos que foram passados-no-rodo nas batalhas, dos que ficaram em décimo-primeiro lugar nas listas dos dez melhores, dos que buscados no Google dão zero hits?

Toda história de sucesso é praticamente a mesma coisa, mas cada derrota e cada tragédia é mais individualizada, mais pessoal e mais de-carne-e-osso do que o mero triunfo. Perguntem a Dante Alighieri, que já respondeu. É uma verdadeira assimetria filosófica que um escritor que publicou dez livros receba uma biografia e um pretendente a escritor que pensou em escrever dez livros e não o fez não receba sequer dez linhas de wiki. Sem falar naqueles que escreveram livros trabalhosíssimos e deixaram a única cópia datilografada no banco traseiro de um táxi ou numa maleta esquecida na plataforma de um trem.

O sucesso tem uma função meramente ampliadora, mas as histórias que conta não têm um grama sequer a mais do que as catástrofes de subúrbio, os naufrágios de piscina de quintal, os apocalipses em plena adolescência, os hindemburgs que colecionamos na interminável infância. Mandem parar a van em qualquer estrada lateral de qualquer interiorzão brabo, e detenham o primeiro transeunte que for passando, como faziam aqueles califas e vizires das mil e uma noites. Ele lhes contará uma história pessoal que bem escrita deixaria um bilhão de mentes estremecendo mundo afora.

A vitória é um cheque pré-datado de imortalidade, mas sem fundos. A derrota é o destino cósmico do universo: a extinção da humanidade, indivíduo por indivíduo, ou seja, a demissão da espécie por justa causa. O derrotado é aquele a quem coube receber em nome da espécie esse incômodo recado e essa ainda mais desconfortável eliminação. Toda vitória é um adiamento; uma história só se conclui de fato quando atinge sua derradeira derrota, que para uns é a morte, para outros é a não-existência de alguma coisa depois dela. Humilhados, ofendidos, condenados da terra, desvalidos, quixotes visionários, drogados incorrigíveis, missionários que em oitenta anos deixam um resíduo de estalactite e cedem lugar ao próximo, artistas jamais ouvidos, vidas que encontraram uma linha reta na direção do fim.
 
Braulio Tavares
(mundo fantasmo)

Adélia Prado no Roda Viva


Como prevenir doenças durante o Mundial 2014

Vacinação e repelentes são alguns dos conselhos que o director-geral da saúde dá aos viajantes que se vão deslocar para o Brasil.
 
O director-geral da saúde, Francisco George, anunciou, nesta terça-feira, as medidas a ter em conta para os viajantes que se vão deslocar para o Brasil, para assistirem ao Campeonato do Mundo de 2014.
 
Entre muitos conselhos, e numa tentativa de prevenir problemas de saúde, o director-geral recomenda que o viajante se desloque, o mais brevemente possível, a uma consulta médica, para tomar as devidas precauções e avançar com a vacinação.
 
As vacinas contra o sarampo e outras doenças, como a tuberculose, a hepatite B, o tétano, a dengue – no Brasil verificou-se, recentemente, um surto de dengue em Campinas (onde a selecção nacional ficará durante o Mundial) e em São Paulo - e a febre-amarela, estão no topo das prioridades.
 
Leia mais clicando aqui
 
 
Fonte: Publico

Fotografia

Autor desconhecido

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Servidores do Poder Judiciário discutem paralisação de atividades em todo estado

Auxílio saúde, expediente forense e jornada de trabalho dos servidores estão entre os temas que serão debatidos.
 
No dia 22 deste mês, os servidores do Poder Judiciário da Paraíba, estarão realizando uma assembleia geral, às 16h, no fórum Cível da Capital. A assembleia, entre outras coisas, será para discutir uma paralisação por parte dos servidores em todo o estado.
 
Presente na assembleia, estará a Astaj, representando todos os servidores de cartório judicial (técnicos, analistas e auxiliares judiciários) e o Sindojus, que representa todos os oficiais de justiça do estado.

Segundo José Ivonaldo, presidente da Astaj, os servidores em todo o estado já estão sendo mobilizados pelas duas entidades para a assembleia geral. Segundo ele, o que a Astaj e o Sindojus estão querendo é apenas que a direção do Tribunal de Justiça (TJ) cumpra direitos conquistados pelos servidores.
 
Ele cita que um desses direitos é o não cumprimento - por parte do TJ -, da Lei Estadual Nº 10.195/2013, que alterou dispositivos do PCCR de 2011, que trata do direito a movimentação funcional dos servidores (progressões e promoções). Existe ainda a não regulamentação da gratificação de produtividade dos servidores, que consta no PCCR deste o ano de 2007.
 
Os servidores reivindicam ainda, auxílio saúde, expediente forense e jornada de trabalho dos servidores. “As duas entidades defendem, enquanto proposta, a formatação de duas equipes de servidores, cada uma com jornada de seis horas de trabalho, para atuarem dentro do expediente de sete horas, conforme recentemente deliberado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Piauí em favor de seus servidores”, disse Ivonaldo.
 
 
Redação com assessoria
WSCOM Online

Charge

Os slogans da Copa

Podem dizer que minha abordagem é preconceituosa. Entre outras coisas, é a pura verdade. Não tenho preconceito contra a Copa do Mundo, tenho contra a Fifa que a promove e que se parece com uma Máfia, uma Wall Street, uma limusine de mercenários, um valhacouto de cavalheiros-da-indústria, uma gangue de trambiqueiros de alto coturno. Não tenho preconceitos contra negros, judeus, homossexuais, índios, mulheres, contra quase ninguém. Tenho preconceito contra a Fifa. (Não devo pensar que sou melhor do que pessoa alguma.)

A Fifa promoveu uma votação/enquete para escolher 32 slogans, aqueles que são pintados nos ônibus das 32 seleções que disputarão a Copa no Brasil. Não consegui descobrir como feita essa eleição, se foi com sugestões do público em geral, ou se se deveu à mesma comissão que criou o Fuleco.

O slogan da nossa seleção é: “Preparem-se! O hexa está chegando!”. Brasileiríssimo, pois não se trata de “Vamos conquistar o hexa, passando por cima de pau-e-pedra!”. É tipo “estamos aqui, na piscina do hotel, e alguém ligou no celular dizendo que o hexa está chegando daqui a pouco, dependendo do trânsito e das manifestações”. Corre, Neymar!

Alguns slogans são do tipo tiro-no-pé. Os belgas dizem: “Esperem o impossível!”. (Ao que os franceses, mais profissionais, afirmam: “O impossível não existe em francês”). Os uruguaios (logo eles, contumazes estragadores-de-festa) dizem: “Três milhões de ilusões, vamos lá, Uruguai!”. Tomara que fiquem na ilusão mesmo. Alguns recorrem à mitologia totêmica, como Camarões (“Um leão é sempre um leão”) ou a Costa do Marfim (“Os elefantes à conquista do Brasil”).

Vários países concorrentes revelam uma certa pressa ansiosa em afirmar que já realizou sua individuação do Self junguiano. Argentina (“Não somos um time, somos um país”), Colômbia (“Aqui não viaja um time, viaja um país inteiro!”), Equador (“Um compromisso, uma paixão, um só coração, é para ti, Equador!”), Alemanha (“Uma nação, um time, um sonho!”), Honduras (“Somos um povo, uma nação, cinco estrelas de coração”).

Pra não dizerem que sou só má vontade, gostei dos lemas do México (“Sempre unidos, sempre astecas”), do Japão (“Samurai, chegou a hora da luta”), de Portugal, realista e esperançoso (“O passado é história, o futuro é a vitória”). Acho que estou numa fase meio desencantada, mas me pergunto. Será que num mundo de mídia onde rolam tantos milhões de euros é tão difícil inventar um slogan que preste? Se Lamartine Babo fosse vivo, ele entregava 32 frases impecáveis, em troca de um salário-mínimo, uma média de café-com-leite e um pão com manteiga. E o mundo onde isso acontecia era melhor do que o nosso.
 
 
Braulio Tavares
(Mundo Fantasmo)