É noite. Meia noite. Ouço a obrigatoriedade das pancadas desse relógio. Minuto a minuto ele me desperta. Segundo a segundo conto a eternidade dos seus passos em meus ouvidos.
Lá fora ouço gritos, buzinas, gemidos, prenhez, pessoas que passam. Lá fora o tempo parece não ter a certeza do compasso dos relógios.
Vidas se desnudam sob minha janela. Uma ronda policial desperta a noite: sirenes rogativas, interseções e interrogações.
Cá dentro, um facho de lua risca o meu silêncio numa fração de tempo prateado.
Vagarosamente me levanto. Ergo os olhos nessa noite. A vida tem pressa lá embaixo. Tudo passa fugazmente, tudo caminha, em tudo há vida.
Ah, a vida! Ela tem a sucessividade desse relógio em minha parede.
É noite. É meia noite nesse quarto.
Teófilo Júnior
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