Objetivo é fazer com que a criança continue a aprender, mesmo internada
Todos os dias, quando sai para dar aulas, a professora Jane Leila Silva Mendonça, de 43 anos, não leva giz ou apagador. Depois de lecionar 24 anos para alunos da educação infantil e ensino fundamental na rede privada de ensino, Jane trocou a sala de aula regular pelas brinquedotecas adaptadas em salas de aulas no hospital infantil Darcy Vargas, em São Paulo. É lá que ela deve comemorar o Dia do Professor nesta sexta-feira (15). Ela é uma das educadoras contratadas pelo governo do estado de São Paulo para ensinar as crianças em idade escolar que estão internadas.
Mais do que giz ou apagador, Jane precisa de habilidade e discernimento para lidar com alunos que muitas vezes estão debilitados, têm de interromper as aulas para tomar medicamentos, não conseguem prestar atenção na explicação porque sentem dor e podem passar até anos dentro de um hospital.
O trabalho começa a partir do 15º dia de internação. Todas as crianças podem participar das aulas, independente da doença que têm, desde que aceitem. A participação não é obrigatória, mas fundamental para garantir que eles não percam o ano letivo e continuem o trabalho feito na escola.
Em todo o país, há mais 22 mil alunos estudandos em classes hospitalares, segundo o censo escolar de 2009. Em São Paulo, onde há 50 classes e 50 professores exclusivos para o programa, segundo a Secretaria de Estado da Educação, o atendimento é garantido por meio de uma lei estadual de 2000.
Para iniciar o trabalho, os professores entram em contato com a escola dos pacientes para não fugir do conteúdo que está sendo aplicado aos demais alunos. Relatórios com a produção das crianças são encaminhados periodicamente às instituições de ensino. Há casos em que os pacientes chegam a fazer avaliações no hospital. Para os mais debilitados, as aulas são dadas nos leitos.
"Quando trabalhava em escolas, buscava algo que não sabia o que era. Achava que tinha de me doar além da rotina da sala de aula, mas não sabia como. Agora encontrei a realização pessoal e profissional", disse Jane.
Como a rotatividade de pacientes é grande, as professoras podem dar aulas para crianças diferentes todos os dias. Por isso, uma das características necessárias para lecionar nas classes hospitalares é ser criativa. "Não dá para programar aula, como se fosse uma escola regular. Tenho de estar preparada para todos os públicos. É uma missão. É necessário se desdobrar, gostar demais e fazer tudo com muito amor", afirmou a professora.
Para Jane, um dos momentos mais marcantes destes quatro anos lecionando no hospital foi quando um garoto, que recebeu alta após muitos meses internado, ligou para avisá-la que estava no seu primeiro dia de aula na escola. "Trabalhar aqui exige muita doação, mas tem de ter equilíbrio. Às vezes me emociono, mas, se for sentar e chorar, não sirvo", afirmou Jane.
Internado desde 2 de outubro por causa de uma anemia falciforme, Ezequiel Santos Gomes de Oliveira, de 10 anos, que está na 4ª série, é um dos alunos do hospital Darcy Vargas. "Estou com saudades da escola. Gosto de matemática porque tem de fazer continhas, mas é bom poder estudar aqui", disse o garoto.
A mãe dele, Valmira Correia Santos, de 44 anos, contou que a atividade escolar deixou Ezequiel mais animado. "Ele está aqui, mas pelo menos está estudando. Eu acho bom, e ele adora."
Outro paciente que estuda no hospital é William Jeferson de Melo de Souza, de 7 anos, que, depois de contrair um vírus de um cachorro doente, passou muitas temporadas internado. "Tenho saudades da escola porque lá é bom, mas estou feliz por poder aprender aqui. Gosto de aprender a ler."
Na quarta-feira (13), Luygi Gustavo Mulatinho da Silva, de 9 anos, completou o 18º dia de internação porque estava com suspeita de leucemia. Nesse tempo, aproveitou os jogos da brinquedoteca e fez lições no ambulatório. "Gostei daqui, tem muitos brinquedos, livros, parece uma creche", afirmou o garoto, que esperava ter alta nos próximos dias.
Segundo o professor de psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Miguel Claudio Moriel Chacon, pesquisas indicam que as crianças que frequentam as aulas nos hospitais têm boa recuperação e passam menos tempo internadas. "Isto ocorre porque o foco não é mais a doença. Além do mais, quando há uma ocupação pedagógica, a criança está ali no hospital, mas ao mesmo tempo não está desprendida da escola."
Seminário
Entre 21 a 23 de outubro, o campus de Marília da Unesp sedia o Seminário em Saúde e Educação, que vai abordar os desafios da pedagogia em ambiente hospitalar. As inscrições podem ser feitas pelo site www.marilia.unesp.br até a próxima segunda-feira (18).
G1
Todos os dias, quando sai para dar aulas, a professora Jane Leila Silva Mendonça, de 43 anos, não leva giz ou apagador. Depois de lecionar 24 anos para alunos da educação infantil e ensino fundamental na rede privada de ensino, Jane trocou a sala de aula regular pelas brinquedotecas adaptadas em salas de aulas no hospital infantil Darcy Vargas, em São Paulo. É lá que ela deve comemorar o Dia do Professor nesta sexta-feira (15). Ela é uma das educadoras contratadas pelo governo do estado de São Paulo para ensinar as crianças em idade escolar que estão internadas.
Mais do que giz ou apagador, Jane precisa de habilidade e discernimento para lidar com alunos que muitas vezes estão debilitados, têm de interromper as aulas para tomar medicamentos, não conseguem prestar atenção na explicação porque sentem dor e podem passar até anos dentro de um hospital.
O trabalho começa a partir do 15º dia de internação. Todas as crianças podem participar das aulas, independente da doença que têm, desde que aceitem. A participação não é obrigatória, mas fundamental para garantir que eles não percam o ano letivo e continuem o trabalho feito na escola.
Em todo o país, há mais 22 mil alunos estudandos em classes hospitalares, segundo o censo escolar de 2009. Em São Paulo, onde há 50 classes e 50 professores exclusivos para o programa, segundo a Secretaria de Estado da Educação, o atendimento é garantido por meio de uma lei estadual de 2000.
Para iniciar o trabalho, os professores entram em contato com a escola dos pacientes para não fugir do conteúdo que está sendo aplicado aos demais alunos. Relatórios com a produção das crianças são encaminhados periodicamente às instituições de ensino. Há casos em que os pacientes chegam a fazer avaliações no hospital. Para os mais debilitados, as aulas são dadas nos leitos.
"Quando trabalhava em escolas, buscava algo que não sabia o que era. Achava que tinha de me doar além da rotina da sala de aula, mas não sabia como. Agora encontrei a realização pessoal e profissional", disse Jane.
Como a rotatividade de pacientes é grande, as professoras podem dar aulas para crianças diferentes todos os dias. Por isso, uma das características necessárias para lecionar nas classes hospitalares é ser criativa. "Não dá para programar aula, como se fosse uma escola regular. Tenho de estar preparada para todos os públicos. É uma missão. É necessário se desdobrar, gostar demais e fazer tudo com muito amor", afirmou a professora.
Para Jane, um dos momentos mais marcantes destes quatro anos lecionando no hospital foi quando um garoto, que recebeu alta após muitos meses internado, ligou para avisá-la que estava no seu primeiro dia de aula na escola. "Trabalhar aqui exige muita doação, mas tem de ter equilíbrio. Às vezes me emociono, mas, se for sentar e chorar, não sirvo", afirmou Jane.
Internado desde 2 de outubro por causa de uma anemia falciforme, Ezequiel Santos Gomes de Oliveira, de 10 anos, que está na 4ª série, é um dos alunos do hospital Darcy Vargas. "Estou com saudades da escola. Gosto de matemática porque tem de fazer continhas, mas é bom poder estudar aqui", disse o garoto.
A mãe dele, Valmira Correia Santos, de 44 anos, contou que a atividade escolar deixou Ezequiel mais animado. "Ele está aqui, mas pelo menos está estudando. Eu acho bom, e ele adora."
Outro paciente que estuda no hospital é William Jeferson de Melo de Souza, de 7 anos, que, depois de contrair um vírus de um cachorro doente, passou muitas temporadas internado. "Tenho saudades da escola porque lá é bom, mas estou feliz por poder aprender aqui. Gosto de aprender a ler."
Na quarta-feira (13), Luygi Gustavo Mulatinho da Silva, de 9 anos, completou o 18º dia de internação porque estava com suspeita de leucemia. Nesse tempo, aproveitou os jogos da brinquedoteca e fez lições no ambulatório. "Gostei daqui, tem muitos brinquedos, livros, parece uma creche", afirmou o garoto, que esperava ter alta nos próximos dias.
Segundo o professor de psicologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Miguel Claudio Moriel Chacon, pesquisas indicam que as crianças que frequentam as aulas nos hospitais têm boa recuperação e passam menos tempo internadas. "Isto ocorre porque o foco não é mais a doença. Além do mais, quando há uma ocupação pedagógica, a criança está ali no hospital, mas ao mesmo tempo não está desprendida da escola."
Seminário
Entre 21 a 23 de outubro, o campus de Marília da Unesp sedia o Seminário em Saúde e Educação, que vai abordar os desafios da pedagogia em ambiente hospitalar. As inscrições podem ser feitas pelo site www.marilia.unesp.br até a próxima segunda-feira (18).
G1
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