Nada mais bonito do que uma mulher que come bem, com gosto, paladar nas alturas, lindamente derramada sobre um prato de comida, comida com sustança. Os olhinhos brilham, a prosa desliza entre a língua, os dentes, sonhos, o céu da boca. Ela toma uma caipirinha, a gente desce mais uma, sábado à tarde, nossa doce vida, nossos planos, mesmo na velha medida do possível.
Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.
Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface ou rúcula.
A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, uma massa, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um barreado, um bife à milanesa, um chambaril, um torresmo decente, uma costela no bafo.
Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ''Os Desajustados'', quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida, abafa o caso.
Toda preocupação feminina agora está voltada para a estatística das calorias, as quatro operações da magreza absoluta, ditadura da tabuada, lero lero, vida noves fora zero. É como se todas fossem posar para a ''The Face'' do dia para a noite, fazer bonito nos editoriais de moda, vôte! Mal sabem que isso não tem, para homem que é homem, quase nenhuma importância.
François Truffaut, o francês cineasta, padrinho sentimental deste cronista, já alertava, em depoimentos registrados em suas biografias, o valor insuperável das mulheres normais e o seu belo mundo de pequenas imperfeições. Tudo sob medida das nossas taras sem réguas, sem balanças, sem trenas.
Além do prazer de vê-las comendo, coisa mais linda, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, cricris, chatas, dão mais trabalho na rua, em casa, no bar, pense no barraco!
Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.
Às fogazzas, aos pastéis, aos cabritos, ao sanduíche de mortadela, ao lombo, de lamber os lábios, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado, que capricha na carne e incentiva os seus pecados todos. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste...
O importante é reabrir o apetite das moças, pois homem que é homem, como diz meu velhíssimo mantra, não sabe sequer _nem procura saber_ a diferença entre estria e celulite.
Xico Sá
Copiei do Carapuceiro.
Pior é que não é mais tão fácil assim encontrar esse tipo de criatura. Como ficou chato esse mundo em que a maioria das mulheres não come mais com gosto, talher firme entre os dedos finos, mãos feitas sob medida para um banquete nada platônico.
Época chata essa. As mulheres não comem mais, ou, no mínimo, dão um trabalho desgraçado para engolir, na nossa companhia, alguma folhinha pálida de alface ou rúcula.
A gente não sabe mais o que vem a ser o prazer de observar a amada degustando, quase de forma desesperada, uma massa, um cuscuz marroquino/nordestino, um cabrito, um ossobuco, um barreado, um bife à milanesa, um chambaril, um torresmo decente, uma costela no bafo.
Foi embora aquela felicidade demonstrada por Clark Gable no filme ''Os Desajustados'', quando ele observa, morto de feliz, Marilyn Monroe devorando um prato. E elogia a atitude da moça, loa bem merecida, abafa o caso.
Toda preocupação feminina agora está voltada para a estatística das calorias, as quatro operações da magreza absoluta, ditadura da tabuada, lero lero, vida noves fora zero. É como se todas fossem posar para a ''The Face'' do dia para a noite, fazer bonito nos editoriais de moda, vôte! Mal sabem que isso não tem, para homem que é homem, quase nenhuma importância.
François Truffaut, o francês cineasta, padrinho sentimental deste cronista, já alertava, em depoimentos registrados em suas biografias, o valor insuperável das mulheres normais e o seu belo mundo de pequenas imperfeições. Tudo sob medida das nossas taras sem réguas, sem balanças, sem trenas.
Além do prazer de vê-las comendo, coisa mais linda, pesquisas recentes mostram que as mulheres com taxas baixíssimas de colesterol costumam ser mais nervosas, cricris, chatas, dão mais trabalho na rua, em casa, no bar, pense no barraco!
Nada mais oportuno para convencê-las a voltar a comer, reiniciá-las nesse crime perfeito.
Às fogazzas, aos pastéis, aos cabritos, ao sanduíche de mortadela, ao lombo, de lamber os lábios, ao churrasco de domingo para orgulho do cunhado, que capricha na carne e incentiva os seus pecados todos. E aquela fava, meu Deus, com charque, enquanto derrete a manteiga de garrafa, último tango do agreste...
O importante é reabrir o apetite das moças, pois homem que é homem, como diz meu velhíssimo mantra, não sabe sequer _nem procura saber_ a diferença entre estria e celulite.
Xico Sá
Copiei do Carapuceiro.
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