quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Os nosso bilionários

Os dados são de 2013-2014, mas os números absolutos não importam muito. Vi-os no saite da revista Exame (http://tinyurl.com/oyuvsk6), com dados da consultoria Wealth Insight.  Outras fontes dão outros números, por diferença de metodologia. Uma fortuna inclui ações e outros papéis (e seu valor momentâneo), participação em lucros, contratos vigentes, valor de propriedades imobiliárias, etc. 

Mas, resumindo: a matéria diz que o Brasil ganharia 17 mil milionários em 2014, 8,9% a mais em relação a 2013, que era de 194.300 milionários. A estimativa é de que com mais cinco anos, em 2018, haja no país um total de 407 mil milionários. (Como esses cálculos são estrangeiros, imagino que o critério seja o dólar, ou seja, milionário é quem tem mais de um milhão de dólares, ou 2 milhões e meio no câmbio atual, mais ou menos). E os bilionários?  Cito: “Em 2012, o país tinha 49 bilionários com uma fortuna combinada de US$ 300 bilhões. Neste ano, o país ganhou um bilionário, mas o total acumulado entre eles caiu 13,7%, para 259 bilhões de dólares. Eike [Batista] é responsável por aproximadamente metade desta queda.”

Não acho, como os anarquistas barbudos, que toda propriedade é um roubo. Vai ver que uma boa fatia desse dinheiro é dinheiro justo, de quem (pra usar o jargão vigente) aqueceu a economia, gerou empregos, botou produtos nas prateleiras, pagou seus impostos.  Muitos herdaram suas fortunas, e, como já disse um aristocrata inglês, “quem herda dinheiro roubado não roubou”.

Precisamos de uma revista misturando a Forbes e a Nature, para estudar cientificamente os bilionários e milionários. Dinheiro transforma a gente. Eu mesmo, quando estou com a conta bancária cheia de zeros, fico com 10 metros de altura e 900 anos de vida pela frente.  Só não saio voando porque os bolsos estão pesados.  E esses caras? Em que pensam? Que tipo de olhar eles dirigem para os pobres? (Não falo dos famintos do Sudão ou da Nigéria: falo de mim e dos meus leitores.) São indivíduos soturnos, misantrópicos, de cérebro lagartiforme, faturando fortunas a golpes de ambição e de perfídia?  São hedonistas construindo palacetes submarinos, satélites-de-lazer, bordéis repletos de andróides e ginóides?  São capitalistas truculentos à velha moda, esmagando a concorrência, jogando dez mil famílias na miséria enquanto cuidam da catarata do seu rotweiler? Mistério.

Bilionários e milionários, sejam eles xeiques sauditas, executivos de Manhattan ou playboys latino-americanos, são uma nova espécie criada em nosso tempo, e estudá-los pode lançar luz sobre o rombo no casco do nosso Titanic, mesmo que já seja tarde demais para consertá-lo.


Bráulio Tavares
Mundo Fantasmo

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