quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A Sociedade do Conhecimento e os desafios que não enfrentamos

As universidades e escolas técnicas assumem um papel preponderante, pois elas deveriam formar o capital intelectual necessário ao incremento da vantagem competitiva
Na Sociedade do Conhecimento, a melhor qualificação dos funcionários, o emprego adequado das novas tecnologias da informação e da comunicação e a busca constante pela inovação passaram a ser os parâmetros determinantes na avaliação do valor das empresas. No contexto atual os mercados se tornam cada vez mais competitivos e obrigam as empresas a se prepararem para enfrentar os desafios de médio e longo prazo.
O entendimento do conhecimento como um de seus ativos intangíveis mais importantes é um fato recente, surgido a partir do final do século passado. Eles é que vão formar o capital intelectual da empresa, que obrigatoriamente deve ser gerido a partir da verificação de que cada um dos colaboradores está aplicando os saberes e as competências para agregar valor aos produtos desenvolvidos.
Todas estas idéias começaram a ganhar corpo com os estudos realizados por Peter Drucker e por Michael Porter, dois renomados especialistas da administração de empresas.Drucker afirmou que “no passado, as fontes naturais da vantagem competitiva eram o trabalho e os recursos naturais e agora, a chave para construir a riqueza das nações é o conhecimento”. Porter ressaltou que o sucesso competitivo das empresas não pode ser encarado como uma guerra, em que só alguns sobrevivem.
Acho interessante o seu entendimento de que a palavra estratégia pode significar qualquer coisa: para uns, estratégia é crescer, para outros, fazer aquisições que aumentem os limites de atuação da empresa, ou mesmo ampliar o número de clientes.
Porter ressalta que, na luta pelo sucesso, as empresas devem buscar uma vantagem competitiva, e isto ocorre escolhendo um caminho diferente do tomado pelos outros.
Quando os espanhóis lançaram o seu TGV (trem de alta velocidade) entre Barcelona e Madrid, derrubaram as companhias aéreas de baixo custo que não acreditavam numa oferta diferente, embora mais cara, que satisfizesse as exigências dos clientes. Os clientes que trocaram o avião pelo trem olharam para o valor agregado. A queda na procura pelas companhias aéreas foi drástica. O foco está em criar um valor superior para um público-alvo selecionado, e não em medir forças com a concorrência.
As micro e pequenas empresas desempenham um papel importante na economia do país, já que representam mais de 95% das empresas existentes e respondem por mais de 60% dos postos de trabalho e 40% da massa salarial. Entretanto, como em quase todos os países, elas têm grande dificuldade na gestão dos seus ativos intangíveis, e devemos apoiá-las na identificação de parâmetros que permitam uma boa gestão do capital intelectual.
As universidades e escolas técnicas assumem um papel preponderante, pois elas deveriam formar o capital intelectual necessário ao incremento da vantagem competitiva. Este é um aspecto que vai nos trazer problemas sérios no futuro próximo pois, na verdade, será que acreditamos que a nossa educação superior e o nosso ensino técnico, ou o médio, estão formando profissionais capazes de atender às necessidades das empresas? Por que pouquíssimas das nossas universidades estão buscando a internacionalização? As micro e pequenas empresas já compreenderam o real valor da estratégia competitiva? Elas estão sendo orientadas para isso?
Sociedade do Conhecimento  (Foto: Arquivo Google)

Paulo Alcântara Gomes

Nenhum comentário: