Pondé fala sobre patrulha, pessimismo, igreja e nova classe média.
Folha
O filósofo Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha desde 2008, tornou-se uma espécie de porta-voz do "politicamente incorreto". "Há espaço para falar dos limites do politicamente correto. Há uma onda, e reconheço que, de certa forma, faço parte dela." Pondé participou ontem, no Teatro Folha, de sabatina Folha/UOL mediada pelo editor da Ilustríssima, Paulo Werneck, com a repórter especial da Folha Laura Capriglione, o repórter do UOL Rodrigo Bertolotto e Francisco Borba, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP. Leia trechos abaixo.
Onda do incorreto.
Se mais de 100 mil pessoas compram o "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", é porque há um público de saco cheio porque antes não tinha acesso a certo tipo de informação.
"Patrulha"
O politicamente correto nasce quase como necessidade de educação doméstica. Nasce do fato de que, num certo momento, nos EUA, você começa a ter negros circulando em restaurantes aonde só brancos iam, e aí [o branco] precisa se comportar. Do ponto de vista social, responde aos movimentos de grupos sociais que ascendem ao espaço econômico. Mas acabou se transformando numa espécie de censura, de patrulha, de lobby para eliminar quem não concorda com quem tem o poder institucional. Nesse sentido, acho imoral. Não sei se você precisa alterar livros de literatura para conseguir uma reflexão razoável sobre racismo. O politicamente correto começa como tentativa de criar mal-estar e acaba em processos jurídicos. Minha dúvida é se o bom comportamento é conseguido pela imposição.
Comodismo.
O pessimismo não é cômodo. A tradição filosófica pessimista, ou trágica, é profundamente produtiva, produziu os filósofos e pensadores mais importantes da história. Ao contrário, o otimismo público é que gerou uma espécie de discurso vazio. É fácil virar para uma classe de 40 alunos de 18, 19 anos e dizer que eles podem mudar o mundo. Difícil é dizer: "Vocês não sabem nada, podem começar do zero. Por mais que você ache sua mãe uma besta, ela sabe mais que você, que leu meio livro e teve um professor de sociologia que disse como o mundo é".
Igreja.
O único preconceito aceito hoje em dia é aquele contra católico. Isso é uma coisa assumida entre todo mundo que se diz inteligente.
Nova classe médiaA nova classe média é o orgulho nacional, até com razão, porque um país rico precisa de uma classe média que consuma. A questão é que é uma classe que quer ter uma TV de tela plana, mas com dignidade. Porque acha que tem valores familiares que aquela pessoa que ganha bem há muito tempo não tem.
Leia na íntegra em
folha.com/nº996622
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