segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma....
Francisco Buarque de Holanda
Foto Delaney
Histeria
Desde Freud, a psicologia busca uma explicação para a histeria nas teorias da personalidade volátil, histriônica; a psicanálise a atribue a conflitos edipianos. Apesar das negativas de que a histeria seja uma enfermidade feminina, as questões da feminilidade ainda são centrais na teoria psicanalítica. O psicanalista britânico Gregorio Kohon afirmou que todas as mulheres passam, em seu desenvolvimento psicossexual, por uma fase histérica em que transferem seus desejos da mãe para o pai. Segundo Kohon, "no fundo do coração, a mulher permanece uma histérica para sempre.
A psicanalista francesa Janine Chasseguet-Smirgel formulou a hipótese da "aptidão femina para a somatização". As mulheres, declara ela, transformam emoção em manifestações físicas porque têm sexualidade mais difusa que a masculina. Em vez de centrar-se num único órgão visível, a sexualidade feminina torna o corpo inteiro disponível para o simbolismo sexual.
In Elaine Showalter. Histórias Histéricas: A Histeria e a Mídia Moderna.
Rio de Janeiro: Rocco, 2004. Tradução: Heliete Vaitsman
domingo, 30 de outubro de 2011
Na consulta médica
Seguiu o meu conselho e dormiu de janela aberta? – pergunta o médico.
_ Segui – responde o paciente.
_ E a asma despareceu?
_ Não, mas o relógio, a TV, o iPod e laptop sumiram.
_ Segui – responde o paciente.
_ E a asma despareceu?
_ Não, mas o relógio, a TV, o iPod e laptop sumiram.
sábado, 29 de outubro de 2011
Foto Stefan Rappo
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa
7 bilhões de pessoas, e agora?
Estamos, neste mês, ultrapassando a barreira dos sete bilhões de humanos em todo o mundo. Ao passo que isso representa um número histórico, também representa um dado bastante preocupante e assustador. A marca nos impõe uma reflexão não apenas sobre os impactos globais, mas, sobremaneira, nos leva a análise de como, particularmente, eu e você nos situamos, e que papel estamos representando nesse universo de 7 bilhões de vidas humanas na terra. É evidente que os problemas enfrentados hoje não são os mesmo do início do século XX.
Apenas para nos situarmos, é imperioso dizer que em 1930 a população humana beirava os dois bilhões. 80 anos mais tarde, chegamos a triplicar esse número. É óbvio que esse crescimento constante e acelerado vem trazendo prejuízos insustentáveis não só para a relação entre pessoas, mas também para a nossa íntima relação com o nosso planeta e o ecossistema. Pequenos gestos pessoais passaram a ter grande significação para a continuidade harmoniosa da vida na terra.
Previsões nos apontam para uma população de nove bilhões de pessoas em 2045, isso levando-se em conta uma suposta retração de crescimento populacional na China impulsionada por um suposto e futuro estrangulamento financeiro daquele país. Claro que nove bilhões de pessoas nos parece, por esta ótica, um número até otimista quando ignora a capacidade de expansão, superação e crescimento econômico de países e continentes. O certo é que nove bilhões de pessoas é um número temível!
A incessante competição por recursos, seja econômicos ou naturais, atingirá níveis preocupantes em todo o planeta. E não me refiro apenas aos recursos de exploração mediata, mas os mais nobres, elementares e básicos como água e alimento.
Some-se a isso que uma corrida desenfreada em busca dessas condições básicas de sobrevivência num universo inflacionado de pessoas, atingirá, frontalmente não apenas a natureza, mas a própria condição do homem, mergulhada num pensamento humano que não tem evoluído na mesma proporção demográfica.
É evidente que todo esse quadro de pressão populacional no mundo constitui, igualmente, enorme desafio político em todos os seus aspectos, sob pena de estarmos irremediavelmente mergulhados num mundo de risco e insegurança. E o que é pior: em constante ebulição social com imprevisíveis mutações dos valores morais, humanos e até religiosos.
É preciso fechar a torneira.
Teófilo Júnior
Outubro de 2011
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Mi querido comandante
O diálogo a seguir relata os últimos dias de uma ditadura decadente de um país fictício da América do Sul, chamado Pindorama.
De forma bem humorada, com certa dose de sarcasmo e cinismo, o Comandante em chefe do país em crise dialoga com seu subalterno sobre as situações mais importantes para aqueles últimos dias de “reinado”.
Segue o diálogo, em um portunhol de terceiro mundo:
O Comandante está sentado em sua confortável poltrona dourada,, degustando um legítimo cubano na mão direita e uma dose de whisky na esquerda, eis que adentra ao recinto de descanso do Comandante seu fiel escudeiro o Capitão Fulgêncio, preocupado e ofegante, quase berrando:
Capitão Fulgêncio: Mi General, mi General tenemos que abandonar el palacio Mil Flores ahora, pois una cambada de ordinários se acerca rápido, creo que quieren derrocar al régimen
Comandante: – (falando com calma, mas fazendo um tipo “tirano”).
Calma capitán, todavía tenemos gente de nuestro lado, y, en última instancia, el paredon acalmará los manifestantes
Capitão Fulgêncio: –My Comandante, usted no ve que estos bárbaros quieren sangre?
Comandante: – (Com ar de reflexão) Capitán, ¿quién paga ese cigarro que estoy fumando?
Capitão Fulgêncio: – El pueblo, mi comandante en jefe, el pueblo.
Comandante: - Capitán, ¿quién paga el whisky escocés legítimo que estoy degustando?
Capitão Fulgêncio: El pueblo, mi comandante iluminado.
Comandante: Entonces, ¿qué te importa hombre? el pueblo siempre termina pagando el pato, el tabaco, el whisky! Que se foda el pueblo!!!!!
Capitão Fulgêncio: My Comandante, estoy vendo que hay un líder dos los rebeldes.
Comandante: ¿Quién es?, Sería el loco de Hugo Chávez?
Capitão Fulgêncio: No, mi capitán!
Comandante: ¿El idiota de Obama?
Capitão Fulgêncio: – No creo mi comandante
Comandante: - ¿Lo sé, es o pervertido del Gaddafi?
Capitão Fulgêncio: - Gracias a Dios no, pero parece que tiene un enorme bigote.
Comandante: - ¿No creo que es la mumia de Fidel?
Capitão Fulgêncio: Um, no creo mi comandante en jefe.
Comandante: Por lo tanto, sólo puede ser el inteligente Lula.
Capitão Fulgêncio: Tampoco mi maestro, sólo tiene que esperar un poco, és peor de lo que pensaba, es el SARNEY!!!!!!!!!!
Comandante: (com ares de preocupação extrema) Puta que ô pariu, ahora fudeu!!!
Tarciso Melo
Brasília, setembro de 2011.
by: tarcisomelo@yahoo.com.br
P.S. Tarciso é filho natural de Pombal, advogado radicado em Brasília.
Recebi, no final de tarde, a visita desse simpático casalzinho que se encontraram, por acaso, em minha calçada.
Sara, filha do Airton e Seane, e Pedro Neto, filho de Morgana e Frank, vieram colorir essa minha tarde de chumbo. De sobra, a roda de amigos logo aumentou com a chegada de Yan e Arthur.
Pronto, a patotinha esteve completa!!!
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Correspondência ao amigo
“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida”. ( John Dewey)
De fato, os ares do novo século não conseguiram trazer consigo um rumo ou um porto seguro onde aportar as questões mais iminentes e cruciais que circundam toda a problemática da educação no Brasil.
Além de todas as nuances insertas em sua missiva, uma outra pulula com tamanha gravidade: a educação brasileira carece de uma identidade própria, capaz de ser suficiente para formar pessoas na mais ampla concepção da palavra. O que vemos é um sistema indeciso e mediatista, voltado para resultados e pontuações quantitativas, e o que é pior, alheio à necessidade de realizar profundas mudanças a médio e curto prazo. Um sistema que não consegue equacionar, promover e consolidar a situação de seus próprios agentes de ensino, não pode ter respeito com o passado nem compromisso com o futuro. Qualquer medida séria de incremento em qualquer sistema educacional no mundo passa, obrigatoriamente, pela preparação e consolidação desses heróis professores.
Entrementes, o quadro educacional brasileiro é tão grave que seus tímidos resultados não são visíveis apenas entre os educandos, eles se exteriorizam sobremaneira nos educadores, desestimulados ante um quadro de astenia que parece não ter fim.
Mas, precisamos não perder as esperanças, adormecer os sonhos.
Quiçá estejamos próximos de uma revolução percuciente, sem armas, suficiente para colocar a educação desse país verdadeiramente dentro da sala de aula, alcançando a todos.
Teófilo Júnior
Deus escreve certo...
Após um naufrágio, o único sobrevivente agradeceu a Deus por estar vivo e ter conseguido agarrar-se a parte dos destroços para poder ficar flutuando.
Este único sobrevivente foi parar em uma pequena ilha desabitada, longe de qualquer rota de navegação, e ele agradeceu novamente.
Com muita dificuldade e restos dos destroços, ele conseguiu montar um pequeno abrigo para que pudesse proteger-se do sol, da chuva, de animais e, também, para guardar seus poucos pertences, e como sempre agradeceu.
Nos dias seguintes, a cada alimento que conseguia caçar ou colher, ele agradecia.
No entanto, um dia, quando voltava da busca por alimentos, ele encontrou o seu abrigo em chamas, envolto em altas nuvens de fumaça.
Terrivelmente desesperado, ele se revoltou. Gritava chorando: "O pior aconteceu! Perdi tudo! Deus, por que fizeste isso comigo?" Chorou tanto, que adormeceu profundamente cansado.
No dia seguinte, bem cedo, foi despertado pelo som de um navio que se aproximava.
-"Viemos resgatá-lo", disseram os tripulantes da embarcação.
-"Como souberam que eu estava aqui?", perguntou ele.
- "Nós vimos o seu sinal de fumaça"!
É comum nos sentirmos desencorajados e até mesmo desesperados quando as coisas vão mal. Mas Deus age em nosso benefício, mesmo nos momentos de dor e sofrimento.
Lembrem-se: se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça que fará chegar até você a Graça Divina. Para cada pensamento negativo nosso, Deus tem uma resposta positiva.
Passe essa mensagem para as pessoas que você conhece e quer bem. Alguém
pode estar precisando...
Autor Anônimo
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Biscoitos Sortidos
Descobri recentemente que uma das causas mais profundas de minha depressão se encontra na infância. Acredite! Tudo culpa de uma despretenciosa marca de biscoitos que existia naquela época e que ainda hoje vejo por ai. Os biscoitos Sortidos. Os mais jovens não sabem, mas naqueles tempos não havia essa diversidade de opções alimentares tão presentes em nossos dias. Uva custava uma fortuna e a gente só comia - pelo menos comigo era assim - se estivesse doente; maçã era outra iguaria inimaginável de se consumir, ao menos que se estivesse com algum “disfrusco”. Lembro bem que as maçãs se punham embaladas em papel seda azul (ou era lilás?), uma a uma. Iogurte então nem pensar, era coisa de rico. Coca-Cola também era outra estravagância tolerável somente no almoço do domingo e olhe lá, quase sempre a gente se esbaldava mesmo era no “Ki-Suco” de groselha servido com gelo numa “poncheira” plástica amarela, de tampa verde e em formato de abacaxi.
Mas enfim, cresci lanchando biscoitos Sortidos. De certo modo, era uma decepção! Abria a caixa e me deparava com exatos dois biscoitos chamados “champagne” ( nunca descobri a razão desse pomposo nome até hoje) e alguns outros poucos de chocolate. O resto mesmo, e na sua grande maioria, eram biscoitos Maria. Ou seja, não havia nada de sortido, apesar do nome estampado na caixa.
Em casa, após devorar os biscoitos que realmente valiam a pena, os “champagnes”, eu era obrigado a comer todo o resto sob pena e a advertência de não poder abrir a próxima caixa.
Essa relação mal resolvida com os biscoitos “champagne” só podia dar no que deu: depressão infanto-juvenil!
- É camarada, na minha família, por vezes, o método de educação era Piaget, por vezes Pinochet. Por isso fiquei irremediavelmente assim...
Teófilo Júnior
A meu filho
Há sorrisos que são borrachas.
Vivem a apagar a sisudez da vida!
Há sorrisos que são ternuras.
Pincéis que colorem as nossas dores!
Há sorrisos que nos enternecem a alma.
Há sorrisos que são amores.
Há sorrisos que encorajam sorrisos alheios.
Uns, nos embalam os sonhos.
Outros..., outros enfeitam jardins,
São flores!
Teófilo Júnior
Poeta por pura falta de competência!
Vivem a apagar a sisudez da vida!
Há sorrisos que são ternuras.
Pincéis que colorem as nossas dores!
Há sorrisos que nos enternecem a alma.
Há sorrisos que são amores.
Há sorrisos que encorajam sorrisos alheios.
Uns, nos embalam os sonhos.
Outros..., outros enfeitam jardins,
São flores!
Teófilo Júnior
Poeta por pura falta de competência!
"Cá entre nós" no mundo
Graças a você, amigo internauta, alcançamos esta semana a marca de 130 mil acessos em todo o mundo.
Dentre as mais variadas nacionalidade, o blog está sendo acessado em vários países, com destaque para:
Brasil 116.687 acessos
Portugal 6.937 acessos
Estados Unidos 5.131 acessos
Alemanha 875 acessos
Dinamarca 335 acessos
Canadá 224 acessos
Rússia 190 acessos
Moçambique 137 acessos
Reino Unido 116 acessos
Obrigado a todos!!
*Os dados são fornecidos pelo Google
Dentre as mais variadas nacionalidade, o blog está sendo acessado em vários países, com destaque para:
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O que é bonito para mim?
Em nossos dias o sentimento do belo foi reduzido à mera apreciação de mercadorias. Ninguém se preocupa com o que é “belo” para si mesmo, ou com o que “parece belo”. Dizemos que algo é bonito sem muita reflexão. Sem grandes investigações internas e pessoais sobre o modo como “eu mesmo” sou capaz de formular este juízo sobre alguma coisa ou mesmo uma pessoa. Como posso julgar a beleza de algo? E como posso dizer que alguém é ou não belo, ou “bonito”? Esta questão nascida com a cultura até hoje não foi resolvida.
Terceirizamos a beleza há muito tempo. Por um lado porque nunca foi fácil tê-la. Por outro lado, não foi simples dizer o que ela era e definir seu rumo. Até hoje padecemos da confusão em relação a um parâmetro. Cada época inventou o seu. E sempre evitamos uma apreciação original que parta da sensibilidade própria a cada um. Por isso, tantos de nós pedem desculpas quando, em exposições ou diante de um filme mais complexo, percebem que “não entendem de arte”. Mas tentaram entender?
Decidir sobre a beleza ou usá-la é algo que não fazemos sem o aval de especialistas. Chamamos os filósofos, os críticos, e até os artistas que nem sempre conhecem as teorias da arte. É claro que ninguém precisa conhecê-las. O público leigo também não tem esta obrigação. Porém, enquanto isso, os especialistas comandam o gosto coletivo e individual, definem o que é o bom e o mau gosto. Aquele que determina o gosto é dono de um poder importantíssimo. Ele administra o reino da aparência e, com ele, do desejo das pessoas pelas coisas. Mas se alguém administra meu desejo estou perdendo de fazer algo importante na vida.
Os gregos representavam Afrodite, a deusa da beleza, como uma bela jovem. Junto dela aparecia Eros, o deus do amor, na forma de um querubim a portar uma flecha e de olhos vendados sempre pronto a ferir aquele que, encantado pela beleza, mirava-a perplexo. A beleza sempre esteve junto do amor e foi a sua maior isca. Até hoje, ela desperta paixões naturais ou, bem administrada é capaz de produzi-las.
Querer a beleza, decidir sobre ela
Todos querem a beleza. Até hoje, quem consulta o galerista para saber que obra de arte acompanhará a decoração das paredes, até quem segue as dicas de um cabeleireiro, passando por quem se veste de acordo com a moda e faz a ginástica indicada, todos somos reféns de padrões estéticos que não elegemos, mas pelos quais pagamos o preço. No pacote vem o direito de não precisar decidir. E não se trata de uma obrigação da qual nos desincumbimos. Mas de um direito que não desejamos. E, mais do que um gosto que perdemos, é porque perdemos justamente “o gosto”, a capacidade da apreciação estética que sustenta a sensibilidade e evita a anestesia geral para o prazer e também para o sofrimento em relação a si mesmo e o outro.
De um lado temos, em nossa vida cotidiana, que decidir sobre a beleza das coisas. É difícil pensar que algo seja belo independente de seu valor de mercado, seja o mercado dos bens materiais, dos objetos de decoração, das roupas, da arquitetura, dos carros. Se todos querem as coisas belas pagam pelo belo e o obtém. Hesíodo, o poeta grego, conta que as musas diziam que “o que é belo é caro, o que não é belo não é caro”. Talvez o valor neste caso não fosse o da riqueza material apenas, mas também espiritual. Neste ponto, o único sofrimento em relação ao alcance do belo é o do poder de compra de cada um. Mas isso não reduz o sentido do que é realmente “belo” para cada um de nós?
A beleza de nossos corpos
De outro lado, além de julgar a beleza das coisas, há um julgamento sobre a beleza que se dirige ao corpo de cada um. Acostumamos a pensar a beleza de nossos corpos também dentro de um mercado que, tanto quanto a medida e a forma dos objetos em geral, também estabelece a forma dos corpos. Mas o corpo humano não pode ser pensado como uma coisa. Isto seria reduzi-lo a objeto que podemos manipular, trocar e vender: a conseqüência seria a legitimação da prostituição, da escravidão e até da tortura.
As obras de arte nos ajudam a recriar sentimentos
A padronização do gosto atual sobre nossos corpos é proporcional à desvalorização de nosso sentimento para o belo. É o próprio valor do belo e, antes dele, o valor do sentimento que ruiu em nossa sociedade. É claro que, diante disso, o corpo de cada um é esquecido por ele mesmo.
A desvalorização do sentimento do belo em favor de sua aplicação à mera qualidade das coisas que podem ser vendidas ou compradas mostra o declínio da subjetividade nos dias de hoje. As obras de arte ainda nos ensinam o gosto. Quem tem paciência para a contemplação ou coragem para o desafio que elas implicam poderá descobrir a sutileza da experiência estética. A experiência com o olhar ou a audição, e também com a gustação, o olfato e o tato, podem nos ajudar a chegar mais perto das coisas e descobrir nelas a “beleza”, ou seja, aquilo que nelas nos toca e tem a chance de colocar poesia em nossa vida e nos salvar das meras mercadorias.
Marcia Tiburi
Publicado originalmente em Vida Simples.
O politicamente correto, às vezes, chega a ser imoral
Pondé fala sobre patrulha, pessimismo, igreja e nova classe média.
Folha
O filósofo Luiz Felipe Pondé, colunista da Folha desde 2008, tornou-se uma espécie de porta-voz do "politicamente incorreto". "Há espaço para falar dos limites do politicamente correto. Há uma onda, e reconheço que, de certa forma, faço parte dela." Pondé participou ontem, no Teatro Folha, de sabatina Folha/UOL mediada pelo editor da Ilustríssima, Paulo Werneck, com a repórter especial da Folha Laura Capriglione, o repórter do UOL Rodrigo Bertolotto e Francisco Borba, coordenador do Núcleo de Fé e Cultura da PUC-SP. Leia trechos abaixo.
Onda do incorreto.
Se mais de 100 mil pessoas compram o "Guia Politicamente Incorreto da América Latina", é porque há um público de saco cheio porque antes não tinha acesso a certo tipo de informação.
"Patrulha"
O politicamente correto nasce quase como necessidade de educação doméstica. Nasce do fato de que, num certo momento, nos EUA, você começa a ter negros circulando em restaurantes aonde só brancos iam, e aí [o branco] precisa se comportar. Do ponto de vista social, responde aos movimentos de grupos sociais que ascendem ao espaço econômico. Mas acabou se transformando numa espécie de censura, de patrulha, de lobby para eliminar quem não concorda com quem tem o poder institucional. Nesse sentido, acho imoral. Não sei se você precisa alterar livros de literatura para conseguir uma reflexão razoável sobre racismo. O politicamente correto começa como tentativa de criar mal-estar e acaba em processos jurídicos. Minha dúvida é se o bom comportamento é conseguido pela imposição.
Comodismo.
O pessimismo não é cômodo. A tradição filosófica pessimista, ou trágica, é profundamente produtiva, produziu os filósofos e pensadores mais importantes da história. Ao contrário, o otimismo público é que gerou uma espécie de discurso vazio. É fácil virar para uma classe de 40 alunos de 18, 19 anos e dizer que eles podem mudar o mundo. Difícil é dizer: "Vocês não sabem nada, podem começar do zero. Por mais que você ache sua mãe uma besta, ela sabe mais que você, que leu meio livro e teve um professor de sociologia que disse como o mundo é".
Igreja.
O único preconceito aceito hoje em dia é aquele contra católico. Isso é uma coisa assumida entre todo mundo que se diz inteligente.
Nova classe médiaA nova classe média é o orgulho nacional, até com razão, porque um país rico precisa de uma classe média que consuma. A questão é que é uma classe que quer ter uma TV de tela plana, mas com dignidade. Porque acha que tem valores familiares que aquela pessoa que ganha bem há muito tempo não tem.
Leia na íntegra em
folha.com/nº996622
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Pontuação
Sentindo a proximidade da morte, uma milionária dona de uma grande multinacional pediu papel e caneta e escreveu de maneira sucinta o seu testamento:
- Deixo os meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do alfaiate nada aos pobres.
Tomada de mal repentino, não teve tempo de executar a pontuação no texto que acabara de escrever – e morreu. A quem ela deixava a fortuna que tinha? Eram quatro os concorrentes.
Chegou o sobrinho e fez estas pontuações numa cópia do testamento:
- Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do alfaiate! Nada aos pobres!
A irmã do falecida chegou, com outra cópia do texto do testamento, e pontuou-o nestes termos:
- Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho! Jamais será paga a conta do alfaiate! Nada aos pobres!
Surgiu então o alfaiate que, pedindo a cópia do testamento original, fez estas pontuações:
- Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate. Nada aos pobres!
E o litígio estava formado, quem herdaria? O juiz estudava o caso, quando chegaram os pobres da cidade. Um deles, mais sabido, tomando outra cópia do testamento, pontuou-o assim:
- Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do alfaiate? Nada! Aos pobres!
Moral da história: Clareza é tudo.
Pernambuco Infection Week!
- Téta, que roupa linda! De onde é?
- Ah, é uma coprodução Pernambuco/Estados Unidos. Feita com material de lixo hospitalar!
Esse diálogo é fictício, mas bem que poderia ter sido verdadeiro.
Isso porque um Zé Mané da estrela, empresário do ramo de confecção do maior pólo têxtil do Estado, achou que iria ser bacana comprar lixo hospitalar dos americanos e transformar os lençóis e batas médicas (sujos de sangue) em forros para bolsos!
Veja bem, que ideia de jerico. #bandido
E não pense você, cidadão de Brasília, São Paulo ou Curitiba que só nós, nordestinos, estamos sujeitos às peripécias mal intencionadas do desonesto empresário (que atende pelo nome de Altair Teixeira).
Se você tem uma calça jeans, coisa bem provável, existe uma possibilidade grande do seu bolso ter sido feito com o resto de algum lençol de um enfermo terminal gringo.
É, caros, Seu Altair também vendia seu produto para outros Estados!
Num é mole não.
Dudu (leia-se, o Governador deste digníssimo Estado), está virado na moléstia (como se diz no interior, quando o cabra tá revoltado). E não é pra menos!
Um empresário só foi capaz de derrubar 60% das vendas de um dos negócios mais lucrativos e estáveis da região.
É sacanagem, pô.
Santa Cruz do Capibaribe, cidade a 180 km do Recife, onde fica a tratante empresa Império dos Forros, tem empresas sérias e pessoas honestas. Aí, chega esse larápio e mancha (de sangue hospitalar) a reputação de uma cidade inteira! De um Estado inteiro.
E Dona Maria, que tem uma maquininha de costura na sua garagem e vende pijamas na feira de Caruaru e de Santa Cruz, para sustentar honestamente seus 4 filhos, como fica nessa história toda? Ela nem sabe onde fica os Estados Unidos e está sem entender porque ninguém mais quer comprar seus pijamas.
Sim, este é um clássico exemplo de quando uma maçã podre estraga todo o cesto de maçãs.
E Obama? E a consulesa dos EUA no Nordeste que disse que, pelas leis americanas, é permitido exportar lixo?
Manda exportar lá pra casa da mãe dela. Aqui não, minha filha...
É muita falta de absurdo!
Por mim, era prisão perpétua pra Seu Altair e para os americanos “espertos” que, com essa maracutaia, atrasam o crescimento e desenvolvimento de uma região que luta, com todas as forças, para superar as dificuldades do Agreste castigado pelo sol e pela seca.
Dudu (Eduardo Campos), colega, antes de prender esse cabra, dá uns cascudos nele por mim, beleza?
Téta Barbosa
Jornalista e publicitária
domingo, 23 de outubro de 2011
São outros quinhentos
Quando você usa essa expressão para separar uma história de outra, está seguindo uma tradição ibérica do século 13. Quinhentos era o valor em soldo (moeda antiga de Portugal) que os fidalgos tinham o direito de receber na justiça, caso sofressem algum tipo de injúria. Se a vítima não pertencesse à mesma hierarquia, a indenização a que tinha direito era de apenas 300 soldos. No direito português antigo, a diferença de tratamento entre nobre e as pessoas do povo era comum. Se o mesmo agressor proferisse mais uma ofensa, poderia pagar “outros quinhentos” de multa.
Fonte
Aventuras na história
Os protestos dos juízes federais (Editorial)
Deu no O Estado de S. Paulo.
A falta de sensibilidade política demonstrada por alguns setores da magistratura, quando defendem seus benefícios funcionais e interesses corporativos, está enodoando a imagem da categoria perante a opinião pública.
A falta de sensibilidade política demonstrada por alguns setores da magistratura, quando defendem seus benefícios funcionais e interesses corporativos, está enodoando a imagem da categoria perante a opinião pública.
As últimas demonstrações de inabilidade foram dadas pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), que representa 2 mil magistrados.
Há duas semanas, a Ajufe fez duras críticas à corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, que questionou o acordo firmado pela associação com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para a promoção de um torneio na Granja Comary.
O torneio de futebol da magistratura estava marcado para 12 e 13 de outubro e, pelo acordo, a CBF cederia o campo e arcaria com despesas de hospedagem. O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está sendo acusado de enriquecimento ilícito e de lavagem de dinheiro, razão pela qual a ministra Eliana Calmon afirmou que os juízes federais não podem receber favores de quem é parte em processo judicial, ameaçando tomar providências contra a Ajufe, caso o torneio fosse realizado.
A direção da entidade alegou que os juízes federais não receberiam vantagens financeiras da CBF e que a Ajufe é uma entidade associativa privada, não podendo ser investigada pelo CNJ, mas o torneio não foi realizado.
No último fim de semana, a Ajufe anunciou que suspenderá as atividades da Justiça Federal no dia 30 de novembro, para pressionar a Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados a aprovar o projeto de reajuste salarial do Judiciário.
Alegando que a magistratura federal teve seus salários reajustados em 110% entre 2002 e 2010, enquanto a inflação no período foi de 56,7%, o governo pediu à sua bancada que travasse a tramitação do projeto. A suspensão das atividades judiciais coincidiria com a Semana Nacional de Conciliação.
Organizado pelo CNJ, o objetivo do evento é estimular os brasileiros a substituírem o litígio judicial pela negociação, como forma de resolução de conflitos.
Leia a íntegra em O Estado de São Paulo
Hora de rir
A mulher chega na farmácia e fala:
- Eu quero o veneno mais forte que você tem aí!
- Mas minha senhora, eu não posso te vender veneno!
- Não quero saber… Eu quero o veneno e pronto!
- Mas pra que você quer o veneno?
- Pra quê? Meu marido sai com todas as mulheres do bairro… É um safado, sem vergonha…
- Mesmo assim, senhora! Não posso te vender!
A mulher abre a bolsa e tira uma foto do seu marido abraçadinho com a mulher do farmacêutico.
- Olha só… Os dois agarradinhos! Você não vai me vender mesmo?
- Ah! Por que a senhora não disse que tinha a receita?
*Da internet
- Eu quero o veneno mais forte que você tem aí!
- Mas minha senhora, eu não posso te vender veneno!
- Não quero saber… Eu quero o veneno e pronto!
- Mas pra que você quer o veneno?
- Pra quê? Meu marido sai com todas as mulheres do bairro… É um safado, sem vergonha…
- Mesmo assim, senhora! Não posso te vender!
A mulher abre a bolsa e tira uma foto do seu marido abraçadinho com a mulher do farmacêutico.
- Olha só… Os dois agarradinhos! Você não vai me vender mesmo?
- Ah! Por que a senhora não disse que tinha a receita?
*Da internet
Quando o homem que ia casar comigo
chegou a primeira vez na minha casa,
eu estava saindo do banheiro, devastada
de angelismo e carência. Mesmo assim,
ele me olhou com olhos admirados
e segurou minha mão mais que
um tempo normal a pessoas
acabando de se conhecer.
Nunca mencionou o fato.
Até hoje me ama com amor
de vagarezas, súbitos chegares.
Quando eu sei que ele vem,
eu fecho a porta para a grata surpresa.
vou abri-la como o fazem as noivas
e as amates. Seu nome é:
Salvador do meu corpo.
Adélia Prado (Os lugares comuns)
O abraço salvador
Este quadro é de um artigo chamado “O Abraço Salvador”. O artigo detalha a primeira semana de vida dos gêmeos. A princípio cada um estava na sua respectiva incubadoras e não era esperado que eles sobrevivessem.
Uma enfermeira, no entanto, lutou contra as regras de hospital e colocou os bebês em uma mesma incubadora. Quando eles foram colocados junto, o mais saudável dos dois, lançou um braço em cima da irmã dela de forma amável. O coração do bebê menor estabilizou e a temperatura subiu ao normal.
Uma mulher séria e firme, na História Política recente do Brasil: Dona Mora de Ulisses Guimarães!
BRASÍLIA - Nasci Ida Maiani de Almeida, mas, por ser a mais morena das netas, minha avó apelidou-me de "Mora" e nunca mais usei o meu nome de batismo. E é como Mora Guimarães que me apresento a vocês.
É bem provável que a maioria de vocês nunca tenha ouvido falar em meu nome. Os 15 minutos de fama que justificam a minha presença aqui, na verdade, não se devem a nenhuma mudança do comportamento discreto e reservado que sempre marcaram a minha vida de mulher de político. Se, alguma vez, mudei meu comportamento, está sendo agora, neste espaço onde pretendo contar a minha história de amor vivida com Ulysses Guimarães.
Portanto, não esperem de mim um relato formal, cronológico e burocrático do período vivido ao lado do homem que, em determinado momento da História, foi o político mais importante do país. Serão inevitáveis algumas revelações, mas sem a intenção de julgar o comportamento de quem quer que tenha convivido conosco nesse período.
Sem palavras
Já fiquei preocupada. Os embates do Ulysses com Sarney nunca foram saudáveis. Houve um dia que meu marido saiu do Alvorada direto para o pronto-socorro. Ulysses nunca teve paciência com Sarney. Adorava a Marly, mas tinha total desprezo por Sarney.
Perguntei então como tinha sido a discussão. Ulysses, na maior felicidade, quase levitando do sofá, resolve me contar:
- Sarney fez uma volta enorme até chegar no que queria. Ele tinha certeza de que, por gostar muito do Airton, eu iria engolir goela abaixo sua nomeação. Sarney achava que eu não sabia que, através da filha Roseana, estava tentando atrair a esquerda do PMDB contra mim.
Ulysses toma um gole d'água e prossegue:
- E nessa lengalenga, finalmente, pergunta: "O que você acha de Airton Soares no Ministério do Trabalho?". Em silêncio estava e em silêncio continuei. Apenas fixei meus olhos nele, até ele abaixar a cabeça.
E, levantando-se do sofá abruptamente para ressaltar bem o seu gesto, dá um soco na mesinha ao lado:
- Dona Mora Guimarães, calei o Sarney com o meu olhar!
Gente, não exercerei aqui o ridículo papel de ficar elogiando meu marido, mas, cá entre nós, é preciso ter muita autoridade para fazer isso. Dirão alguns de vocês que fazer isso com Sarney era muito fácil. Os políticos daquela geração, e aí incluo até o Sarney, reverenciavam muito o cargo de presidente da República, independentemente do seu ocupante eventual.
Voltemos aos meus minutos de glória. Na verdade, os governadores não contavam com a minha presença. Eles tinham se reunido antes no Centro Cultural do Banco do Brasil, o CCBB e combinado todo o script: a Pedro Simon, por ser, aparentemente (mais tarde, em outros capítulos, quando eu estiver mais desenvolta, talvez eu explique esse aparentemente, típico Pirandello - "Assim é, se lhe parece"), o mais ligado a Ulysses caberia "botar o guizo no gato", o que na política significa descartar pessoas.
Na hora em que Pedro Simon começou a falar, tirei o meu colar de pérola do pescoço e comecei a rodá-lo na mão direita, só com o indicador, e fixei meu olhar sobre ele. O Pedro sabia o que o meu olhar estava lhe dizendo. Quanto mais Simon falava, mais eu girava o colar como se, naquela velocidade, por um simples descuido meu, ele pudesse, de repente, escapar das minhas mãos e atingir a consciência do orador. E o Pedro ficou naquilo que Ulysses gosta de chamar de "dança dos tangarás" - um passo à frente, um passo atrás - e acabou não dizendo coisa com coisa.
E assim foi quase toda a reunião, um desastre total. Os governadores queriam o Quércia, mas o Quércia não queria contrariar Ulysses, que, de sua parte, cobrava uma alternativa de nomes, mas ninguém apresentava. O Arraes, então governador de Pernambuco, era o mais veemente. Mas a gente só conseguia ouvir dele este refrão: "Podem me expulsar do partido..." O resto ninguém entendia.
Pedido de casamento.
Eu, então uma pacata viúva, com um casal de filhos pequenos, havia sido escolhida para casar.
Mas, para botar um pouco de ordem, vou tentar começar minha história contando como conheci Ulysses e como fiquei sabendo que eu, então uma pacata viúva, com um casal de filhos pequenos, Tito Henrique e Celina, morando na então capital do país, havia sido escolhida para casar. Se, como já disse, a história que pretendo contar não é nada burocrática, o meu pedido de casamento foi. Aliás, nem me pediram a mão, mas os documentos. Oswaldo Manicardi, secretário particular de Ulysses, me procurou:
- Preciso dos seus documentos!
E eu:
- Para quê?
E Oswaldo:
- Porque o doutor Ulysses vai casar com a senhora.
Romântico, não foi?
Claro que Oswaldo sempre estará presente aqui entre nós. É mais fácil eu contar a vocês quem é Oswaldo Manicardi e falar da sua fidelidade a Ulysses, apenas com este pequeno fato, ocorrido já em Brasília, na residência oficial da presidência da Câmara.
Estávamos nós, Ulysses e eu, tomando sol à beira da piscina, numa dessas manhãs quente e seca de Brasília. De repente, Ulysses pede a Oswaldo, impecavelmente trajando seu inseparável terno marrom claro, que verificasse se a água da piscina não estava muito fria para o banho. Em vez de botar as mãos na água, Oswaldo volta para dentro da casa.
Até Ulysses, já acostumado com o jeito do seu secretário, estranha a atitude, aparentemente de rebeldia.
Cinco minutos depois, reaparece Oswaldo, só de calção, e dá um salto olímpico na piscina, num mergulho demorado. E sai dela com a mesma velocidade com que entrou, abana o corpo e informa:
- A água está boa!
Texto
de Jorge Bastos Moreno (moreno@oglobo.com.br)
O jornalista esta escrevendo a história da esposa de Ulysses Guimarães
O jornalista esta escrevendo a história da esposa de Ulysses Guimarães
Pescado do setecandeeiroscaja
sábado, 22 de outubro de 2011
O que é ética hoje ?
Sem uma discussão lúcida sobre a ética não é possível agir com ética.
A palavra ética aparece em muitos contextos de nossas vidas. Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. Cheios de esperança, alguns com certa empáfia, exigimos ou reclamamos da falta de ética, mas não sabemos exatamente o que queremos dizer com isso. Há um desejo de ética, mas mesmo em relação a ele não conseguimos avançar com ética. Este é nosso primeiro grande problema.
O que falta na abordagem sobre ética é justamente o que nos levaria a sermos éticos. Falta reflexão, falta pensamento crítico, falta entender “o que é” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que a ética inicia. Para que ela inicie é preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções passageiras, que tantos acham magnífico expor, e chegar à reflexão ética. Aqueles que expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, bondosas, crêem-se como antecipadamente éticos porque emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à política, à miséria ou à violência, passam e tudo continua como antes. A passagem das emoções indignadas para a elaboração de uma sensibilidade elaborada que possa sustentar a ação boa e justa - o foco de qualquer ética desde sempre - é o que está em jogo.
Falta, para isso, entendimento. Ou seja, compreensão de um sentido comum na nossa reivindicação pela ética. Falta para se chegar a isso, que haja diálogo, ou seja, capacidade de expor e de ouvir o que a ética pode ser. Clamamos pela ética, mas não sabemos conversar. E para que haja ética é preciso diálogo. E por isso, permanecemos num círculo vicioso em que só a inação e a ignorância triunfam.
Na inanição intelectual em voga, esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas. Nem estes podem ajudar muito, pois desconhecem ou evitam a profundidade da questão. Há, neste contexto, quem pense que ser corrupto não exclui a ética. E isso não é opinião de ignorantes que não freqüentaram escola alguma, mas de muitos ditos “cultos” e “inteligentes”. Quem hoje se preocupa em entender do que se trata? Quem se preocupa em não cair na contradição entre teoria e prática? Em discutir ética para além dos códigos de ética das profissões pensando-a como princípio que deve reger nossas relações?
Exatamente pela falta de compreensão do seu fundamento, do que significa a ética como elemento estrutural para cada um como pessoa e para a sociedade como um todo, é que perdemos de vista a possibilidade de uma realização da ética. A ética não entra em nossas vidas porque nem bem sabemos o que deveria entrar. Nem sabemos como. Mas quando perguntamos pela ética, em geral, é pelo “como fazemos para sermos éticos”, que tudo começa. Aí começa também o erro em relação à ética. Pois ético é o que ultrapassa o mero uso que podemos fazer da própria ética quando se trata de sobreviver. Ética é o que diz respeito ao modo de nos comportamos e decidirmos nosso convívio e o modo como partilhamos valores e a própria liberdade. Ela é o sentido da convivência, mais do que o já tão importante respeito do limite próprio e alheio. Portanto, desde que ela diz respeito à relação entre um “eu” e um “tu”, ela envolve pensar o outro, o seu lugar, sua vida, sua potencialidade, seus direitos, como eu o vejo e como posso defendê-lo.
A Ética permanece, porém, sendo uma palavra vã, que usamos a esmo, sem pensar no conteúdo que ela carrega. Ninguém é ético só porque quer parecer ético. Ninguém é ético porque discorda do que se faz contra a ética. Só é ético aquele que enfrenta o limite da própria ação, da racionalidade que a sustenta e luta pela construção de uma sensibilidade que possa dar sentido à felicidade. Mas esta é mais do que satisfação na vida privada. A felicidade de que se trata é a “felicidade política”, ou seja, a vida justa e boa no universo público. A ética quando surgiu na antiguidade tinha este ideal. A felicidade na vida privada – que hoje também se tornou debate em torno do qual cresce a ignorância - depende disso.
Por isso, antes de mais nada, a urgência que se tornou essencial hoje – e que por isso mesmo, por ser essencial, muitos não percebem – é tratar a ética como uma trabalho da lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas sobretudo, com o que nele se planta e define o rumo futuro. Para isso é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmente em vista.
Marcia Tiburi
* Publicado no Jornal O Estado de Minas
Claraboia XV
Para ti, sou um homem que vês todos os dias, que te dá água quando estás doente e tens sede, um homem a quem a mãe trata por tu, um homem com quem a mãe dorme. Gostas de mim porque me vês todos os dias. Não gostas de mim pelo que sou, gostas pelo que faço ou não faço. Não sabes quem sou.
José Saramago
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Tirem as crianças da sala!
Agora é oficial, o termo PIRIGUETE foi incorporado ao dicionário Aurélio.
Aquele, que você levava para a escola, sabe? Aquele onde você aprendeu palavras como paralelepípedo e inconstitucional!
Desde o lançamento da última versão do respeitado livro com os ilustres significados dos verbetes da nossa querida língua portuguesa, durante a Bienal do Livro, você poderá encontrar, entre as palavras piriforme e pirilampo, a seguinte pérola:
Piriguete - ( fem). “moça ou mulher que não tendo namorado demonstra interesse por qualquer um”.
Ou seja, na prática, é aquela cidadã que olhou para seu namorado (independente da roupa, idade, raça ou quantidade de maquiagem.)
As “meninas” da Jaula das Gostosudas (seja lá o que isso signifique) discordam. Acham que além de cobiçar o bofe alheio, para ser uma piriguete de verdade tem que “Usar tudo bem curto, sempre. Quanto menor a roupa e com mais brilho, mais periguete a mulher é” (palavras, por incrível que pareça, de Priscila Silva, uma das Gostosudas de plantão).
Sei lá, pode parecer caretice, mas não sei se quero meu filho estudando o manual das Piriguetes para ter que passar no vestibular.
Então meninas (me refiro às moças de roupa curta e lista de namorados longa), venho propor um acordo:
Prometo não ter preconceito se vocês assinarem um termo de responsabilidade, assumindo todo e qualquer dano, contra as mulheres a partir de agora. Tipo assim:
- Apanhou do marido, a culpa é sua!
- Seu salário é menor do que o homem que senta ao seu lado no escritório e faz a mesma função que você, a culpa é sua.
- Não te respeitam no ônibus, a culpa continua sendo sua!
- Mulher não pode assumir “função de homem”, a culpa é SUA, minha querida!
Então, gata, vai preparando tua conta bancária, porque se nosso acordo der certo, você vai ter alguns processos para responder.
Texto escrito por Téta Barbosa, Batida Salve Salve
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Algumas décadas depois da criação de uma das ferramentas mais úteis, a internet foi tomando o papel de interligar, em rede, pessoas, credos, comunidades e até países.
O que nos assusta é que "o que nos une nos separa". Nunca o homem esteve tão só como nos tempos modernos.
"Pare o mundo que eu quero descer"
Uma cidade de livros
"A companhia dos livros dispensa com grande vantagem a dos homens".
Marquês de Maricá
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