O escritor W. J. Solha foi convidado pela Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) para fazer o texto do espetáculo da Paixão de Cristo de 2010. “Me pediram uma coisa original”, informou, por telefone, o escritor.
Todavia, Solha contou que, quando ele apresentou o texto ‘A Paixão Judaica’, cuja contaria a tradicional história de Cristo, agora sob a perspectiva dos judeus e no contexto histórico do Holocausto, o projeto foi recusado. “Eles disseram que seria polêmico demais, que o público não iria entender, que não dava pra imaginar o Ponto Cem Réis cheio de suástica”, relatou o escritor.
Contactado por telefone, o ator Nanego Lira, coordenador da Divisão de Artes Cênicas da Funjope, que foi quem estabeleceu o primeiro contato com Solha, confirma a recusa e explica: “O material era muito bom, mas Chico (César, diretor executivo da Funjope) respondeu que para a gente, enquanto poder público, não seria interessante irmos por esse tema”.
Desde a primeira gestão do prefeito Ricardo Coutinho, as montagens da ‘Paixão de Cristo’ são submetidas a edital público, tanto para escolha de texto como do encenador que dirige o espetáculo. Caso o texto de Solha fosse aceito, haveria uma quebra de precedente na Funjope, quando o edital público para escolha do texto seria substituído pelo convite pessoal. Perguntado sobre esta alteração, Nanego disse que seria uma “homenagem a quem já tem uma grande contribuição a nossa cultura”.
Segundo Solha, o diretor executivo Chico César, ao recusar sua proposta, sugeriu ao escritor que compusesse o espetáculo a partir de um outro roteiro. “Chico disse para mim que tinha uma outra ideia. Que seria uma escola, um professor que queria fazer uma ‘Paixão de Cristo’, mas os alunos não queriam. Eu não aceitei”.
De acordo com Nanego, a intenção da Funjope é a de repetir o mesmo expediente realizado ano passado, quando o texto e encenação foram analisados juntos. “O que a experiência mostra é que sempre o encenador tem trabalhado com um dramaturgista (alguém que trabalha o texto em conjunto com o diretor)”.
Nanego adiantou que a perspectiva é de que o edital para a ‘Paixão de Cristo’ da Funjope saia já na primeira quinzena de novembro.
Porém, não é isso o que pensa Chico César. A reportagem tentou ouvi-lo, mas o diretor se pronunciou por meio do assessor de imprensa da Funjope, Alexandre Macedo. Em nota, Chico César admite aceitar o texto de Solha: “A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), afirma que o formato do espetáculo da Paixão de cristo 2010 ainda não está definido, podendo acontecer por meio de edital ou convite, entretanto a Diretoria Executiva e a Divisão de Artes Cênicas da referida instituição cultural acrescenta que a definição do formato do projeto está em fase de discussão, sendo publicada assim que for definido o caráter do evento”.
Solha lembra que interpretou Pilatos por três anos no ‘Auto de Deus’, dirigido por Everaldo Vasconcelos.
“Senti que os espectadores não ficam - em nenhuma das paixões do cinema, nem do teatro - com uma noção exata do que significava a presença romana em Jerusalém, nos tempos de Cristo. Presença que culminou com a destruição total da cidade, 40 anos depois. Só algo como o Ponto Cem Réis, cheio de imensos banners vermelhos com a suástica, tendo - lá em cima - o retrato de Hitler como sendo o de Tiberius Caesar - poderia dar uma ideia de tal terror. O que queria deixar claro, também, é que a reação judia às bem-aventuranças e outras proclamações cristãs, como a do ‘Amai os vossos inimigos’ e ‘Dai a César o que é de César’, teriam, evidentemente, de provocar as reações que provocaram, no terrível contexto em que se vivia na Judéia”.
Fonte:
Astier Basílio
Do Jornal da Paraíba
Enviado por e-mail por
Jerdivan Nobrega de Araújo
Todavia, Solha contou que, quando ele apresentou o texto ‘A Paixão Judaica’, cuja contaria a tradicional história de Cristo, agora sob a perspectiva dos judeus e no contexto histórico do Holocausto, o projeto foi recusado. “Eles disseram que seria polêmico demais, que o público não iria entender, que não dava pra imaginar o Ponto Cem Réis cheio de suástica”, relatou o escritor.
Contactado por telefone, o ator Nanego Lira, coordenador da Divisão de Artes Cênicas da Funjope, que foi quem estabeleceu o primeiro contato com Solha, confirma a recusa e explica: “O material era muito bom, mas Chico (César, diretor executivo da Funjope) respondeu que para a gente, enquanto poder público, não seria interessante irmos por esse tema”.
Desde a primeira gestão do prefeito Ricardo Coutinho, as montagens da ‘Paixão de Cristo’ são submetidas a edital público, tanto para escolha de texto como do encenador que dirige o espetáculo. Caso o texto de Solha fosse aceito, haveria uma quebra de precedente na Funjope, quando o edital público para escolha do texto seria substituído pelo convite pessoal. Perguntado sobre esta alteração, Nanego disse que seria uma “homenagem a quem já tem uma grande contribuição a nossa cultura”.
Segundo Solha, o diretor executivo Chico César, ao recusar sua proposta, sugeriu ao escritor que compusesse o espetáculo a partir de um outro roteiro. “Chico disse para mim que tinha uma outra ideia. Que seria uma escola, um professor que queria fazer uma ‘Paixão de Cristo’, mas os alunos não queriam. Eu não aceitei”.
De acordo com Nanego, a intenção da Funjope é a de repetir o mesmo expediente realizado ano passado, quando o texto e encenação foram analisados juntos. “O que a experiência mostra é que sempre o encenador tem trabalhado com um dramaturgista (alguém que trabalha o texto em conjunto com o diretor)”.
Nanego adiantou que a perspectiva é de que o edital para a ‘Paixão de Cristo’ da Funjope saia já na primeira quinzena de novembro.
Porém, não é isso o que pensa Chico César. A reportagem tentou ouvi-lo, mas o diretor se pronunciou por meio do assessor de imprensa da Funjope, Alexandre Macedo. Em nota, Chico César admite aceitar o texto de Solha: “A Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope), afirma que o formato do espetáculo da Paixão de cristo 2010 ainda não está definido, podendo acontecer por meio de edital ou convite, entretanto a Diretoria Executiva e a Divisão de Artes Cênicas da referida instituição cultural acrescenta que a definição do formato do projeto está em fase de discussão, sendo publicada assim que for definido o caráter do evento”.
Solha lembra que interpretou Pilatos por três anos no ‘Auto de Deus’, dirigido por Everaldo Vasconcelos.
“Senti que os espectadores não ficam - em nenhuma das paixões do cinema, nem do teatro - com uma noção exata do que significava a presença romana em Jerusalém, nos tempos de Cristo. Presença que culminou com a destruição total da cidade, 40 anos depois. Só algo como o Ponto Cem Réis, cheio de imensos banners vermelhos com a suástica, tendo - lá em cima - o retrato de Hitler como sendo o de Tiberius Caesar - poderia dar uma ideia de tal terror. O que queria deixar claro, também, é que a reação judia às bem-aventuranças e outras proclamações cristãs, como a do ‘Amai os vossos inimigos’ e ‘Dai a César o que é de César’, teriam, evidentemente, de provocar as reações que provocaram, no terrível contexto em que se vivia na Judéia”.
Fonte:
Astier Basílio
Do Jornal da Paraíba
Enviado por e-mail por
Jerdivan Nobrega de Araújo
Um comentário:
TÁ LENDO O LIVRO ?
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