O procurador Deltan Dallagnol , coordenador da força-tarefa do
Ministério Público na Operação Lava Jato, atacou o indulto natalino
concedido pelo presidente Michel Temer em que reduziu a pena de crimes
como de colarinho branco em casos considerados menos graves.
“Para que acordo de colaboração premiada? O presidente Temer resolve o
problema do corrupto. Em um quinto da pena, está perdoado. Melhor do
que qualquer acordo da Lava Jato!!! Liquidação!!”, ironizou Dallagnol em
rede social na noite de sextafeira (23).
“Opa, tem um réu querendo colaborar com a Justiça? Bom, considerando
que ele tem um desconto de 80% de pena do indulto e o risco de ser solto
e o processo demorar décadas, de o caso prescrever ou ser anulado, será
que o réu aceita colaborar se dermos um desconto de 97% da pena?”,
provocou o procurador.
O indulto de Temer, mais generoso que o de 2016, estabelece, entre
outros pontos, o perdão a quem tenha cumprido “um quinto da pena, se não
reincidentes, e um terço da pena, se reincidentes, nos crimes
praticados sem grave ameaça ou violência à pessoa”.
Dallagnol citou o caso de Marcelo Odebrecht, que passou a cumprir a
pena de prisão em sua casa nesta semana, após dois anos e meio na
cadeia.
Condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa,
ele foi condenado a 31 anos de prisão. Com a delação fechada pela Lava
Jato, após pagar multa de R$ 73 milhões, a pena foi reduzida a dez anos,
com progressões sucessivas de regime.
“Se Marcelo Odebrecht tivesse visto esse indulto de Natal do
presidente Temer, não teria feito acordo! Perdão de quatro quintos da
pena! Continua aberta a temporada da corrupção. Fraudem licitações.
Desviem da saúde, educação e segurança! Venham, roubem, levem embora!!
Essa é a mensagem”, atacou o procurador.
Publicado por: Leandro Borba
Fonte e créditos: Folha
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