Um capitão, ainda bastante jovem, tinha acabado de se formar na escola de oficiais da marinha e estava servindo num grande navio de guerra – a nau capitânia. Sua frota estava fazendo exercícios num arquipélago, em meio a milhares de ilhas. Eles já estavam chegando ao final do dia, o tempo estava péssimo, com névoa densa e visibilidade muito ruim. Essa nau capitânia transportava o almirante, que estava comandando os exercícios, e o oficial, que estava servindo no posto de comando. Em certo momento, o vigia contou ao comandante que havia uma luz piscando do lado direito. O comandante perguntou se a luz era constante ou em movimento. Se fosse constante, estaria numa rota de colisão com o navio. O vigia confirmou que a luz estava parada e num curso de colisão. O comandante mandou uma mensagem diretamente para o suposto navio, informando que estava num curso de colisão e que seria necessário mudar o curso em 20º imediatamente. A seguinte mensagem voltou:
- “É melhor vocês mudarem seu percurso imediatamente.”
O capitão pensou que a tripulação do outro navio não sabia quem ele era e transmitiu outra mensagem:
- “Eu sou um capitão, por favor mude seu percurso em 20º.”
Voltou outra mensagem:
- “Eu sou um marinheiro de segunda classe, senhor, por favor mude seu percurso.”
O comandante ficou enfurecido e enviou sua mensagem final:
- “Somos a nau capitânia da frota. Não podemos manobrar tão rapidamente. Mude seu percurso imediatamente em 20º. Isso é uma ordem!”
Foi esta a mensagem que retornou:
- “Senhor, somos um farol.”
Só quando entendeu o que estava acontecendo é que o comandante mudou de curso.
Alexandre Rangel
(As mais belas parábolas de todos os tempos, ed. Leitura)
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