quinta-feira, 14 de maio de 2009

Vida e Morte


O ser humano é marcado essencialmente pela sua existência. Pensar, agir, sentir, realizar, se omitir, amar, odiar, são atributos próprios ao homem ao longo de sua vida. A princípio, parece que se a vida dita o nosso ritmo, a morte põe termo as nossas intenções. É, apenas parece, porque na pratica vida e morte estão muito mais ligadas do que a gente imagina.

Viver e morrer não são meros atos de representação biológica para nós humanos e em algum ponto ouso pensar que uma dá sequência aos atos da outra como se nada houvesse de interrupção. Viver é algo muito mais profundo que a batida seca do relógio cotidianamente. Morrer é algo mais que o silêncio de todas as horas. Somos, sem extreme de dúvidas, aquilo que aqui representamos em todo o nosso existencialismo e, há quem diga, que nesse mundo somos o que temos, nada mais que isso, e vez por outra, a morte apenas cuida de emendar os erros da vida.

Os filósofos estóicos defendiam que somente após a morte é que podemos afirmar que alguém foi ou não feliz, dando a morte o condão natural de julgar a felicidade ou infelicidade da vida.

“Quem não souber morrer bem terá vivido mal”, definiu Sêneca.

Nessa dualidade de vida e morte, Montaigne nos sugere que “qualquer que seja a duração de nossa vida, ela é completa. Sua utilidade não reside na quantidade de duração e sim no emprego que lhe damos. Há quem viveu muito e não viveu”. E conclui o filósofo: “Meditar sobre a morte é meditar sobre a liberdade; quem aprendeu a morrer, desaprendeu de servir, nenhum mal atingirá quem na existência compreendeu que a privação da vida não é um mal, saber morrer nos exime de toda sujeição e coação.”

Morrer não é o fim, e quando falo do fim não me refiro da vida após a morte e sim na percepção do que fomos verdadeiramente em vida até ali.

Morrer é um ato de extrema solidão não apenas para quem parte mas também representa profunda solidão para quem fica. O ato biológico da morte é sempre um ato de extrema solidão mas que transcende do campo metafísico para a solidão das emoções dos que aqui permanecem incompletamente vivos. Os amigos, a esposa, os filhos, os pais, enfim, todos, de certa forma, se vêm solitariamente, compondo saudades e recordações nunca antes revivida. Assim, curiosamente contrário a tudo o que aqui disse, ninguém morre só completamente. Morremos juntos ao passo que a cada morte vai-se um pedacinho da gente que aqui ficou. Morrendo um tanto de nós.

Quer ser bom? Morra!. Quem já não ouviu essa frase ? o dito popular faz coro com o fato de que somente com a morte mensuramos a nossa vida. Embora todos nós imperfeitos, dificilmente se ouve falar dos desdouros do falecido. O momento é de dor e emoção e o que nos vem a tona são as qualidade, os arroubos, alguns até excessivamente duvidosos, mas perdoáveis pela conotação da emoção que aos poucos vai cedendo, cedendo, até se perder no vazio do esquecimento, fruto da inevitável ausência.

Certo mesmo é que a morte corrige os erros da vida. Alguns deles sequer cometidos. Mas, perdoados por antecipação.

De minhas tantas mortes, o certo que é um dia partirei de vez, e de igual forma serei julgado pela derradeira das horas. Alguns poucos haverão de morrer verdadeiramente comigo, outros, chorarão por mera obrigação, sobretudo os credores.

E que assim seja, que eu volte a terra de onde vim, mas que um dia “voltando à pátria da homogeneidade, abraçada com a própria eternidade, a minha sombra há de ficar aqui”.


Teófilo Júnior

Um comentário:

Unknown disse...

Embora a morte seja um mal em sí; eu diria que na terra ela é um...mal necessário; pois; já pensou se existisse vida eterna neste planeta do jeito que as coisas estão??? é na morte onde todos são iguais. se para o pobre representa um descanso, para o rico representa um medo terrível, principalmente para aqueles que depositam suas esperanças nas riquesas. VIVER É UMA ARTE; e felizes aqueles que souberem criar seu oásis no meio do deserto ; pois a condição humana na sua essência é uma só e o verdadeiro sucesso é ser FELIZ. Digo isso porque muitos que tem dinheiro não são; e acham que não são justamente porque não tem mais dinheiro...e continuam em busca do deus dinheiro...e não acham conforto para suas almas principalmente porque não conqueistaram a sabedoria expressa na palavra de Deus cuja Bíblia nos diz que a sabedoria é mais importante do que a prata e o ouro mais refinado. Não falo aqui da sabedoria dos homens, mas de um tipo de sabedoria que adquirimos ao estudar a palavra de DEUS; e essa não tem preço; pois disse Jesus: Conhecereis a VERDADE e a VERDADE vos libertará. Depois disso a morte será apenas um detalhe.