“A linguagem do coração, da imaginação, do dia-a-dia e do sonho tinha
sido deformada sistematicamente por dois séculos de uso como o
traje-a-rigor retórico de um Poder
brutal. Joyce irlandesou, europeizou, descolonizou o inglês; recortou-o
sob medida para o figurino do século, enfiou uma enorme cunha entre a
Literatura Inglesa e a literatura em língua inglesa, e ao fazer isto ele
libertou (perdoem-me este detalhe pessoal) a mim. Libertou-me, não
para fazer o que ele fez. Deixou-me livre para tratar a Palavra não
como se ela fosse sagrada, mas com a consciência de que ela é sempre
profana”.
(Angela Carter, “Envoi: Bloomsday”, 1982)
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