Mas, afinal, por que um Poço tão lindo tem o nome de feio? Essa foi a imediata pergunta do nosso comentárista Dagvan Formiga, que vem, cotidianamente enriquecendo este espaço com seus comentários. Foi ai então que Romero Cardoso enviou ao Blog a explicação com a Lenda do Poço Feio, que cuido de transcrevê-la na íntegra:
"Existe no Poço Feio, na parte externa, curiosa formação calcária conhecida como "baú da moça", verdadeiro capricho geológico em terreno cretáceo. A natureza talhou primorosamente a estrutura dolomítica a ponto de despertar o imaginário popular, o qual criou lendas acalentadas imemorialmente, elemento importante na aglutinação cultural do lugar.
"Existe no Poço Feio, na parte externa, curiosa formação calcária conhecida como "baú da moça", verdadeiro capricho geológico em terreno cretáceo. A natureza talhou primorosamente a estrutura dolomítica a ponto de despertar o imaginário popular, o qual criou lendas acalentadas imemorialmente, elemento importante na aglutinação cultural do lugar.
Reza a tradição passada de geração a geração que em noites de lua cheia uma bela mulher se banha nas águas do Poço Feio. O canto da moça encantada atrai homens que logo se apaixonam e seguem a mulher para o interior da caverna calcária, afogando-se nos túneis ali existentes. A lenda prega que a linda mulher estaria enclausurada no baú calcário, sendo que este se abre quando a lua cheia desponta no horizonte, fazendo-a reviver.
A memória local registra a lenda, a maioria a respeita, não se atrevendo a ir ao Poço Feio em noites de lua cheia, com medo de ser enfeitiçado pela evocação sonora da moça encantada que se banha à luz do luar. Não foram poucas pessoas que me contaram ter ouvido o canto da moça, partido das bandas do Poço Feio.
A riqueza cultural da área correspondente à caverna calcária dix-septiense impressiona pela exponencialidade, pois as formas assumidas pelas lendas imitam congêneres espalhadas Brasil a fora, como a da Iara, também incorporada às tradições indígenas. A lenda do Poço Feio, conforme idôneas personalidades do sítio Bonito, vem antes da colonização lusitana, pois esta seria herança ainda da cultura dos monxorós. No caso, talvez a moça encantada fosse uma índia, não obstante sabermos que diversas estórias fantásticas dos antigos habitantes das Américas incluíssem seres humanos da raça branca, como as existentes nas crenças maia e asteca.
Poucos dix-septienses se aventuram em procurar o Poço Feio quando a lua cheia lança seus raios prateados nas águas de tonalidade azulada do Poço Feio, tem medo da "moça encantada", não se arriscam em desafiar as tradiçlões decantadas em prosa e versos pelos mais velhos.
Em Mossoró, o vanguardismo e a expressão intelecto-cultural de pessoas como o teatrólogo Nonato Santos, diretor do grupo Escarcéu de teatro, assistido pela competente e inteligente companheira Lenilda Sousa, além de outros, incorporaram a lenda do Poço Feio, encenando-a de forma magistral e bem articulada com a cultura local, razão pela qual o grupo Escarcéu é considerado um marco na valorização do folclore riquíssimo da região oeste potiguar.
Na vida real, a verdadeira "moça encantada" pode atender pelo nome de bebida alcóolica, pois não são poucos os registros de fatalidades envolvendo a aventura de adentrar o Poço Feio bêbado, tendo em vista que a caverna é um convite perigoso a desafiar o desconhecido e as incógnitas que marcam a estrutura cretácea dix-septiense.
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Um comentário:
VALEU TEÓFILO, VALEU HOMERO; ESSA É MAIS UMA LENDA "URBANA/RURAL QUE POVOAM O IMAGINÁRIO COLETIVO NORTE RIOGRANDENSE; UM ABRAÇO! :)
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