— Uma estátua é um equívoco em bronze — diria o Mario Quintana, para começar a conversa.
— Do que nos adianta sermos eternos, mas imóveis? — diria Drummond.
Pessoa faria “sim” com a cabeça, se pudesse mexê-la. E acrescentaria:
— Pior é ser este corpo duro sentado num lugar duro. Eu trocaria a eternidade por uma almofada.
— Pior são as câimbras — diria Drummond.
— Pior são os passarinhos — diria Quintana.
[...]
Os três concordam: o pior é serem poetas eternos, monumentos de bronze à prova de agressões do tempo, fora poluição e vandalismo – e não poderem escrever nem sobre isto. As estátuas de poeta são sucata de poesia.
[...]
Luis Fernando Veríssimo
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