A comovente história de Juliano Moreira, nosso ilustre baiano, que entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia, com apenas 14 anos.
Infelizmente, a brilhante carreira do jovem negro e pobre, que superou todas as adversidades, para realizar seu sonho de ser médico, é desconhecida da maioria dos baianos.
Nasceu em Salvador, no ano de 1872.
Tornou-se um dos mais importantes e famosos psiquiatras do Brasil, que procurou humanizar o tratamento dos pacientes.
Dois hospitais psiquiátricos, um no Rio de Janeiro e outro em Salvador, levam seu nome.
Enfrentou todas as dificuldades da época e o preconceito da elite baiana, ao prestar exames para Medicina.
Não se deixou abater pelas críticas e perseguições, Juliano Moreira tornou-se um dos mais brilhantes alunos da faculdade.
Filho de uma empregada doméstica, o garoto Juliano prometeu que daria muito orgulho pra sua mãe, formando-se médico.
Infelizmente, sua mãe não viu o sonho do filho ser realizado, pois faleceu quando ele tinha 13 anos.
O jovem acreditava que a pobreza e a barreira da cor da sua pele seriam obstáculos.
E nunca, um impedimento.
Recebeu apoio do seu padrinho, e patrão da sua mãe, o Barão de Itapuã, que também era médico.
Mas o mérito foi do jovem Juliano.
No ano de 1886, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, com apenas 14 anos.
Formou-se médico, aos 19.
Defendeu a tese "Sífilis Maligna Precoce".
Concluiu o doutorado, aos 22.
Fez estágios na área de "doenças mentais", na Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Escócia.
No Egito, conheceu Augusta Peick, enfermeira alemã, com que casou-se.
No ano de 1910, Juliano e Augusta vieram para o Brasil.
O doutor baiano foi longe, representando o Brasil em diversos países, como França, Alemanha, Portugal, Itália, Holanda, Inglaterra e Bélgica.
Tornou-se professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
E na instituição de ensino que estudou e foi discriminado, depois de formado, retornou como professor.
Humanizou o tratamento dos pacientes portadores de transtornos mentais, que na época eram "coisificados", ou seja eram tratados como "objetos", sem direito a voz e vez.
Diante de tanta resistência por parte dos colegas médicos, Juliano Moreira lutou e conseguiu abolir o aprisionamento dos pacientes com correntes.
Acreditava que os portadores de transtornos mentais, eram seres humanos e que precisavam de tratamento mais humanizado.
Na época, acreditava-se que a origem dos transtornos mentais estavam ligados à cor de pele dos pacientes.
O médico baiano, lutou contra esse tipo de preconceito e combateu racismo "cientifico", tão comum nas universidades da época.
Morre em 1933, aos 61 anos.
Não vamos permitir que a história do nosso baiano, caia no esquecimento!
Adson Brito Do Velho professor e psicólogo.
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