Chegará a súbita hora
E me pegará mal o bem vestido.
Chegará no início ou no final da oração.
Eu não tocarei mais seu rosto.
Ficarei imóvel como um paralítico crepúsculo,
Meus olhos não mais te contemplarão
E nem mais pronunciarei seu nome.
Desloco-me lançadamente ensombreado
Coberto pela lanurgem de vida que resta;
O abraço inacabado, o livro aberto sobre a mesa,
A toalha no varal, um poema infindo no chão:
“Foi poeta, sonhou e amou na vida.”
E na vida não plantei absolutamente nada,
Não levo nada, não deixo nada,
O que de mais valioso tenho – o poema – esse
Morre abraçado comigo.
Lamento por mim agora, consolar-me, cobrir-me a face
Aninhar-me em meus braços – um abraço sequer – de ternura viva.
Por que hoje, fissurou-se em mim
O amor que tive, a vida que tive
A mãe que tive – pobre mulher – sentirá minha falta.
Aos amigos confiarei algumas lágrimas
Umas de piedade, outras de obrigação.
E passo como passam os poetas, apaixonados,
Livres, sonhadores e anônimos.
Teófilo Júnior
E me pegará mal o bem vestido.
Chegará no início ou no final da oração.
Eu não tocarei mais seu rosto.
Ficarei imóvel como um paralítico crepúsculo,
Meus olhos não mais te contemplarão
E nem mais pronunciarei seu nome.
Desloco-me lançadamente ensombreado
Coberto pela lanurgem de vida que resta;
O abraço inacabado, o livro aberto sobre a mesa,
A toalha no varal, um poema infindo no chão:
“Foi poeta, sonhou e amou na vida.”
E na vida não plantei absolutamente nada,
Não levo nada, não deixo nada,
O que de mais valioso tenho – o poema – esse
Morre abraçado comigo.
Lamento por mim agora, consolar-me, cobrir-me a face
Aninhar-me em meus braços – um abraço sequer – de ternura viva.
Por que hoje, fissurou-se em mim
O amor que tive, a vida que tive
A mãe que tive – pobre mulher – sentirá minha falta.
Aos amigos confiarei algumas lágrimas
Umas de piedade, outras de obrigação.
E passo como passam os poetas, apaixonados,
Livres, sonhadores e anônimos.
Teófilo Júnior
2 comentários:
Quando comecei a ler pensei que era o Alvares de Azevedo molhado a arrazado de suas despedidas...
Pensei que era a sua hora exata das convulsões da vida de amores ou de nada. Ao fianl, não era mais ninguém que ouvesse existido para chorar a tua partida...
Chorarei a sós as duas partidas, uma em vida chora porque não foi, a outra comovida, de espanto,
afoga-se no pranto de viver que a vossa sombra ampara sua, Teófilo!
Parabéns! Um belo poema.
O tempo passa implacavelmente...e só você poderá levar você mesmo...e mais ningúem ! os outros são partícipes...sempre serão...mas são também, parte de nós !!! hoje é o dia de finados...morremos um pouco todos os dias...mas, nascemos também...e morremos de novo...o que fazer !!! não sei !!! o relógio corre...meus pensamentos também...até quando...até quando...que Deus nos proteja...amém !!!
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