terça-feira, 31 de janeiro de 2023
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023
“Todas as prendas que me deste, um dia, Guardei-as, meu encanto, quase a medo, e quando a noite espreita o pôr-do-sol, eu vou falar com elas em segredo...
E falo-lhes d’amores e de ilusões, choro e rio com elas, mansamente... pouco a pouco o perfume do outrora flutua em volta delas, docemente...
Pelo copinho de cristal e prata
Bebo uma saudade estranha e vaga, uma saudade imensa e infinita
Que, triste, me deslumbra e m’embriaga
A doce oferta que eu amava tanto, que refletia outrora tantos risos, e agora reflete apenas pranto,
e o colar de pedras preciosas, de lágrimas e estrelas constelado, resumem em seus brilhos o que tenho de vago e de feliz no meu passado...
Mas de todas as prendas, a mais rara, aquela que mais fala à fantasia, são as folhas daquela rosa branca
que a meus pés desfolhaste, aquele dia...”
Florbela Espanca
Folhas de Rosa
domingo, 29 de janeiro de 2023
sexta-feira, 27 de janeiro de 2023
(...) Agora me encontro aqui, tranquilo, ao que parece, tranquilo por toda a vida. Pois uma nova vida começa quando se pode ver com os próprios olhos o todo do qual se conhecia apenas uma parte, no espírito e no coração.
— Johann W. Goethe, no livro "Viagém à Itália: Roma". (Ed. Unesp. Trad. Wilma Patricia Mass; 1.ª edição [2017]).
Obra: "The Wounded Man", 1854 - Gustave Courbet.
(...) Não tenho pressa de voltar. Tenho a impressão de que atingi o cume da minha felicidade. [...] Estou sozinho, mas caminho como uma leve chuva que desce sobre a cidade.
— Jean Paul-Sartre, no livro "A Náusea". (Ed. Europa-América; 1.ª edição [1976]).
Obra: "Paris Street; Rainy Day", 1877 - Gustave Caillebotte.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2023
quarta-feira, 25 de janeiro de 2023
(...) Um homem é sempre um narrador de histórias: vive cercado das suas histórias e das de outrem, vê tudo quanto lhe sucede através delas; e procura viver a sua vida como se estivesse a contá-la.
— Jean Paul-Sartre, no livro "A Náusea". (Ed. Europa-América; 1.ª edição [1976]).
Obra: "Two Men Talking", 1992 - Fernando Salas.
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
domingo, 22 de janeiro de 2023
quinta-feira, 19 de janeiro de 2023
quarta-feira, 18 de janeiro de 2023
terça-feira, 17 de janeiro de 2023
Na Paraíba, alguns boêmios que faziam uma serenata foram presos. Embora liberados no dia seguinte, o violão foi apreendido. Tomando conhecimento do acontecido, o poeta Ronaldo Cunha Lima peticionou ao Juiz da Comarca, em versos, solicitando a liberação do instrumento musical.
Senhor Juiz.
Roberto Pessoa de Sousa
O instrumento do "crime"que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.
Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade.
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores.
O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão
Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno acoite
De suas cordas finas e sonoras.
Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.
O juiz Roberto Pessoa de Sousa, por sua vez, despachou utilizando a mesma linguagem do poeta Ronaldo Cunha Lima: o verso popular.
Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.
Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar á porta do Juiz.
Poema
Diz a lenda que o poeta Raimundo Asfora propôs a Lourival Batista a glosa: "Não tive amores, sonhei-os/ mas possuí-los não pude"
segunda-feira, 16 de janeiro de 2023
domingo, 15 de janeiro de 2023
sábado, 14 de janeiro de 2023
(...) A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruina-se. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida.
- Franz Kafka em ,” Conversas com Kafka.”
“Par de sapatos” - Vincent Van Gogh,1887.
Do filósofo Mário Sérgio Cortella.
"Tu vais andando com a tua chávena de café... E, de repente, alguém te empurra fazendo com que derrames café por todo o lado.
Porque derramaste o café?
Porque alguém me empurrou!
Derramaste o café porque tinhas café na caneca.
Se tu tivesses chá, terias derramado chá.
O que tiveres na chávena é o que vai se derramar.
Portanto, quando a vida te sacode, o que tiveres dentro de ti vai derramar.
Podes ir pela vida fingindo que a tua caneca é cheia de virtudes, mas quando a vida te empurrar, vais derramar o que na verdade existir no seu interior.
Sempre sai a verdade à luz.
Então, terás que perguntar a ti mesmo. — 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐡𝐚́ 𝐧𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐞𝐜𝐚?
Quando a vida ficar difícil, o que vou eu derramar? Alegria... Agradecimento... Paz... Bondade... Humildade? Ou Raiva... Amargura... Palavras ou reações duras?
𝐓𝐮 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐥𝐡𝐞𝐬!
Agora, trabalha para encher a tua caneca com Gratidão, Perdão, Alegria, Palavras positivas e amáveis, Generosidade e Amor para os outros.
𝐏𝐞𝐥𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐧𝐚 𝐭𝐮𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐞𝐜𝐚, 𝐭𝐮 𝐬𝐞𝐫𝐚́𝐬 𝐫𝐞𝐬𝐩𝐨𝐧𝐬𝐚́𝐯𝐞𝐥.
E, olha que a vida sacode. Às vezes, sacode forte.
Sacode mais vezes do que podemos imaginar!"
"𝐓𝐮 𝐞́𝐬 𝐨 𝐫𝐞𝐬𝐩𝐨𝐧𝐬𝐚́𝐯𝐞𝐥 𝐩𝐞𝐥𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞𝐦 𝐧𝐚 𝐭𝐮𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐞𝐜𝐚 ! 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞𝐦 𝐧𝐞𝐥𝐚?"
sexta-feira, 13 de janeiro de 2023
quinta-feira, 12 de janeiro de 2023
quarta-feira, 11 de janeiro de 2023
Poema da despedida
Não saberei nunca
dizer adeus
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.
Mia Couto
terça-feira, 10 de janeiro de 2023
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