terça-feira, 31 de janeiro de 2023

 


Para quem não sabe, há 134 línguas e dialetos falados na Índia, daí a grande procura por traduções dos livros principais publicados naquele país.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

 



“Todas as prendas que me deste, um dia, Guardei-as, meu encanto, quase a medo, e quando a noite espreita o pôr-do-sol, eu vou falar com elas em segredo...

E falo-lhes d’amores e de ilusões, choro e rio com elas, mansamente... pouco a pouco o perfume do outrora flutua em volta delas, docemente...
 
Pelo copinho de cristal e prata
 
Bebo uma saudade estranha e vaga, uma saudade imensa e infinita
 
Que, triste, me deslumbra e m’embriaga
 
O espelho de prata cinzelada,
 
A doce oferta que eu amava tanto, que refletia outrora tantos risos, e agora reflete apenas pranto,
e o colar de pedras preciosas, de lágrimas e estrelas constelado, resumem em seus brilhos o que tenho de vago e de feliz no meu passado...
 
Mas de todas as prendas, a mais rara, aquela que mais fala à fantasia, são as folhas daquela rosa branca
que a meus pés desfolhaste, aquele dia...”
 
Florbela Espanca
Folhas de Rosa

domingo, 29 de janeiro de 2023

Fotografia tirada em 1875 de um mictório público, que podia ser encontrado nas ruas de Paris no século XIX. O ancestral do famoso banheiro químico!

 


sábado, 28 de janeiro de 2023

 


 



Tem gente que briga alto.
Mas tem um tipo mais perigoso:
— o que desama, em silêncio. 
 
Louise Madeira

 


 



(...)

E deixa-me dizer-te em segredo
um dos grandes segredos do mundo:
- Essas coisas que parece
não terem beleza
nenhuma
- é simplesmente porque
não houve nunca quem lhes desse ao menos
um segundo
olhar!
 
(Mário Quintana, A Cor do Invisível)

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

 


Obra: "O Caipira Picando Fumo", 1893 - Almeida Júnior.

 


 


(...) Agora me encontro aqui, tranquilo, ao que parece, tranquilo por toda a vida. Pois uma nova vida começa quando se pode ver com os próprios olhos o todo do qual se conhecia apenas uma parte, no espírito e no coração.
 
— Johann W. Goethe, no livro "Viagém à Itália: Roma". (Ed. Unesp. Trad. Wilma Patricia Mass; 1.ª edição [2017]).
 
Obra: "The Wounded Man", 1854 - Gustave Courbet.

 

 


(...) Não tenho pressa de voltar. Tenho a impressão de que atingi o cume da minha felicidade. [...] Estou sozinho, mas caminho como uma leve chuva que desce sobre a cidade.

— Jean Paul-Sartre, no livro "A Náusea". (Ed. Europa-América; 1.ª edição [1976]).
Obra: "Paris Street; Rainy Day", 1877 - Gustave Caillebotte.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

 


(...) Um homem é sempre um narrador de histórias: vive cercado das suas histórias e das de outrem, vê tudo quanto lhe sucede através delas; e procura viver a sua vida como se estivesse a contá-la.

— Jean Paul-Sartre, no livro "A Náusea". (Ed. Europa-América; 1.ª edição [1976]).
Obra: "Two Men Talking", 1992 - Fernando Salas.

 


terça-feira, 24 de janeiro de 2023

 

(...) Há um único recanto do universo que podemos ter certeza de melhorar: o nosso próprio eu.

Aldous Huxley.
 
“Fausto em seu escritório" - Georg Friedrich Kersting- 1829

Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
 
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
 
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
 
Ser um é cadeia,
Ser eu não é ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
 
Fernando Pessoa

 


segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

 


"Há mulheres que procuram um homem que lhes abra o mundo. Outras buscam um que as tire do mundo. A maior parte, porém, acaba se unindo a alguém que lhes tira o mundo."

Mia Couto, "Contos do Nascer da Terra"

 


domingo, 22 de janeiro de 2023

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

 
“Nós, mulheres, estamos sempre sob a sombra da lâmina: impedidas de viver enquanto novas; acusadas de não morrer quando já velhas.”

Mia Couto


Fechei os olhos e pedi um favor ao vento...
- leve tudo que for desnecessário...
- ando cansada de bagagens pesadas...
daqui pra frente,
apenas o que couber
no bolso e no coração...
 
Cora Coralina

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Na Paraíba, alguns boêmios que faziam uma serenata foram presos. Embora liberados no dia seguinte, o violão foi apreendido. Tomando conhecimento do acontecido, o poeta Ronaldo Cunha Lima peticionou ao Juiz da Comarca, em versos, solicitando a liberação do instrumento musical. 

 
Senhor Juiz.
Roberto Pessoa de Sousa 
 
O instrumento do "crime"que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revolver ou pistola,
Simplesmente, Doutor, é um violão.
 
Um violão, doutor, que em verdade
Não feriu nem matou um cidadão
Feriu, sim, mas a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão. 
 
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade
O crime a ele nunca se mistura
Entre ambos inexiste afinidade. 
 
O violão é próprio dos cantores
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam mágoas que povoam a vida
E sufocam as suas próprias dores. 
 
O violão é música e é canção
É sentimento, é vida, é alegria
É pureza e é néctar que extasia
É adorno espiritual do coração. 
 
Seu viver, como o nosso, é transitório.
Mas seu destino, não, se perpetua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
 
Ele, Doutor, que suave lenitivo
Para a alma da noite em solidão,
Não se adapta, jamais, em um arquivo
Sem gemer sua prima e seu bordão 
 
Mande entregá-lo, pelo amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno acoite
De suas cordas finas e sonoras. 
 
Liberte o violão, Doutor Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito? 
 
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores? 
 
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia. 
 
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento.
 
O juiz Roberto Pessoa de Sousa, por sua vez, despachou utilizando a mesma linguagem do poeta Ronaldo Cunha Lima: o verso popular. 
 
Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão. 
 
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo. 
 
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras. 
 
Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar á porta do Juiz.

Poema

 

Diz a lenda que o poeta Raimundo Asfora propôs a Lourival Batista a glosa: "Não tive amores, sonhei-os/ mas possuí-los não pude"

Louro Branco arrematou:
"Senti das paixões abalos
e desesperos medonhos:
sonhos, sonhos e mais sonhos
sem poder realizá-los.
Na fronte senti os halos
das auras da juventude
mas nunca tive a virtude
de dormir entre dois seios.
Não tive amores, sonhei-os
mas possuí-los não pude"

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

 

"Matar o sonho é matarmo-nos. É mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetravelmente e inexpugnavelmente nosso."

Fernando Pessoa

 

As pessoas ficam horrorizadas com o que faço!!

Fico imaginando como ficariam se soubessem o que eu penso...
 
Dom Zaki

domingo, 15 de janeiro de 2023

 


 


" Ser às vezes sangra."

Clarice Lispector

sábado, 14 de janeiro de 2023

 


 


(...) A verdade é aquilo que todo o homem precisa para viver e que ele não pode obter nem adquirir de ninguém. Todo o homem deve extraí-la sempre nova do seu próprio íntimo, caso contrário ele arruina-se. Viver sem verdade é impossível. A verdade é talvez a própria vida.

- Franz Kafka em ,” Conversas com Kafka.”
“Par de sapatos” - Vincent Van Gogh,1887.

 


 


Do filósofo Mário Sérgio Cortella.

"Tu vais andando com a tua chávena de café... E, de repente, alguém te empurra fazendo com que derrames café por todo o lado.
Porque derramaste o café?
Porque alguém me empurrou!
𝐑𝐞𝐬𝐩𝐨𝐬𝐭𝐚 𝐞𝐫𝐫𝐚𝐝𝐚!
Derramaste o café porque tinhas café na caneca.
Se tu tivesses chá, terias derramado chá.
O que tiveres na chávena é o que vai se derramar.
Portanto, quando a vida te sacode, o que tiveres dentro de ti vai derramar.
Podes ir pela vida fingindo que a tua caneca é cheia de virtudes, mas quando a vida te empurrar, vais derramar o que na verdade existir no seu interior.
Sempre sai a verdade à luz.
Então, terás que perguntar a ti mesmo. — 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐡𝐚́ 𝐧𝐚 𝐦𝐢𝐧𝐡𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐞𝐜𝐚?
Quando a vida ficar difícil, o que vou eu derramar? Alegria... Agradecimento... Paz... Bondade... Humildade? Ou Raiva... Amargura... Palavras ou reações duras?
𝐓𝐮 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐥𝐡𝐞𝐬!
Agora, trabalha para encher a tua caneca com Gratidão, Perdão, Alegria, Palavras positivas e amáveis, Generosidade e Amor para os outros.
𝐏𝐞𝐥𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐞𝐬𝐭𝐢𝐯𝐞𝐫 𝐧𝐚 𝐭𝐮𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐞𝐜𝐚, 𝐭𝐮 𝐬𝐞𝐫𝐚́𝐬 𝐫𝐞𝐬𝐩𝐨𝐧𝐬𝐚́𝐯𝐞𝐥.
E, olha que a vida sacode. Às vezes, sacode forte.
Sacode mais vezes do que podemos imaginar!"
"𝐓𝐮 𝐞́𝐬 𝐨 𝐫𝐞𝐬𝐩𝐨𝐧𝐬𝐚́𝐯𝐞𝐥 𝐩𝐞𝐥𝐨 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞𝐦 𝐧𝐚 𝐭𝐮𝐚 𝐜𝐚𝐧𝐞𝐜𝐚 ! 𝐎 𝐪𝐮𝐞 𝐭𝐞𝐦 𝐧𝐞𝐥𝐚?"

 


sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

 



“Ó noite, ó noite, ó noite!
Luar e primavera
e os telhados cobrindo
sonhos que a vida gera!
Subo por essas horas
solitária e sincera,
e encontro, exausta e pura,
minha alma que me espera.”
 
Cecília Meireles

 


 

“Nada é para sempre, dizemos, mas há momentos que parecem ficar suspensos...pairando sobre o fluir inexorável do tempo.”

(José Saramago)

Baden Powell, Pixinguinha, Dorival Caymmi e Vinicius de Moraes , segurando a capa de um disco com a imagem do Amigo , Tom Jobim.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Poema da despedida

 Não saberei nunca
dizer adeus 
 
Afinal,
só os mortos sabem morrer 
 
Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser 
 
Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo 
 
Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos 
 
Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca 
 
Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo. 
 
Mia Couto


''Há o silêncio dos que se encontram.
Há o silêncio dos que se afastam.
Não, por favor, nada digas...
Se chegas, não preciso de palavras.
Se partes...
de que me servem as palavras?''
 
João Morgado,
in ' Para Ti '

terça-feira, 10 de janeiro de 2023