O tempo, mansamente, há de espalhar
Flocos de neve sobre os meus cabelos,
Numa carícia deixará os selos,
No meu corpo gentil, o seu sabor...
Ao meu sangue fremente, a palpitar,
Hão de esfriá-lo sucessivos gelos,
E aos meus seios graciosos hei de vê-los
Mirrados como lírios a fechar...
Mas mesmo quando for assim velhinha
O teu amor fará um alvoroço
Na minh'alma e graça de menina
E até morrer, o meu olhar cansado,
Fitando o teu há de julgar-se moço,
Num enlevo de eterno enamorado.
Florbela Espanca
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