Em
2016, os artistas chineses Sun Yuan e Peng Yu construíram a obra
chamada "Não Posso me Ajudar", um robô industrial de um braço mecânico e
sensores visuais. Ele foi colocado atrás de paredes de acrílico
transparente e tinha um dever específico: conter um líquido viscoso
vermelho-escuro dentro de uma área próxima a ele.
O líquido
hidráulico era necessário para o robô funcionar, e parecer sangue real
foi uma escolha deliberada dos artistas. De forma que o braço puxar o
líquido para si funcionava como uma tarefa de "sobrevivência". Quando os
sensores detectavam que o fluido escorria demais, o braço robótico
puxava-o para si.
Os artistas também deram ao robô a capacidade
de fazer "danças felizes" e fazer movimentos que não eram necessários
para manter o líquido hidráulico por perto. Quando tinha tempo o
suficiente para não puxar o líquido para si, o braço mecânico saudava os
espectadores. Inicialmente o robô interagia com a multidão com
frequência, mas com o decorrer do tempo o braço mecânico dançava cada
vez menos, pois a quantidade de líquido tornava-se cada vez maior.
Através
dos anos o robô passou a ter tempo apenas para tentar manter-se vivo, e
por causa da escassez da lubrificação tornou-se cada vez mais ruidoso,
gerando guinchos mecânicos que causavam impressão de cansaço e
desespero.
A metáfora da obra é que nós nos matamos mental e
fisicamente o tempo todo, morremos sempre e ansiamos por viver.
Sacrificamo-nos pelos outros, por dinheiro, por atenção, por sucesso,
lentamente nos afogando com cada vez mais responsabilidades, e temos
cada vez menos tempo livre para desfrutar da vida.
Mas há uma
mensagem além do sisifismo da batalha pela sobrevivência. É verdade que
não há escapatória do tempo. É verdade que o ciclo de todos se completa,
e que nenhum de nós sai vivo deste mundo. Mas nós não somos máquinas,
há tempo para que você se cure, descanse e ame.
Nós sempre teremos tempo para dançar.
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