Muitos
acham que o futebol brasileiro ainda não chegou ao fundo do poço e que o
próximo fracasso será não participar da Copa de 2018.
Outro
caminho, que agrada a muitos, é a diminuição da importância da seleção. Após os
7 a 1,
quando se esperava uma comoção nacional, como na Copa de 1950, a maioria levou na
gozação, como se dissesse: "Existem coisas mais importantes no país".
Foi uma demonstração da evolução da sociedade?
São
múltiplas as razões para a queda de nosso futebol e, isoladamente e em pouco
tempo, nenhum treinador, dirigente, mágico nem Neymar vai resolver o problema.
Muito menos o grupo de notáveis que pediu Galvão Bueno, com a participação de
seus amigos.
O
futebol brasileiro está doente, há muito tempo, do corpo e da alma. Para
tratá-lo, é necessário um grupo de profissionais especializados, independentes
e competentes, dentro e fora de campo, e que tenham tempo. Não é coisa para
curiosos, oportunistas nem ex-atletas que não se prepararam tecnicamente.
A
primeira meta deveria ser trazer o doente à realidade e acabar com as mentiras,
como a de que o Brasil produz craques a cada esquina, além de reconhecer a
evolução dos adversários.
A
primeira divisão do futebol está nos grandes times da Europa (Barça, Real,
Bayern e outros). O futebol que se joga no Brasil é, com boa vontade, da
segunda divisão.
Falta
à seleção um técnico com experiência e sucesso na primeira divisão. Colocar
Dunga ou outro treinador brasileiro é o mesmo que pôr um técnico da Série B do
Brasileirão em um dos grandes da Série A, sem passar por trabalhos
intermediários. Evidentemente, esse é apenas um de dezenas de problemas.
Na
parte técnica e tática, o futebol brasileiro vive de lances isolados, de
espasmos. Há pouco jogo coletivo. A seleção atual tem enormes espaços entre os
setores, como os times brasileiros. Os volantes avançam na marcação, e os
zagueiros ficam muito atrás.
Mas
nossa principal carência é a falta de um excepcional atacante à frente de
Neymar e de um grande meio-campista, que atue bem de uma intermediária à outra.
Se tivéssemos esses dois jogadores, além de Neymar, o time teria grandes
chances de brilhar, mesmo com Dunga, Gilmar Rinaldi e Del Nero. Foi o que
ocorreu na Copa de 2002.
Nosso
futebol está doente também da alma e precisa de ajuda psicológica. O prestígio
e a marca do futebol brasileiro ainda são valiosos, acima da qualidade técnica
e emocional dos atuais atletas.
Diante
de tanta pressão, expectativa e responsabilidade, eles jogam menos do que
sabem. Neymar, contra a
Colômbia, teve uma crise histérica de chiliques.Thiago Silva,
que estava entre os melhores zagueiros do mundo, deixou de estar, por dois erros
graves, idênticos, seguidos e inexplicáveis. Já criticar os
jogadores, que seriam indiferentes à seleção, é injusto e não tem nada a ver.
Desequilíbrios
emocionais sempre existiram. Até hoje, ninguém sabe, nem Ronaldo, se ele, na
final da Copa de 1998, teve uma convulsão ou uma síndrome de conversão
psicomotora (piti). Isso mostra a fragilidade humana, mesmo nos craques.
Tostão
Nenhum comentário:
Postar um comentário