"Amo- te tanto. E nunca te beijei...
E nesse beijo , amor, que eu não te dei, guardo os versos mais lindos que te fiz" .
( Florbela Espanca)
As mulheres bonitas que são possíveis aos feios são as inteligentes e apenas elas. Acompanhem o raciocínio tendo em mente que nós, em nossa profunda modéstia, sabemos que para burros não servimos. Uma bela mulher, mas para quem as luzes da inteligência brilham pouco ou ficam no pisca-pisca, vai buscar seu Adônis e, portanto, nos excluirá automaticamente. Nunca a convenceremos, na conversa, da flor de pessoa que efetivamente somos: dedicados, meigos, cultos, amorosos, solidários, bons de papo, etc. Já as inteligentes, podemos lentamente convencer ou subitamente surpreender com uma frase que fará com que elas voltem rapidamente a cabeça, lançando a fragrância de seus cabelos em nosso colo.
Milton Ribeiro
Eu, agora - que desfecho!
(Mário Quintana)
De longe te hei de amar
O primeiro filme de Batman com Robert Pattinson interpretando o protagonista já teve trailer divulgado, durante o evento DC FanDome, transmitido virtualmente.
No vídeo, todo em tom de suspense, Batman se corresponde com o vilão Charada, que será o principal antagonista na trama. Sem revelar seu nome, ele deixa recados ao herói em cartas enigmas com tinta vermelha espelhados pela cidade...
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto dos Anjos
Quando o moço estava a catar caracóis e pedrinhas
na beira do rio até duas horas da tarde, ali
também Nhá Velina Cuê estava. A velha paraguaia
de ver aquele moço a catar caracóis na beira do
rio até duas horas da tarde, balançou a cabeça
de um lado para o outro ao gesto de quem estivesse
com pena do moço, e disse a palavra bocó. O moço
ouviu a palavra bocó e foi para casa correndo
a ver nos seus trinta e dois dicionários que coisa
era ser bocó. Achou cerca de nove expressões que
sugeriam símiles a tonto. E se riu de gostar. E
separou para ele os nove símiles. Tais: Bocó é
sempre alguém acrescentado de criança. Bocó é
uma exceção de árvore. Bocó é um que gosta de
conversar bobagens profundas com as águas. Bocó
é aquele que fala sempre com sotaque das suas
origens. É sempre alguém obscuro de mosca. É
alguém que constrói sua casa com pouco cisco.
É um que descobriu que as tardes fazem parte de
haver beleza nos pássaros. Bocó é aquele que
olhando para o chão enxerga um verme sendo-o.
Bocó é uma espécie de sânie com alvoradas. Foi
o que o moço colheu em seus trinta e dois
dicionários. E ele se estimou
Manoel de Barros
Cantor e guitarrista norte-americano, Trini Lopez, autor do sucesso If I had a Hammer, morreu nesta terça-feira, 11, vítima de complicações provocadas perlo vírus chinês, aos 83 anos. As primeiras informações vieram da revista Palm Springs Life.
O álbum de estreia, Trini Lopez at PJ's, trouxe seu clássico maior If I Had a Hammer, que estourou nas paradas em vários países e chegou ao número 3 nos Estados Unidos. No próximo, uma versão explosiva de La bamba, de Ritchie Valens, e mais as canções Lemon Tree, I'm comin 'home, Cindy, Sally was a good old girl, Michael, Gonna get along without ya' now e The bramble bush o colocaram definitivamente no mapa do rock.
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta.
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer
E são precisos sonhos pra partir.
Eu bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
Doutro amor impossível que há de vir!
Florbela Espanca
O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta.
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!
Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...
Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer
E são precisos sonhos pra partir.
Eu bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
Doutro amor impossível que há de vir!
Florbela Espanca
Curiosa é essa gente
que chega de mansinho e transborda
em nossa alma o melhor que podemos ser;
que veste-se de teto estrelado,
quando nossos sonhos já não são abrigo;
que traz uma resposta que se encaixa
naquela pergunta que insiste
em se movimentar nos pensamentos;
que nos percebe sem lentes
e inaugura na gente um sorriso
há tempo guardado, mas que
nos sustentará em todos os nossos amanhãs!.
Inês Seibert
"Essa habilidade em produzir diversidade, esse é o segredo da nossa vitalidade e das nossas artes de sobrevivência. Temos que saber manter essa capacidade - agora no plano cultural e civilizacional - para respondermos às novas ameaças que sobre todos nós pesam. As saídas que nos restam pedem-nos não o olhar do lince mas o olho composto da mosca."
Mia Couto, in: Pensatempos.
Arte por Antônio Berni (1905-1981) Manifestação
Pudesse ao menos eu agrilhoar-te
Tempo…
E não haver nada,
Ninguém,
Uma alma penada
Que estrangule a ampulheta duma vez!
Que realize o crime e a perfeição
De cortar aquele fio movediço
De areia
Que nenhum tecelão
É capaz de tecer na sua teia!
Miguel Torga, Cântico do Homem
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria
peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a
sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque
brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de
admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando
eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O
cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não
via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele
que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto
mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque
tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só
porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo
porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram
então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é
preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone
finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por
não estarem mais distraídos."