quarta-feira, 30 de abril de 2008

De amor antigo


Disseram-me que os jovens decretaram um novo costume às rotinas da arte de namorar. Aliás, para dizer a verdade, percebe-se que o namoro na sua versão clássica do escurinho do cinema, dos beijos serenados no portão, esse está irremediavelmente perdido, revogado pela nova ordem constitucional dos desejos.

E, agora, o que fazem esses rapazes e essas moças, quando se conhecem nos degraus da Faculdade, ganhando os primeiros lances da vida?

Ao cinema, por certo, já não querem ir, por não terem mais o que fazer. Ninguém namora mais diante dos pais, imagine na frente de Humphrey Bogart e de Ingrid Bergman.

Chego a pensar que essa moçada já começa pelo fim. Juntam-se, pensando que amor se faz assim. Depois, separam-se pensando que a vida se desfaz assim...

Deve ser por isso que ninguém se lembra mais de namorar.

Os tempos modernos ensinaram aos moços que a arte de amar começa pelos finalmente.

Findam desconhecendo o amor, já que só têm tempo de provar o gosto final das coisas que jamais souberam começar.

Talvez seja este um defeito dos que, como eu, conheceram esses ofícios pela artesania das mãos, pela lavra dos olhares, pelo talhe doce dos corpos pressentidos e nunca revelados...

O que fazer, então, se assim nos disseram que assim devia ser?

Concederam-me a gradação dos sentidos e me disseram para esperar pelos avisos da alma, senhora das revelações. A grande viagem de um namoro começava nas mãos da estrela amada e podia chegar às galáxias mais encantadas – só dependia do argonauta apaixonado.

Se você ainda pensa conforme esse modelo, meu caro leitor, o defeito é seu. Assim como também é meu. Estamos irremediavelmente perdidos e revogados tal como o Amor Antigo.

Hoje, todos os namoros são executivos (ou serão executórios?). Antes, havia só o sentimento a penhorar. Mas era tudo. Porque se namorava singelamente por conta de um simples depósito de amor, que valia por todos os tesouros deste mundo.

Agora, até mesmo os poetas calaram-se de repente, não mais que de repente...

Nem eles falam mais das artes da paixão. Quando muito, um cronista eternamente apaixonado ainda se atreve a tanto ousar e no amor deixa-se estar.

Coisas de cronista, nada mais.


LUIZ AUGUSTO CRISPIM


(Correio da Paraíba, 13/04/2008, A8.)


segunda-feira, 28 de abril de 2008

Lenda japonesa


"Era uma vez um grande samurai que vivia perto de Tóquio. Mesmo idoso, se dedicava a ensinar a arte zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Queria derrotar o samurai e aumentar sua fama. o velho aceitou o desafio e o jovem começou a insultá-lo.

Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou insultos, ofendeu seus ancestrais.

Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível.

No final do dia, sentindo-se já exausto e humilhado, o guerreiro retirou-se. E os alunos, surpresos, perguntaram ao mestre como ele pudera suportar tanta indignidade.


- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?

- A quem tentou entregá-lo, respondeu um dos discípulos.

- O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos. Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem o carregava consigo.

A sua paz interior depende exclusivamente de você.

As pessoas não podem lhe tirar a calma. Só se você permitir..."


Preventiva / Ortomolecular / Nutrologia


"APRENDA MAIS UMA !

Fruta é o mais perfeito alimento, gasta uma quantidade mínima de energia para ser digerida e dá ao seu corpo o máximo em retorno.

O único alimento que faz seu cérebro trabalhar é glicose.

A fruta e principalmente frutose (que pode ser transformada com facilidade em
glicose), é na maioria das vezes 90-95 % de água. Isso significa que ela está limpando e alimentando ao mesmo tempo.

O único problema com as frutas é que a maioria das pessoas não sabe como comê-las de forma a permitir que o corpo use efetivamente seus nutrientes.

Deve-se comer frutas sempre com o estomago vazio . Por que?? A razão é que as frutas não são, em princípio, digeridas no estomago: são digeridas no intestino delgado.

As frutas passam rapidamente pelo estomago, dali indo para o intestino, onde liberam seus açúcares. Mas se houver carne, batatas ou amidos no estomago, as frutas ficam presas lá e começam a fermentar.

Você já comeu alguma fruta de sobremesa, após uma lauta refeição, e passou o resto da noite arrotando aquele desconfortável sabor restante? É porque você não a comeu da maneira adequada. Deve-se comer frutas sempre com o estomago vazio.

A melhor espécie de fruta é a fresca ou o suco feito na hora.

Você não deve beber suco delata ou do recipiente de vidro. Por que não? A maioria das vezes o suco foi aquecido no processo de vedação e sua estrutura tornou-se ácida .

Quer fazer a mais valiosa compra que possa? Compre uma centrífuga.

Você pode ingerir o suco extraído na centrífuga como se fosse a fruta, com o estomago vazio. E o suco é digerido tão depressa que você pode comer uma refeição quinze ou vinte minutos mais tarde.

O dr. William Castillo, chefe da famosa clínica cardiológica Framington, de Massachusetts, declarou que fruta é o melhor alimento que podemos comer para nos proteger contra doenças do coração.

Disse que as frutas contêm bioflavinóides, que evitam que o sangue se espesse e obstrua as artérias. Também fortalecem os vasos capilares, e vasos capilares fracos quase sempre provocam sangramentos internos e ataques cardíacos.

Agora, uma coisa final que gostaria que mantivesse em sua mente sobre frutas.

Como se deve começar o dia?

O que se deve comer no café da manhã?

Você acha que é uma boa idéia pular da cama e encher seu sistema com um grande monte de alimentos (principalmente café e o pão branco com manteiga ), que levará o dia inteiro para digerir? Claro que não.

O que você quer é alguma coisa que seja fácil de digerir, frutas que o corpo pode usar de imediato, e que ajuda a limpar o corpo.

Quando levantar-se, e durante o dia, o quanto for confortavelmente possível , coma só frutas frescas e sucos feitos na hora.

Mantenha esse esquema até pelo menos o meio-dia, diariamente.

Quanto mais tempo ficar só com frutas em seu corpo, maior oportunidade de ele limpar-se .

Se você começar a se afastar dos outros ''lixos'' com que costuma encher seu corpo no começo do dia, sentirá uma nova torrente de vitalidade e energia, tão intensa que você mal acreditará.

Tente durante os próximos dez dias e veja por si mesmo.



** Os chineses e os japoneses bebem chá quente (de preferencia chá verde) durante as refeições. Nunca água gelada ou bebidas geladas. Deveríamos adotar este hábito!

** Líquidos gelados durante e após as refeições solidificam os componentes oleosos dos alimentos, retardando a digestão. Reagem com os ácidos digestivos e serão absorvidos pelo intestino mais depressa do que os alimentos sólidos, demarcando o intestino e endurecendo as gorduras, que permanecerão por mais tempo no intestino.

Daí o valor de um chá morno ou até água morna depois de uma refeição. Facilita a digestão e amolece as gorduras para serem expelidas mais rapidamente, o que também ajuda no emagrecimento."


Fachada do antigo Col. Diocesano de Pombal

Foto do Arquivo de Verneck Abrantes

Barriga é barriga


Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais.

Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô,dizendo que o exercício físico é o primeiro passo para a morte. Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna:

A tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos?

* *Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano é conhecido como pai da preguiça. Passa 4/5 do dia deitado numa rede,bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, leva 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico, completou 90 anos e nada indica que vá morrer tão cedo.

Conclusão: Esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde...

E viva o sedentarismo ocioso!!! Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo.

*Você terá toda a eternidade para ser só osso.

Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA!! Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA!!!

O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!!

VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP!!!
Você tem pneus??? Lógico, todo avião tem!!!

(Arnaldo Jabour)

A turba do "pega e lincha"

Querem linchar para esquecer que ontem voltaram bêbados e não sabem em quem bateram.


NA ÚLTIMA sexta-feira, passei duas horas em frente à televisão. Não adiantava zapear: quase todos os canais estavam, ao vivo, diante da delegacia do Carandiru, enquanto o pai da pequena Isabella estava sendo interrogado.O pano de fundo era uma turba de 200 ou 300 pessoas. Permaneceriam lá, noite adentro, na esperança de jogar uma pedra nos indiciados ou de gritar "assassinos" quando eles aparecessem, pedindo "justiça" e linchamento. Mais cedo, outros sitiaram a moradia do avô de Isabella, onde estavam o pai e a madrasta da menina. Manifestavam sua raiva a gritos e chutes, a ponto de ser necessário garantir a segurança da casa. Vindos do bairro ou de longe (horas de estrada, para alguns), interrompendo o trabalho ou o descanso, deixando a família, os amigos ou, talvez, a solidão -quem eram? Por que estavam ali? A qual necessidade interna obedeciam sua presença e a truculência de suas vozes? Os repórteres de televisão sabem que os membros dessas estranhas turbas respondem à câmera de televisão como se fossem atores. Quando nenhum canal está transmitindo, ficam tranqüilos, descansam a voz, o corpo e a alma. Na hora em que, numa câmera, acende-se a luz da gravação, eles pegam fogo. Há os que querem ser vistos por parentes e amigos do bar, e fazem sinais ou erguem cartazes. Mas, em sua maioria, os membros da turba se animam na hora do "ao vivo" como se fossem "extras", pagos por uma produção de cinema. Qual é o script? Eles realizam uma cena da qual eles supõem que seja o que nós, em casa, estamos querendo ver. Parecem se sentir investidos na função de carpideiras oficiais: quando a gente olha, eles devem dar evasão às emoções (raiva, desespero, ódio) que nós, mais comedidos, nas salas e nos botecos do país, reprimiríamos comportadamente. Pelo que sinto e pelo que ouço ao redor de mim, eles estão errados. O espetáculo que eles nos oferecem inspira um horror que rivaliza com o que é produzido pela morte de Isabella. Resta que eles supõem nossa cumplicidade, contam com ela. Gritam seu ódio na nossa frente para que, todos juntos, constituamos um grande sujeito coletivo que eles representariam: "nós", que não matamos Isabella; "nós", que amamos e respeitamos as crianças -em suma: "nós", que somos diferentes dos assassinos; "nós", que, portanto, vamos linchar os "culpados". Em parte, a irritação que sinto ao contemplar a turma do "pega e lincha" tem a ver com isto: eles se agitam para me levar na dança com eles, e eu não quero ir. As turbas servem sempre para a mesma coisa. Os americanos de pequena classe média que, no Sul dos Estados Unidos, no século 19 e no começo do século 20, saíam para linchar negros procuravam só uma certeza: a de eles mesmos não serem negros, ou seja, a certeza de sua diferença social. O mesmo vale para os alemães que saíram para saquear os comércios dos judeus na Noite de Cristal, ou para os russos ou poloneses que faziam isso pela Europa Oriental afora, cada vez que desse: queriam sobretudo afirmar sua diferença. Regra sem exceções conhecidas: a vontade exasperada de afirmar sua diferença é própria de quem se sente ameaçado pela similaridade do outro. No caso, os membros da turba gritam sua indignação porque precisam muito proclamar que aquilo não é com eles. Querem linchar porque é o melhor jeito de esquecer que ontem sacudiram seu bebê para que parasse de chorar, até que ele ficou branco. Ou que, na outra noite, voltaram bêbados para casa e não se lembram em quem bateram e quanto. Nos primeiros cinco dias depois do assassinato de Isabella, um adolescente morreu pela quebra de um toboágua, uma criança de quatro anos foi esmagada por um poste derrubado por um ônibus, uma menina pulou do quarto andar apavorada pelo pai bêbado, um menino de nove anos foi queimado com um ferro de marcar boi. Sem contar as crianças que morreram de dengue. Se não bastar, leia a coluna de Gilberto Dimenstein na Folha de domingo passado. A turba do "pega e lincha" representa, sim, alguma coisa que está em todos nós, mas que não é um anseio de justiça. A própria necessidade enlouquecida de se diferenciar dos assassinos presumidos aponta essa turma como representante legítima da brutalidade com a qual, apesar de estatutos e leis, as crianças podem ser e continuam sendo vítimas dos adultos.

CONTARDO CALLIGARIS

sexta-feira, 25 de abril de 2008

quinta-feira, 24 de abril de 2008

MPF teme rompimento da barragem de Mãe d'Água


"O Ministério Público Federal em Sousa teme que fissuras e rachaduras possam ocasionar o rompimento da barragem Mãe d'Água, em Coremas, segundo nota divulgada nesta quarta-feira (23) pelo MPF na Paraíba, através do seu portal na Internet (www.prpb.mpf.gov.br).

Eis a nota, na íntegra.

Ministério Público Federal (MPF) em Sousa (PB) determinou a realização de algumas providências para garantir a segurança da população de Coremas (PB), devido ao excesso de água decorrente das recentes chuvas na região do sertão paraibano, principalmente em relação à possibilidade de rompimento da parede da Barragem Mãe D’Água, evidenciada nas fissuras e rachaduras existentes na estrutura. As providências foram determinadas em despacho assinado pelo procurador da República Fernando Rocha de Andrade.

O Procedimento Administrativo nº 1.24.002.000043/2008-43 foi instaurado a partir de ofício remetido pela juíza de Direito da Comarca de Coremas, informando que o excesso de água advindo das chuvas estaria comprometendo a capacidade de represamento da Barragem Mãe D’água e do açude Estevam Marinho. O Ministério Público Federal em Sousa foi informado também que a única ponte que liga a zona rural ao município de Coremas está na iminência de ser levada pela força das águas, bem como que se tornou intransitável a rodovia em face da presença de muitos buracos e poças de água.

Diante disso, a defesa civil do estado da Paraíba já foi oficiada para que realize inspeção no local e indique a atual situação, bem como as soluções para o caso. O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Paraíba (CREA) e o Corpo de Bombeiros também foram oficiados para realização de vistoria pericial na Barragem Mãe D’água e no Açude Estevam Marinho, e devem informar ao MPF os reais problemas existentes nas estruturas de represamento e na ponte que conecta a zona rural ao município de Coremas.

O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) deve informar as medidas adotadas para inibir a ameaça de desabamento das paredes que represam as águas da Barragem Mãe D’água e do Açude Estevam Marinho. Já o Departamento de Estradas e Rodagens (DER) e a Polícia Rodoviária Federal foram oficiados para que realizem vistoria na rodovia e na ponte que conecta a zona rural ao município de Coremas, indicando se pende situação de risco de desabamento da ponte ou de outro trecho da rodovia. "


Fonte: Correio da Paraiba
http://www.portalcorreio.com.br/noticias/matler.asp?newsId=32616

Identifique o Aedes Aegypti


Caso você se depare com algumas larvas, para identificar se são da espécie Aedes aegypti basta jogar um foco de luz intensa (produzido por uma lanterna, por exemplo). Se as larvas fugirem, são do mosquito.
Só quem já passou pelo Dengue sabe o que esse vírus representa!
Vamos fazer a nossa parte!

O padre voador






Ando muito preocupado com as últimas noticias dando conta de um padre voador! Sinceramente é a primeira vez que eu alento o desejo de que um padre não tenha ido verdadeiramente para o céu!

O padre Adelir levou ao pé da letra a possibilidade de um dia subir aos céus, só que as escrituras não falavam em balões.


Ou será que ele quis imitar o profeta Jonas e alojar-se na barriga de alguma baleia?
Segundo informações da UOL, o padre, que se achava um autodidata, foi expulso da escola de vôo livre Vento Norte, em Curitiba, há cerca de três anos por indisciplina e exibicionismo... Dizem que ele dava comunhão em trapézio e bebia vinho plantando bananeira...

quarta-feira, 23 de abril de 2008

A Resolução do Mau Agouro

É costumeiro se ouvir dizer que o Brasil está cada vez mais próximo de se tornar uma grande nação já que é um imenso país. A imprensa noticia com galhardia que temos inovado na pesquisa por combustíveis renováveis, na educação o número de alunos matriculados tem aumentado quantitativamente embora qualitativamente a situação educacional ainda seja lastimável.

A urna eletrônica é uma conquista nossa, o carro flex e a caipirinha também.

Mas o Brasil é assim, inovador por excelência e contraditório por convicção, inclusive nas leis, normas e resoluções.

A propósito, pois não é que agora o Conselho Nacional de Justiça decidiu de proibir a atribuição de nome de pessoa viva a bem público que esteja sob a administração do Poder Judiciário? Até ai tudo bem. Medida justa e plausível de razoabilidade. Ocorre que no mesmo artigo em que proíbe, autoriza.

E o que é pior, alça a condição de morta pessoa “vivinha da silva”. Basta tão somente que o candidato a defunto seja ex-integrante do Poder Público e se encontre na inatividade por aposentadoria. Trocando em miúdos: estando o ex-agente público já de pijama, aposentado, dividindo o seu tempo entre os netos, a TV e a cadeira de balanço, pode dividir ainda com os mortos a honraria de ter seu nome ladeado e iluminado numa parede de algum prédio público deste país. Isso representa, no mínimo, um mal presságio para quem ainda esta "vivo", claro!.

De minha parte, estou mais tranquilo, não tenho sobrenome importante, nem realizei grandes feitos no serviço público de modo que, com certeza, vão esquecer de mim logo e não terei o nome dependurado em algum poste ou parede por ai a fora.

Por outro lado, ainda estou muito longe de me aposentar mas já vou avisando: quero distância desse agouro e decididamente eu é que não quero conversa com o "espírito" dessa lei!

Veja o inteiro teor da Resolução:


RESOLUÇÃO N. 52, de 08 de abril de 2008.

Regulamenta a atribuição de nomes de pessoas vivas aos bens públicos sob a administração do Poder Judiciário nacional.

O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais, e considerando que o artigo 103-B, parágrafo 4o, da Constituição Federal, atribui competência ao Conselho para o controle da atuação administrativa do Poder Judiciário;

Considerando que à Lei n° 6.454, de 24 de outubro de 1977, que veda a atribuição de nome de pessoa viva a bem público, por ser anterior anterior à Constituição Federal de 1988, há de ser dada interpretação conforme a Lei Maior;

Considerando que o § 1o do artigo 37 da Constituição Federal estabelece que "a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas de órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos";

Considerando que o intuito daquele comando constitucional é o de evitar a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos, de sorte que o regramento está vinculado à atividade, ao exercício de cargo ou função;

Considerando que as pessoas que já não mais exerçam cargo ou função no âmbito do Poder Público, de modo irreversível, vale dizer, decorrente da aposentadoria por tempo de serviço ou em virtude da idade limite, já não têm como ser objeto de promoção pessoal, no sentido que a norma constitucional delineou, em face do não exercício da atividade a que estava anteriormente vinculada;

Considerando que há de se fazer uma ressalva ao que foi decidido por este Conselho Nacional de Justiça, no Procedimento de Controle Administrativo n° 344, no sentido de se proibir a atribuição de nomes de pessoas vivas aos bens públicos sob a administração do Poder Judiciário nacional, excluindo-se dessa proibição os que já se encontram na inatividade, em face da aposentadoria em decorrência do tempo de serviço ou por força da idade;

RESOLVE:

Art. 1º É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva a bem público sob a administração do Poder Judiciário nacional, salvo se o homenageado for ex-integrante do Poder Público, e se encontre na inatividade, em face da aposentadoria decorrente de tempo de serviço ou por força da idade.

Parágrafo único. O nome do homenageado poderá ser retirado de bem público, desde que, em processo administrativo, se conclua que a homenagem se mostra desfavorável ao resguardo da integridade do Poder Judiciário.

Art. 2o Os tribunais deverão, no prazo de sessenta (60) dias, adotar todas as providências para a retirada de placas, letreiros ou outras referências aos nomes de pessoas que não se enquadrem na situação referida no artigo anterior.

Art. 3o Permanecem válidas as atribuições de nomes firmadas até o período de um (01) ano antes da data da sessão do dia 10 de abril de 2007 do Conselho Nacional de Justiça, no Procedimento de Controle Administrativo n° 344, desde que em sintonia com o artigo 1º desta Resolução.

Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.


Ministro Gilmar Mendes
Presidente


segunda-feira, 21 de abril de 2008


Muitos dias sem postar nada e tudo por conta da última visita que recebi aqui em casa. Como vocês já sabem, sou homem caseiro, saio pouco de casa e recebo visitas dos amigos e dos que não são tão amigos assim quase que diariamente.

Pois muito bem, recentemente, sem convite, sem aceno, sem carta de apresentação nem telefonema e sem ao menos uma promessa de um futuro encontro para tomar um café ou um chá, apareceu-me aqui um individuo que parece não querer ir mais embora. Como sou meio arredio, sisudo e falo pouco, o penetra achou de se sentir em casa (na minha casa, claro!) e puxar conversa. Conversa demorada por sinal. Dessas de deixar tristes marcas e recordações pelo corpo todo.

E tanto é assim que ainda estou me recuperando dos estragos daquele monólogo indesejado.
Há aqui na região um mito de que quando a gente quer que a visita vá embora, basta colocar uma vassoura detrás da porta e pronto! É tiro e queda, ou melhor, é saída na certa. Mas desta vez não funcionou!

Coloquei terra nos vasos das flores, virei as tampinhas de garrafa de refrigerante, emborquei garrafa de cerveja vazia, tampei a caixa d'água, o vaso sanitário, destampei a pia e nada. Tudo em vão!
Esta semana, de inopino e sem nenhum alento, recebi a visita do mosquito do Dengue.
P.S. Talvez leve mais alguns dias até postar novamente. Espero voltar logo.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

sábado, 12 de abril de 2008

Auto de Penhora laborado por um Oficial de Justiça


(...)

"(01) Um crucifixo em madeira, estilo country-colonial, marca INRI, sem número de série."
(...)

- Obviamente que a descrição acima representa uma exceção ao trabalho dos nobres e cuidadosos Oficiais de Justiça, ao menos aos que eu conheço, que sempre se esmeraram em suas descrições e avaliações de penhora, com alto de senso de profissionalismo, além de abalisada e indiscutível qualificação profissional.

sexta-feira, 11 de abril de 2008


(...) Alguém já disse que uma condição para que o estado constitucional sobreviva no Brasil é que a Constituição não seja levada muito a sério. Poderia se dizer, com a mesma sabedoria ou cinismo, que uma condição para que a justiça funcione mais ou menos no Brasil é não exigir que ela funcione melhor, mais disposta a contrariar interesses, revolucionar costumes, aplicar a retórica e dar dentes ao discurso. Ou seja, mais disposta a ferir.


(Veríssimo, Luís Fernando. Justiça (2). In: Luís F. Veríssimo e outros. O Desafio Ético; org. Ari Roitman. Rio de Janeiro: 2. ed., Garamond, 2000, p. 24.)

Ministério Público não precisa participar de audiência de adoção

O Ministério Público não precisa participar de audiência de adoção, se interesse do menor foi preservado e respeitado o Estatuto da Criança e do Adolescente. O entendimento é da 3ª Turma do STJ ao negar o recurso do MP/SC, que queria adiar um ato de adoção por não ter participado da audiência que decidiu pela guarda da criança.Segundo o processo, em novembro de 2002 um casal pediu a adoção de um menor com o argumento de que estava inscrito no cadastro de adotantes da Comarca de Joinville e preenchia os requisitos necessários à colocação da criança em família substituta. De acordo com o casal, a mãe da criança foi ouvida pelo serviço psicológico e pelo juiz para verificar se tinha condições de entregar o filho.A guarda provisória foi concedida e o casal firmou o termo de guarda. O serviço social opinou pela concessão do pedido de adoção. O MP/SC argüiu a nulidade dos termos porque eles foram lavrados sem sua presença. A primeira instância afastou a nulidade por considerar que deu ao MP/SC a oportunidade para atuar no feito. Além disso, não foi desrespeitada a manifestação de vontade dos pais biológicos do adotado.O MP/SC apelou ao TJSC. Argüiu, novamente, a nulidade dos atos judiciais praticados, já que não participou da entrevista psicológica com os pais biológicos da criança. O TJSC negou a apelação por entender inexistente prova de prejuízo ao menor.O caso chegou ao STJ. O MP/SC alegou a obrigatoriedade de sua intervenção quando há interesse protegido pela lei, principalmente nas ações de perda ou suspensão do pátrio poder.O relator, ministro Humberto Gomes de Barros, destacou que o menor, cujos pais manifestaram vontade de entregá-lo para adoção, teve reconhecido o direito de ser colocado no seio de uma família, ainda que substituta, com plenas condições de criá-lo e educá-lo. Gomes de Barros ressaltou que nada indica que tenha havido complô entre o juiz e o serviço social para comprometer a vontade expressa dos pais biológicos. Para ele, o tribunal não enxergou nulidade do ato processual nem prejuízo para o menor, pela não-intervenção do MP/SC no ato. Para o TJSC, o interesse do menor foi preservado e o fim social a que se destina o ECA foi atingido. O nome das partes foi mantido em sigilo devido o segredo de Justiça. (Resp 847.597)

ECA
Art. 201. Compete ao Ministério Público:III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição do pátrio poder, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude;§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público.rt. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer diligências, usando os recursos cabíveis.Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, será feita pessoalmente.Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer interessado.
Fonte: STJ 10.04.08

Essa é demais...


Dalton Luiz Zappe, 56, paga para estacionar cavalo na rua Venâncio Aires, em Santa Maria (RS); com o tíquete, Zappe garantiu pelo menos uma hora de estacionamento, em área onde animais disputam lugar com carros.


Fonte: uol.com.br

quinta-feira, 10 de abril de 2008

A inexperiência do jovem capitão


Um capitão, ainda bastante jovem, tinha acabado de se formar na escola de oficiais da marinha e estava servindo num grande navio de guerra – a nau capitânia. Sua frota estava fazendo exercícios num arquipélago, em meio a milhares de ilhas. Eles já estavam chegando ao final do dia, o tempo estava péssimo, com névoa densa e visibilidade muito ruim. Essa nau capitânia transportava o almirante, que estava comandando os exercícios, e o oficial, que estava servindo no posto de comando. Em certo momento, o vigia contou ao comandante que havia uma luz piscando do lado direito. O comandante perguntou se a luz era constante ou em movimento. Se fosse constante, estaria numa rota de colisão com o navio. O vigia confirmou que a luz estava parada e num curso de colisão. O comandante mandou uma mensagem diretamente para o suposto navio, informando que estava num curso de colisão e que seria necessário mudar o curso em 20º imediatamente. A seguinte mensagem voltou:

- “É melhor vocês mudarem seu percurso imediatamente.”

O capitão pensou que a tripulação do outro navio não sabia quem ele era e transmitiu outra mensagem:

- “Eu sou um capitão, por favor mude seu percurso em 20º.”

Voltou outra mensagem:

- “Eu sou um marinheiro de segunda classe, senhor, por favor mude seu percurso.”

O comandante ficou enfurecido e enviou sua mensagem final:

- “Somos a nau capitânia da frota. Não podemos manobrar tão rapidamente. Mude seu percurso imediatamente em 20º. Isso é uma ordem!”

Foi esta a mensagem que retornou:

- “Senhor, somos um farol.”

Só quando entendeu o que estava acontecendo é que o comandante mudou de curso.


Alexandre Rangel

(As mais belas parábolas de todos os tempos, ed. Leitura)


E na sua vida, conhece algum navegante assim? Particularmente, já vi muitos jovens capitães, alguns nem tão jovens assim mas com os mesmos propósitos: guiar suas naus ignorante até faróis a sua frente!

"Ah, esses moços, pobres moços, se soubessem o que eu sei..." (Elis Regina)



quarta-feira, 9 de abril de 2008

A coleira no pescoço


Nenhum dos dois conseguia disfarçar os danos da velhice, que suportavam em silenciosas e mútuas acusações. O velho parecia fazer um esforço muito grande para puxar o cão ladeira acima. A sola seca de seus sapatos esfolava o ladrilho da calçada arrancando-lhe um ruído ríspido, áspero, como de alguma coisa que se arrasta, e isso irritava o cão, cuja cabeça se mantinha o tempo todo virada para fora, o focinho apontando para o lado da rua. Seu corpo todo era uma recusa tensa e escura e ele tinha o olhar aborrecido de quem não pode esperar mais nada da vida além daquela coleira no pescoço, na ponta de uma corrente.

Uma língua de vento gelado passou rente ao chão, levantando em revoada, vida efêmera, folhas mortas de magnólia e de plátano, que se misturavam a outros detritos da rua. Com seu grosso boné de lã na mão direita, o velho cobriu o rosto e pensou que uma das maneiras de se morrer pode ser assim mesmo: sufocado pelo cheiro da própria cabeça, um cheiro de suores noturnos e pesadelos.

A caminhada estava suspensa à espera de que o vento fosse brincar em outras bandas da cidade, em alguma rua onde, a uma hora daquelas da manhã, ninguém cumprisse o destino de caminhar. Enquanto isso, parado sobre as pernas muito abertas, o velho suportava paciente as agulhadas da chuva de areia suspensa no ar.

O cão, de cabeça virada para a rua, permaneceu de olhos fechados, espremendo muito as pálpebras em proteção, aborrecido com aquele passeio cuja significação extraviara-se nos anos de sua juventude. Sacudiu a cabeça, abanando suas orelhas dependuradas, frouxas, porque era esse o modo de expressar sua recusa. Não olhava para a frente. Um rancor muito antigo impedia que os dois se encarassem. Mesmo por trás, e sem a vigilância daqueles dois olhos lacrimosos presos em suas órbitas avermelhadas, a figura do velho causava-lhe repugnância. Por isso o pescoço torto, a cabeça virada para a rua: o lado de fora.

A manhã passava sozinha, sem auxílio nenhum do sol, que se mantinha escondido entre nuvens grossas e leitosas. O vento amainou e o boné voltou para o alto da cabeça. Sem proferir uma só palavra, o velho andou coisa de três passos. Outra vez aquele ruído áspero esfolando os ouvidos sensíveis do cão. Preso à ponta da corrente esticada, ele apenas manteve o equilíbrio: suas patas tentavam cravar as unhas no ladrilho do passeio, mas era uma tentativa absurda. Moveu-se o suficiente para não cair. O cão sabia por experiência que estava preso à ponta de uma corrente esticada. Muitas vezes a vira, algumas vezes experimentara seus dentes nos elos de ferro. Há muito, entretanto, tinha desistido da liberdade. Ultimamente intuíra a existência de correntes menos visíveis e de elos sem forma definida, mas quase todas muito mais rígidas do que os dentes de um cão. Parado na calçada, pernas trêmulas, ele pressentiu a proximidade da magnólia. A idade não lhe extinguira o faro. Havia, naquele tronco, imensa variedade de cheiros sobrepostos demarcando inutilmente o sítio. Gesto atávico, há muito tempo destituído de qualquer significado. Preso à corrente, nem essa ilusão de poderio lhe era concedida.

A rua subia a ladeira encolhida entre casas de janelas fechadas e algumas árvores de folhas amarelas. Tosses e vozes mal chegavam às venezianas: a cidade recusava o dia. Além do velho e do cão, arrastando-se com dificuldade pela calçada, bem poucos transeuntes, de cabeça baixa, enfrentavam o frio que ainda restava da noite longa.

Cada um tem que cumprir seu itinerário na vida, pensava o velho com o braço esquerdo esticado para trás, puxando seu fardo. Há muito, entretanto, desistira de olhar-se no espelho.

Mesmo sendo um fragor conhecido, repetido a cada manhã, o cão encolheu-se um pouco, em proteção, quando o velho levou com a mão direita o lenço ao nariz. As orelhas pretas e caídas não se moveram. Além do susto já fraco, de tão cotidiano, suas patas malferidas na superfície áspera do passeio deveriam ser debitadas também ao companheiro. O cão piscou seu desconforto à passagem de um carro que desapareceu na primeira esquina, então foi arrastado por mais três passos.

A dor no ombro esquerdo só poderia ter como causa a teimosia daquele maldito cão, que nunca aceitava sem resistência as caminhadas matinais. O médico dissera-lhe que era desgaste da idade, a dor nos joelhos. Não havia razão para duvidar, mas o próprio desgaste teria sido menor se o companheiro não fosse aquele peso a ser arrastado.

As pernas secas do velho, com seus joelhos gastos, mediam o passeio menos de quarenta centímetros a cada vez em que se moviam. Compasso hesitante, de articulações enferrujadas, que pouco se abria. Em sua concentração, havia indícios de uma desconfiança antiga, principalmente quando seus pés encontraram as arestas duras de alguns ladrilhos salientes, empurrados para cima por raízes grossas que se escondiam debaixo da terra. Depois de avançar meia dúzia de metros, o velho parou, suado, a mão direita espalmada contra uma parede cinza, e então olhou para trás. A progressão existia, realmente, ou não passava tudo de alguma ilusão? Atrás ou na frente, o que via não eram pontos a compor um ponto maior, o todo estático? Sempre aquelas dúvidas a importuná-lo. O cão, pelo menos, o cão estava lá, no fim da corrente, com a cauda escondida entre as pernas retesadas e trêmulas, mergulhado em seu peso e seu pretume. Ir até o cão seria cobrir uma distância. Esse foi um pensamento indesejado, pois jamais faria isso, mas que lhe concedeu a paz de que tinha necessidade.

Nos últimos tempos chegaram a passar dias, semanas, às vezes, sem a troca do menor gesto que os ligasse. E isso foi acontecendo aos poucos, sem que percebessem. O latido rouco do cão já não tinha qualquer significado, e o ruído desnecessário exasperava o velho, que detinha o poder do castigo. Então espancava o companheiro, sem dó, para depois ralhar com ele, exigindo que ficasse quieto. O cão se encolhia todo e soltava uma espécie de gemido agudo pela boca fechada. Modelavam-se os dois, um pelas rabugices do outro. Por fim, aprenderam a engolir o próprio rancor em silêncio.

Quando o Sol por fim se mostrou entre galhos e platibandas, o velho e seu cão já haviam dobrado a mesma esquina por onde o carro tinha sumido. Primeiro sumiu o velho com sua altura ameaçada de desabar, depois foi a vez do cão, com a cabeça virada para trás. Os dois, acorrentados um ao outro, cumprindo uma interminável caminhada.


Menalton Braff

Cartas a um jovem poeta - Primeira Carta

Prezadíssimo Senhor,

Sua carta alcançou-me apenas há poucos dias. Quero agradecer-lhe a grande e amável confiança. Pouco mais posso fazer. Não posso entrar em considerações acerca da feição de seus versos, pois sou alheio a toda e qualquer intenção crítica. Não há nada menos apropriado para tocar numa obra de arte do que palavras de crítica, que sempre resultam em mal-entendidos mais ou menos felizes. As coisas estão longe de ser todas tão tangíveis e dizívies quanto se nos pretenderia fazer crer; a maior parte dos acontecimentos é inexprimível e ocorre num espaço em que nenhuma palavra nunca pisou. Menos suscetíveis de expressão do que qualquer outra coisa são as obras de arte, — seres misteriosos cuja vida perdura, ao lado da nossa, efêmera.

Depois de feito este reparo, dir-lhe-ei ainda que seus versos não possuem feição própria, somente acenos discretos e velados de personalidade. É o que sinto com a maior clareza no último poema Minha alma. Aí, algo de peculiar procura expressão e forma. No belo poema A Leopardi talvez uma espécie de parentesco com esse grande solitário esteja apontando. No entanto, as poesias nada têm ainda de próprio e de independente, nem mesmo a última, nem mesmo a dirigida a Leopardi. Sua amável carta que as acompanha não deixou de me explicar certa insuficiência que senti ao ler seus versos sem que a pudesse definir explicitamente. Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, — o único existente. Também, meu prezado Senhor, não lhe posso dar outro conselho fora deste: entrar em si e examinar as profundidades de onde jorra sua vida; na fonte desta é que encontrará resposta à questão de saber se deve criar. Aceite-a tal como se lhe apresentar à primeira vista sem procurar interpretá-la. Talvez venha significar que o Senhor é chamado a ser um artista. Nesse caso aceite o destino e carregue-o com seu peso e a sua grandeza, sem nunca se preocupar com recompensa que possa vir de fora. O criador, com efeito, deve ser um mundo para si mesmo e encontrar tudo em si e nessa natureza a que se aliou.

Mas talvez se dê o caso de, após essa decida em si mesmo e em seu âmago solitário, ter o Senhor de renunciar a se tornar poeta. (Basta como já disse, sentir que se poderia viver sem escrever para não mais se ter o direito de fazê-lo). Mesmo assim, o exame de sua consciência que lhe peço não terá sido inútil. Sua vida, a partir desse momento, há de encontrar caminhos próprios. Que sejam bons, ricos e largos é o que lhe desejo, muito mais do que lhe posso exprimir.

Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa.

Foi com alegria que encontrei em sua carta o nome do professor Horacek; guardo por este amável sábio uma grande estima e uma gratidão que desafia os anos. Fale-lhe, por favor, neste meu sentimento. É bondade dele lembrar-se ainda de mim; e eu sei apreciá-la.

Restituo-lhe ao mesmo tempo os versos que me veio confiar amigavelmente. Agradeço-lhe mais uma vez a grandeza e a cordialidade de sua confiança. Procurei por meio desta resposta sincera, feita o melhor que pude, tornar-me um pouco mais digno dela do que realmente sou, em minha qualidade de estranho.

Com todo o devotamento e toda a simpatia,


Paris, 17 de fevereiro de 1903


Rainer Maria Rilke

terça-feira, 8 de abril de 2008

Por que as pessoas mentem em pesquisas sobre vida sexual


Há sete décadas, homens e mulheres não conversavam sobre desejo e prazer sexual em público ou na intimidade.

"As pesquisas costumam ser sérias sim, mas muitas pessoas, mesmo no anonimato, têm o desejo de serem valorizadas por sua performance, é um querer ser" A pílula anticoncepcional na década de 60 abriu um novo horizonte à mulher, que pôde experimentar o sexo sem colocar em risco a ‘moral familiar’ com uma gravidez fora de hora. Com esse controle sobre sua fertilidade, ela adentrou as universidades e ocupou espaço no mercado de trabalho.

Nos anos 60 e 70 o movimento feminista defendeu o amor livre, a busca de prazer e a sexualidade. Isso tudo passou a ser uma bandeira.

Ditadura do prazer

É muito triste perceber que esse ideal cultural tornou-se uma grande ditadura de prazer e de obrigações sexuais. O que antes era proibido ou mal visto foi re-significado e passou a ser, ao invés de uma vivência de sexo livre por escolha, uma obrigação.

É uma loucura pensar numa mudança comportamental e psicossexual tão radical em menos de 50 anos. O número de pessoas que hoje sofrem por não se sentirem fazendo parte das estatísticas divulgadas por institutos de pesquisa sobre sexo é muito grande.

Conflitos em relação à ejaculação precoce, dificuldade de ereção nos homens e diminuição de desejo e dificuldade de obtenção de orgasmo nas mulheres, já contabilizam entre 40 a 50% das dificuldades sexuais para casais homo e heterossexuais.

Mas o restante desses casais também acaba muitas vezes apresentando queixas que se referem à sensação de inadequação aos padrões divulgados nas pesquisas.

Essas pesquisas podem gerar cobranças e conflitos. Muitos não se sentem ‘enquadrados’, principalmente nos aspectos freqüência e satisfação sexual. Afinal, algumas pesquisas afirmam os brasileiros têm em média três relações sexuais por semana.

Se há desinteresse sexual, se o casal possui um ritmo de vida muito estressante e o clima de descontração e relaxamento acontece só nos finais de semana, não há problema nenhum nisso. O que não pode é ficar sofrendo por não estar inserido nas estatísticas, que não são necessariamente fiéis.

As pesquisas costumam ser sérias sim, mas muitas pessoas, mesmo no anonimato, têm o desejo de serem valorizadas por sua performance, é um querer ser.

Aprenda a investir na qualidade da relação, saia da rotina, tire o máximo de prazer e de intimidade.

Vale repensar:

- Vocês reservam um tempo para trocarem idéias sobre como estão vivendo?

- Vocês têm sonhos e projetos juntos?

- Você sabe das dificuldades que o outro enfrenta no trabalho?

- Seu parceiro sabe de seus conflitos?

Tempo, namoro e sexo

- Não vale a desculpa de não ter tempo, desligue a televisão, mude o perfume, o local de transar, tente uma nova posição sexual, saia para namorar, uma vez por semana. Isso é muito importante para que não se crie um labirinto de desconhecimento e desinteresse.

- Mande um cartão ou torpedo afetuoso

Pare de sofrer pelo que dizem que os outros fazem, olhe para você, para seu relacionamento e invista nesse afeto e desejo. Boa sorte e muito prazer!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

OAB que anular patente da rapadura por alemães


A Comissão de Relações Internacionais do Conselho Federal da OAB vai realizar gestões para tentar anular o registro da marca “rapadura” por uma empresa da Alemanha, a Rapunzel Naturkost AG.

A pedido da Seccional da OAB do Ceará, o presidente da comissão e ex-presidente nacional da entidade, Roberto Busato, vai contatar os órgãos americano e alemão que representam os advogados naqueles países para solicitar ajuda aos colegas em processos que a OAB já está movendo contra o patenteamento da rapadura pela empresa alemã. O registro foi feito órgãos oficiais na Alemanha, desde 1989, e nos Estados Unidos, desde 1996.

Roberto Busato se reuniu hoje com o presidente da OAB-CE, Hélio Leitão; com o conselheiro estadual e presidente da Comissão de Cultura daquela seccional, Ricardo Bacelar, e com a advogada Manoela Bacelar, que é membro da comissão cearense. Recebeu da comitiva um relato dos processos e pedidos de providências que a entidade deflagrou em 2006 —quando foi descoberto o registro da rapadura pelos alemães.

Pedidos e notificações para que intercedam pela anulação da patente foram endereçados ao Itamaraty, ao Ministério Público Federal e às embaixadas da Alemanha e dos Estados Unidos no Brasil. Mas todas as gestões foram infrutíferas até o momento.

“Assim sendo, ante a grave situação que arranha nossa soberania e os preceitos do direito, entendemos que a Ordem dos Advogados, no exercício de seu mister, deve atuar de forma mais contundente para elidir a conduta a empresa alemã”, sustenta documento entregue pela comitiva da OAB-CE ao presidente da Comissão de Relações Internacionais.

Os cearenses se empenham pela revogação da patente registrada pelos alemães, lembrando que a rapadura “é doce tipicamente nordestino, subproduto da cana de açúcar, produzido no Brasil desde os tempos do Império; o doce foi e é item de subsistência de milhares de famílias pobres do nordeste que o produzem de forma artesanal".

Ainda conforme a OAB-CE, o registro ilegal da marca rapadura no United States Patent and Trademark, dos Estados Unidos, e a Patent und Markenamt, da Alemanha, ofende o Acordo TRIP’s, a Convenção de Paris e demais tratados internacionais que regulam a propriedade intelectual.

Fonte: http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/49511.shtml



Enviar fotos pornográficas pela net é crime.

Comerciário deverá pagar R$ 100 mil por enviar fotografias pornográficas

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais determinou que um comerciário de Teófilo Otoni pague indenização de R$ 100 mil a uma mulher por divulgar fotografias pornográficas em que ela aparecia.

Segundo o advogado da vítima, Renato Opice Blum, esta foi a maior condenação nacional para um crime como este. Até então, o valor máximo de indenização havia sido de 200 salários mínimos para uma psicóloga do Rio de Janeiro que foi inscrita em um site de relacionamentos pela Internet como se fosse uma prostituta.

No caso de Minas Gerais, a autônoma recebeu e-mails com fotos, que, segundo ela, são montagens feitas com seu rosto. Durante 10 meses mensagens com este conteúdo foram enviadas para diversas pessoas.

O advogado conta que conseguiram na Justiça de São Paulo um pedido para a identificação do usuário que divulgou as fotos para o provedor de acesso à Internet. Chegou-se, então ao comerciário de Teófilo Otoni, que de acordo com Blum, conhecia a vítima. Após uma perícia na máquina do acusado, encontraram as fotos.

Em 1ª Instância, ele foi condenado a pagar indenização de R$ 5 mil por danos morais. A autônoma recorreu alegando que o valor era arbitrário e desproporcional aos danos causados, pediu também a revogação do benefício de justiça gratuita ao réu e a cópia dos autos ao Ministério Público.

O processo então saiu de Teófilo Otoni e foi para Belo Horizonte. Os desembargadores, então, aumentaram o valor da indenização para R$ 100 mil e revogaram o benefício já que o réu possui capacidade econômica para arcar com os gastos do processo.

"O valor foi alto porque se provou que a vítima realmente sofreu com tais ofensas. Ela é casada e tem filhos, a divulgação das fotos abalou sua estrutura familiar. Além disso, valores altos são importantes para inibir este tipo de crime que está ficando comum", explica o advogado.

Ele lembra ainda que com a Internet milhões de pessoas têm acesso às imagens, o que prejudica ainda mais a imagem da vítima.

Foram enviadas cópias para o ministério publico para o réu responder também por crime de injúria. A pena é variável de prestação de serviços (o que deve acontecer) à mais de um ano de prisão. Casos em que a divulgação foi feita pela Internet têm um aumento de 1/6 na pena.

Lei da Internet

Segundo o advogado, houve a demonstração na prática de que os provedores já guardam os IPs dos usuários. "O projeto de lei do deputado Eduardo Azeredo só vai ratificar o que já vem acontecendo. A diferença principal será na pena. Se for aprovado, a pena pode chegar até três anos de detenção", explica Blum.

Quanto ao meio de obter os dados de IP, praticamente nada seria alterado. Os passos seriam os mesmos seguidos pela vítima deste caso: entrar em contato com a Justiça para pedir uma ordem judicial para identificar o usuário junto ao provedor de acesso à Internet.
Fonte:
Uol.com.br

Salvo pelo gongo


Bêbado acorda dentro de caminhão de lixo na hora de ser triturado
Ele contou à polícia que não se lembrava de como foi parar lá.


Na noite anterior, ficou bebendo com amigos até de madrugada.

William Bowen tomou o maior susto de sua vida quando acordou depois de uma noite de farra com os amigos e percebeu que estava na caçamba de um caminhão de lixo, prestes a ser esmagado.

O motorista já começava a ativar o compactador de lixo quando ouviu um grito. "Ele foi ver o que era e encontrou o homem no caminhão", disse Larry Green, supervisor de segurança da empresa de coleta. Segundo Green, a única coisa que Bowen disse foi que estava com frio. "O cavalheiro estava extremamente intoxicado", disse o educado supervisor.

Bowen contou à polícia que ficou bebendo com os amigos em um bar da cidade de Muncie, nos Estados Unidos, até as 3 da madrugada. Mas ele não se lembrava de como tinha ido parar no lixo.

A polícia não encontrou os amigos de farra e nenhum telefone em nome de Bowen na área de Muncie. Ele sofreu ferimentos leves.
Fonte e ilustração
G1.com.br

domingo, 6 de abril de 2008

Lord Amplificador

O Lord Amplificador surgiu da necessidade que Pombal tinha de um meio de comunicação, após a desativação da "Voz da Cidade" em 1967.

Em fevereiro de 1968, o comunicador Clemildo Brunet, instalou no centro da cidade, o Lord Amplificador, cujo nome LORD, no sentido figurado de "elegante" e do inglês "Senhor", que tinha como slogan: O Som Direcional da Comunicação e o mais perfeito serviço de alto falante, foi instalado inicialmente na Rua João Capuxú (rua estreita) passando depois a funcionar no Box 48 ao lado sul do Mercado Publico.

Era o único veículo de comunicação com o público na época. Em pontos estratégicos foram fixados os chamados projetores de som (cornêtas) de 20 polegadas. Com a Exigencia da empresa concessionária de energia elétrica de nossa cidade que determinou a retirada dos alto falantes da postiação, o Prefeito de então, Dr. Atencio Bezerra Wanderley, atendendo solicitação do Dr. Francisco Nelson da Nóbrega promotor Público aposentado, permitiu a localização dos citados projetores de som nos prédios públicos do Município, a começar pelo Mercado Público, direcionado a Rua João Pessoa, Açougue Público em direção ao Bairro da Estação Ferroviária, e no Bar Centenário direcionado as Praças José Ferreira de Queiroga e Getúlio Vargas. Por deferência do Sr. Severino Ugulino, foi instalado um desses projetores ao lado da Loja dos Pobres, direcionado a Rua Cel. José Fernandes(rua do rio).

Pouco tempo depois, o Lord Amplificador passou a oferecer uma nova modalidade de serviços ao seu público. Numa parceria com Genival Severo, também comunicador, Clemildo, trouxe o Lord Amplificador volante, que consistia em realizar propagandas e convites instalado em unidade móvel percorrendo as ruas da cidade.

Na desenvoltura de fazer jus ao nome que lhe fora dado pelo seu proprietário, o Lord Amplificador, participava de maneira imparcial das atividades, econômicas, sociais, políticas e religiosas de nossa terra. Mantinha em sua programação a semelhança das emissoras de rádio, Jornalismo, Futebol, Música e outros entretenimentos, sempre com a sua discoteca atualizada e foi uma verdadeira escola na formação de locutores, pois para adentrar ao seu quadro de comunicadores era necessário um rígido teste a fim de avaliar a capacidade dos pretensos candidatos a locutor. O quadro artístico formado pelo seu proprietário Clemildo Brunet e ainda Genival Severo, Orácio Bandeira, José Ribeiro (Funcionário do BNB), Cezario de Almeida(Professor da UFCG), Evilásio Junqueira(Tv Borborema), Evandro Junqueira(Magão),Ernesto Junqueira( de saudosa memória), João Costa(Portal-paraiba.com.br),Massilon Gonzaga(Professor UEPB). Grandes exemplos foram marcantes, para se ter uma idéia, uma das primeiras locutoras que se destacou pelo seu timbre de voz, dicção, e interpretação de textos, era chamada na intimidade de Zefinha e chegou a receber elogios do Prefeito de então, Hildo de Assis Arnaud.

O Lord Amplificador foi destaque na Copa do Mundo de 1970, realizada no México. Transmitiu o evento via sinal de rádio. Na Praça do Centenário a Prefeitura instalou um Televisor para o público assistir a cobertura da Copa. Pois bem, o povo via a imagem pela televisão, mas o áudio preferido era o do Lord Amplificador, pois abrangência do som atendia a demanda dos telespectadores.

È verdade que o Lord Amplificador se foi, mais aqui e acolá tudo que se relaciona ao público daquele tempo esse Serviço de Alto Falantes está presente. Às cinco horas da tarde era transmitido diariamente um Boletim Policial, um número considerável de pessoas se reunia em frente ao Mercado público, para saber as últimas novidades da Delegacia de Polícia. Anúncios do filme do dia era uma constante do Lord Amplificador.

Com o advento da Rádio Maringá AM e outras que chegaram logo depois,o Serviço de Alto Falantes Lord Amplificador emudeceu em 1985, deixando na história de Pombal um marco, como o mais perfeito Serviço de Alto Falantes daquele tempo.


Pombal, 10 de maio de 2007.

Clemildo Brunet - Radialista.

Millôr


Repassando...

Presa com homens.

TJ não irá investigar juíza do caso da menina do Pará

O Tribunal de Justiça do Pará decidiu, nesta quarta-feira (2/4), não instaurar Procedimento Administrativo Disciplinar contra a juíza Clarice Maria de Andrade da investigação sobre o caso da garota de 15 anos, que ficou presa na delegacia de Abaetetuba (PA), em novembro de 2007, com cerca de 20 homens durante um mês. Ela era a titular da 3ª Vara Criminal da comarca.

Durante um mês, a menina foi agredida e sofreu abusos sexuais. A denúncia partiu de uma pessoa que estava detida na mesma cela e que foi libertada.

Os desembargadores entenderam que não há motivos que fundamentam a instauração do procedimento já que a juíza não pode ser responsabilizada pela prisão. Para eles, a responsabilidade administrativa pela custódia do preso é do Estado.

Foram 15 votos a favor da juíza, sete contra e uma abstenção. Entre os que votaram pelo procedimento, o argumento foi de que se tratava de uma oportunidade para a própria juíza explicar sua participação no episódio.

O pedido de instauração de PAD foi feito pelo Conselho da Magistratura do estado. A Corregedoria do Interior, subordinada ao conselho, havia apurado o caso no final do ano passado. A correição gerou sindicância contra a magistrada, concluindo-se pelo seu suposto envolvimento no episódio. No entendimento do conselho, a juíza infringiu normas previstas na Lei Orgânica da Magistratura Nacional, no Código Judiciário do Estado do Pará e de Resolução do Conselho Nacional de Justiça.

Clarice defendeu-se dizendo que o delegado só informou que prendeu a adolescente no dia 7 de novembro, 17 após a prisão. No documento, a polícia pedia a transferência da adolescente, que estava em situação de risco, mas não relata que ela dividia celas com homens. No mesmo dia, segundo a defesa da juíza, Clarice despachou o pedido de autorização para a Corregedoria de Justiça do Interior. Mas ele só foi emitido dia 20 de novembro.

Outros servidores de Abaetetuba estão sendo investigados no mesmo caso. A CPI do Sistema Carcerário acusou a juíza de omissão no caso e de falsificar documentos para se eximir de culpa.

Votaram pela não instauração do procedimento os desembargadores Maria Helena Ferreira, Sônia Parente, Rosa Portugal, Eronides Primo, Vânia Fortes, Raimundo Holanda, Maria Rita Xavier, Brígida Gonçalves, Maria de Nazaré Gouveia, Ricardo Nunes, Marneide Merabet, Cláudio Montalvão, Maria do Carmo Araújo, Maria de Nazaqré Saavedra e Dahil Paraense.


Fonte: Revista Consultor Jurídico, 2 de abril de 2008

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Rio continua invadindo parte da cidade de Pombal

O rio Piancó continua aumentando o seu volume de água fazendo com que as familias ribeirinhas deixem, temporariamente, as suas moradias para se acomodarem nas partes mais altas da cidade.
O compor de bombeiros tem visitado com frequência as áreas alagadas orientando as famílias e inspecionando possiveis locais em risco de desabamento.
De acordo com as nossas medições, através de pluviômetro do blog, registramos de janeiro até o dia de hoje (02.04.08) 658mm de chuva na cidade de Pombal, índice muito superior a média esperada para o período.
A população que antes rogava a São José pela chuva, agora se agarra as orações pedindo moderações das águas.





























terça-feira, 1 de abril de 2008

A Cama da Baleia


Todos nós temos um rio em nossas vidas onde navegamos no nosso universo de emoções, em alguns planos desfeitos e outras reticências mais. Ora pairamos em nossa calmaria, aportamos em algum porto seguro ou nos deixamos levar em nossas ondas. Alguns desbravadores mais afoitos esmiúçam seus horizontes, buscam terras inabitadas, corações valentes que a vida os fez. Já outros, passam os anos remando num lago manso, enorme, interminável como os seus próprios propósitos.

É certo que também tenho os meus rios, um que habita o meu mais pueril imaginário e aquele outro onde, vez por outra, me denuncia, mergulhando em suas águas. Até já falei dele aqui dia desses e hoje me toma de novo aquela vontade de pular em suas águas em inexoráveis vérticos de saudades. Coisas da boa infância que a puberdade conservou e a maturidade cuida em depositar no nosso mais caro relicário. Nada mais que isso, embora esteja convencido de que, quando os ventos sopram em direção as recordações, águas passadas movem moinhos sim.

E lá vem de novo às reminiscências das traquinagens, as façanhas de moleque, as fugas para suas águas, o beliscar das piadas, o anzol do pescador dançando sobre as águas, a pedra de anil colorindo a limpeza das roupas nas mãos das lavadeiras e uma conta de rosário de recordações que se amolda na lembrança.

Entrementes, me importa agora lembrar de outro aspecto do meu rio. O rio Piancó. As suas cheias, as águas revoltas que, intrépidas, desvirginam suas barreiras num ronco de medo e beleza unidas num só instante, desabrigando a rua de baixo nas madrugadas, subindo a ladeira ao encontro do Grande Hotel num eito d’água de perder de vista.

É Coremas gritando em sangria, chorando as águas do velho Piancó. Foi assim em 1977 e se repete em 2008. Os caminhões, dispostos em fila, recebem as mudanças dos moradores ribeirinhos, em especial os residentes da rua por detrás do açougue, mais conhecida como “rua preta” bem como as famílias da rua de baixo.

Do último caminhão que vi partir, de longe se notava o rol de sua bagagem: uma cama e colchão, dois potes de barro, um abano de palha, quatro lamparinas de pavio, um oratório quebrado com meia dúzia de velas, um rádio ABC, uma fotografia do Flamengo, um quadro da Santa Ceia, uma mesinha, duas cadeiras de balanço e uma preguiçosa, um balaio de palha surrado com um cinturão de couro dentro, duas ancoretas vazias, um cabresto de jumento e um pilão de cumaru encostado. Isso era todo o mobiliário que compunha aquela arribação a deixar a rua de baixo em março de 1977. A cachorra traíra ia amarrada na grade de madeira do caminhão. D. Severina e os dois filhos Tião e Netinho se acotovelavam na boleia.

A beleza do rio contrastava com a cena da breve despedida daquela gente.

Ainda criança, não conhecia o mar. Do alto dos meus nove anos o oceano tinha a vastidão daquelas águas. Para mim, tinha a exata dimensão do meu rio, assim como mensurava os versos do poeta Fernando Pessoa: “É mais livre e maior o rio da minha aldeia.” Só muito depois pude entender o sentido de suas palavras. Somente hoje posso compreender o eco do Piancó como um grito da mais pura expressão de liberdade.

Um outro evento que me chamava muito a atenção nas cheias de Coremas: É que circulava entre os garotos da época a lenda urbana de que, arrombando o “Estevam Marinho”, a baleia que habita suas águas haveria de tomar como leito a nave principal da nossa Igreja do Rosário. Aquilo me consumia os nervos só de imaginar tamanha fatalidade.

E hoje que o rio novamente acorda, grita subindo as suas águas, desabrigando e inundando parte da cidade baixa, me pergunto se já não é hora de ver de novo como anda a cama da baleia disposta na nossa velha e querida Igreja do Rosário.



Rio Piancó invade a parte baixa de Pombal