segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Convicções

A tirar pelo noticiário recente, atitudes pessoais têm produzido fatos que fazem pensar. Nos Estados Unidos, rajadas mortíferas deixaram o mundo perplexo. Um homem, movido por motivos ainda desconhecidos, se valeu da liberdade de comprar e portar armas de fogo, garantida na constituição do país, para atirar covardemente contra uma multidão que se divertia. O direito do cidadão de se defender na base do tiro surgiu nos tempos das diligências mas continua em vigor diante das vitrines repletas de armas de grande impacto. Soube que lá acontece um tiroteio a cada dia.

Na Coréia do Norte, um homem baixo e parrudo faz questão de mostrar ao mundo que dispõe de foguetes de médio e longo alcance recheados com bombas de alta potência. Sempre sorridente e rodeado por subordinados, ele parece se mover com total convicção, em desacato às leis internacionais que garantem o monopólio do poder de destruição em massa nas mãos de pouquíssimos. Não é fácil imaginar o que ele fará adiante.

Do outro lado do Atlântico, milhares de catalães, movidos por razões antigas, querem separar a Catalunha do restante da Espanha. Fotos mostram um plebiscito sendo realizado por pessoas alegres e entusiasmadas, inteiramente convictas do que pretendem conseguir pacificamente. Mostram também que a repressão policial, em nome da lei maior do país, foi contundente: a brutalidade contra participantes de todas as idades enfraquece a argumentação do governo central em favor da unidade espanhola. Convictas, as lideranças do movimento separatista querem mediação internacional para o conflito instaurado. Duvido que os catalães consigam viver como gostariam.

Por aqui, aconteceu um fato auspicioso: um cidadão convicto ganhou na justiça o direito de não pagar pedágio na BR 101. Imagino que ele tenha decidido não mais aceitar passivamente a prepotência da empresa concessionária e a inapetência do poder público em zelar pelos direitos dos usuários da rodovia. Tomara que sirva de inspiração para quem esteja cansado de se sentir otário diante da cancela...

Vitória, 04 de outubro de 2017
Àlvaro Abreu
Escrita para A GAZETA

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